Hoje já se pode afirmar que quem vive no Brasil é um herói, um idiota ou um herói idiota.
A revista em quadrinhos editada no passado chamava para esse tipo de vida brasileira, vida apertada. Vive-se ou se se consegue viver ou sobreviver no Brasil nessa vida apertada uma grande maioria do povo, não porque queira, mas por não ter outra opção; aqueles que têm outra opção não usam por idiotice ou por mero prazer de sofrer, puro sadismo.
O triste dessas verdades é que fomos nós mesmos, os brasileiros, os principais responsáveis por esse tipo de vida apertada, perigosa e doentia. Perigosa porque não se sabe se ao sair de casa para trabalhar, para fazer compras ou se divertir perde-se a vida para qualquer criminosos entre os milhares que habitam as ruas sob a vista de uma polícia mal equipada, e por isso impotente para proteger; sob a vista de uma justiça ineficiente, e de governos que não governam, e de uma mídia que tudo assiste e faz de contas que nada vê, ocupada em dar continuidade ao seu principal e único objetivo egoísta de lucrar com a decrepitude de uma Nação que perdeu o rumo, a moral e a razão de ser e estar.
Nesse Brasil que nós brasileiros permitimos a sua destruição elegendo políticos e governantes incompetentes e desonestos desde longa data, a pobreza jorra de forma hereditária, natural e geometricamente, nasce de uma raiz econômica e política doente, o que impossibilita que o pobre se liberte da pobreza, e, quando tem a sorte de se libertar para se transformar num assalariado, num micro empresário, num pequeno empresário, num médio ou grande empresário, logo se vê acorrentado por um Estado devorador de seus salários e ganhos através impostos e taxas absurdas de toda a natureza. Nesse cenário absurdo e estúpido quem mais sofre são os pobres. Mas, como assim, se eles vivem em precárias condições e com dinheiro apenas para sua sobrevivência? Acontece que os alimentos e produtos que compram para suas necessidades todos eles têm seus preços recheados de impostos, o que significa dizer que são os pobres que pagam proporcionalmente os maiores impostos. Essa verdade mostra o quanto os políticos que se alimentam da ignorância dos pobres são bandidos e desonestos. A monstruosidade do Estado não para aí. O Estado devora 4 meses, no mínimo, do salário dos trabalhadores e da classe média, e muito mais se considerarmos os impostos que paga na compra de produtos e alimentos para sua necessidade. O massacre do Estado continua em grande escala sobre os micros, pequenas, médias e grandes empresas. O ataque começa a mostrar suas garras no abrir e fechar um negócio ou uma empresa. Para abrir exigisse um montão de documentos e pagamentos de emolumentos, e para fechar, nunca se consegue, pois, o Estado nunca concede a liberdade do seu escravo. A carga tributária sobre os negócios chega a 70%, ferocidade a que se soma a política trabalhista que tem como finalidade principal a paralização dos negócios privados e a apropriação do patrimônio da empresa e de seus titulares que é distribuído entre advogados e trabalhadores bandidos.
Quem se achar prejudicado ou roubado nesse cenário brasileiro infernal e procura a justiça vai se defrontar com uma estrutura viciada corporativa inoperante que destrói a vida das pessoas lentamente, dia-a-dia, mês-a-mês, ano-a-ano até sua morte, antes primeiro, causa o empobrecimento do reclamante. A justiça brasileira existe apenas no papel. Para o brasileiro ela representa apenas mais um custo oneroso que sustenta milhares de juízes, funcionários públicos, advogados, rendimentos garantidos pelo trabalho dos pobres, dos assalariados e das empresas; uma estrutura ineficiente enorme criada para explorar quem trabalha e produz. No meio dessas sanguessugas, estão os professores de ensino público, a burocracia, os servidores que são utilizados pelos sindicatos vampíricos mercantilistas para sugar ainda mais os brasileiros que trabalham e geram renda e impostos.
Para viver no Brasil é preciso estar consciente que o país é uma espécie de fortaleza construída e dominada por classes privilegiadas, por políticos podres, por sindicatos chantagistas, por uma burocracia cara e ineficiente, pelo tráfico de drogas, por instituições carcomidas pelo comunismo e por vadios que se mantém à custa do Estado. O Brasil se transformou num país de ladrões. Roubasse no varejo e no atacado.
A sociedade é uma herança compartilhada em nome da qual aprendemos a circunscrever as nossas demandas, a ver nosso lugar nas coisas como parte de uma corrente contínua de doações e recebimentos, a reconhecer que as coisas extraordinárias que herdamos não são nossas para destruirmos. Há uma genealogia de deveres que nos vincula àqueles que nos deram o que temos; e nossa preocupação com o futuro é uma extensão dessa linhagem. Levamos em conta o futuro da comunidade não em virtude de cálculos fictícios de custo-benefício, mas, de maneira mais concreta, por nos vermos como herdeiros dos benefícios que retransmitiremos. Precisamos pôr para correr urgentemente quem está destruindo essa herança.
Edmund Burke
A sociedade, para Burke, depende das relações de afeto e lealdade que só podem ser construídas de baixo para cima, por uma interação face a face. É assim na família, nos clubes locais e nas associações, na escola, nos locais de trabalho, na igreja, na equipe esportiva, nos regimentos e na universidade em que as pessoas aprendem a interagir como seres livres, assumindo a responsabilidade por seus atos e levando em consideração o próximo. Quando uma sociedade é organizada de modo hierarquicamente descendente, tanto por um governo centralizado de uma ditadura revolucionária quanto por decretos impessoais de uma burocracia impenetrável, em seguida a responsabilidade rapidamente desaparece da ordem política e também da sociedade. Governos centralizados produzem indivíduos irresponsáveis, e o confisco da sociedade civil pelo Estado leva a uma recusa generalizada dos cidadãos de agirem por vontade própria.
Vou terminar este artigo com um trecho do verso declamado pelo saudoso Paulo Gracindo no extraordinário show Brasileiro Profissão Esperança, que também contou com a grande e saudosa cantora Clara Nunes, trecho que serve para expressar a minha indignação, e acredito da maioria do povo brasileiro, de tudo que está acontecendo de ruim no Brasil, um caminho que não quero ir nunca, que é o caminho da desesperança e da desgraça.
“Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: vem por aqui!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí! ”
Armando Soares – economista
e-mail: armandoteixeirasoares@gmail.com