quinta-feira, 13 de outubro de 2016

França: A Bomba-Relógio da Islamização

  • O último grupo, definido como "Ultras", representa 28% dos entrevistados caracterizados como os de perfil mais autoritário. Eles afirmam preferir viver longe dos valores republicanos. Para eles, os valores islâmicos e a lei islâmica, ou seja, a sharia vem em primeiro lugar, antes mesmo da lei consuetudinária da República. Eles aprovam a poligamia e o uso da niqabe e da burca.
  • "Estes 28% abraçam o Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo" de acordo com Hamid el Karoui durante uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche.
  • Mais importante ainda é que estes 28% se encontram predominantemente entre os jovens (50% estão abaixo dos 25 anos de idade). Em outras palavras, um em cada dois jovens franceses muçulmanos é um salafista do tipo mais radical, ainda que não esteja filiado a uma mesquita.
  • É inacreditável que as únicas ferramentas a nossa disposição são as inadequadas pesquisas de opinião. Sem conhecimento, nenhuma ação política — ou qualquer outra ação — será possível. É uma situação que beneficia, incomensuravelmente, os agressivos políticos islamistas.
  • Cegueira deliberada é a mãe da guerra civil que está por vir − a não ser que o povo francês opte por sucumbir ao Islã sem esboçar nenhuma reação.
Recentemente foram publicados na França dois estudos importantes sobre os muçulmanos franceses. O primeiro, com o título otimista: "É Possível um Islã Francês", foi publicado sob os auspícios do Institut Montaigne, um instituto francês, independente, interdisciplinar de estudos francês.
O segundo estudo, intitulado: "Trabalho, Empresa e Questão Religiosa", é a quarta análise conjunta que ocorre anualmente entre o Randstad Institute (uma empresa de recrutamento) e o Observatório da Experiência Religiosa no Trabalho Observatoire du fait religieux en entreprise, OFRE), uma empresa de pesquisa.
Os dois estudos preenchem uma enorme lacuna na esfera da demografia religiosa e étnica e foram amplamente divulgados na mídia. A França é um país que conta com bons demógrafos, estudiosos, professores e institutos de pesquisa, contudo, a coleta de dados oficiais ou estatísticas com base na raça, origem ou religião é proibida por lei.
A população da França é de 66,6 milhões de habitantes, de acordo com um relatório datado de 1º de janeiro de 2016 do Instituto Nacional de Estatística (Insee). No entanto, os questionários do censo proíbem qualquer pergunta sobre raça, origem ou religião. De modo que na França é impossível saber quantos muçulmanos, negros, brancos, católicos, árabes, judeus, etc. vivem no país.
A proibição está calcada em um antigo e saudável princípio que tem como objetivo evitar qualquer tipo de discriminação em um país onde a "assimilação" é o preceito. A assimilação, no estilo francês, significa que qualquer estrangeiro que queira viver no país deve seguir o código comportamental da população local e casar com um autóctone o mais rápido possível. Este modelo de assimilação funcionou perfeitamente para os descendentes de espanhóis, portugueses ou poloneses. Mas com os árabes e muçulmanos, não.
Agora, no entanto, apesar de todas as boas intenções, o preceito que proíbe a coleta de dados que possa levar à discriminação, se tornou um problema de segurança nacional.
Quando um grupo de pessoas, sem papas na língua, que agem com base na religião ou etnia, começam a combater de forma violenta os fundamentos da sociedade em que você vive, é necessário − na realidade urgente - saber que religiões e etnias são essas e quantas pessoas elas representam.
Consequentemente os dois estudos em questão não se baseiam em dados do censo e sim em pesquisas de opinião. O estudo realizado pelo Institut Montaigne, por exemplo, assinala que os muçulmanos representam 5,6% da população metropolitana da França, mais precisamente 3 milhões. No entanto, Michèle Tribalat, demógrafa, especializada em problemas de imigração, realçou que a marca dos 5 milhões já tinha sido ultrapassada por volta de 2014. O Pew Research Center estima que em meados de 2010 a população muçulmana da França era de 4,7 milhões. Outros estudiosos, como Azouz Begag, ex-ministro da igualdade (deixou o governo em 2007) estima que o número de muçulmanos na França gira em torno de 15 milhões.

Estudo do Institut Montaigne: A Secessão dos Muçulmanos Franceses

O estudo realizado pelo Institut Montaigne, divulgado em 18 de setembro, baseia-se em uma pesquisa conduzida pelo Ifop (Instituto Francês de Opinião Pública), que entrevistou 1.029 muçulmanos. O autor do estudo é o consultor Hakim el Karoui, ex-assessor do então primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin (de 2002 a 2005).
Foram destacados três principais perfis muçulmanos:
No topo encontra-se o assim chamado perfil "secular" (46%). Os indivíduos que se encaixam neste perfil afirmaram ser "totalmente seculares, mesmo quando a religião ocupa um lugar importante em suas vidas". Embora afirmem serem seculares, muitos pertencem ao grupo que é a favor do uso da hijab por todas as mulheres muçulmanas (58% dos homens e 70% das mulheres). Eles também se sobrepõem ao grupo (60%) que apoia o uso da hijab na escola, embora a hijab esteja proibida nas escolas desde 2004. Muitos destes "seculares" tambémpertencem a 70% dos muçulmanos que "sempre" consomem carne halal (somente 6% nunca a consomem). De acordo com o estudo, usar a hijab e comer somente carne halal são considerados, pelos próprios muçulmanos, "traços" significativos da identidade muçulmana.
O segundo grupo de muçulmanos, "Grupo Orgulho Islâmico", representa um quarto (25%) dos aproximadamente 1.000 entrevistados. Eles se definem acima de tudo como muçulmanos e reivindicam o direito de praticar sua religião (reduzida principalmente à hijab e alimentos halal) em público. No entanto, eles rejeitam a niqabe e a poligamia. Eles dizem respeitar o secularismo e as leis da República, mas a maioria diz não aceitar a proibição da hijab nas escolas.
O último grupo, definido como "Ultras", representa 28% dos entrevistados caracterizados como os de perfil mais autoritário. Eles afirmam preferir viver longe dos valores republicanos. Para eles, os valores islâmicos e a lei islâmica, ou seja, a sharia, vem em primeiro lugar, antes mesmo da lei consuetudinária da República. Eles aprovam a poligamia e o uso da niqabe e da burca.
"Estes 28% abraçam o Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo" de acordo com Hamid el Karoui durante uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche.

Hamid el Karoui, falando sobre as opiniões dos muçulmanos franceses em uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche ressaltou: "estes 28% aderem ao Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo."

Mais importante ainda é que estes 28% se encontram predominantemente entre os jovens (50% estão abaixo dos 25 anos de idade). Em outras palavras, um em cada dois jovens franceses muçulmanos é um salafista do tipo mais radical, ainda que não esteja filiado a uma mesquita.
A pergunta é: quantos eles serão em cinco anos, dez anos, vinte anos? É importante perguntar porque as pesquisas sempre apontam para um determinado momento, o momento congelado de uma situação. Quando podemos observar que as restrições do véu e dos alimentos halal são impostas a toda a família pelos "big brothers", temos que nos conscientizar que há um processo em andamento, um processo de separação devido à re-islamização de toda a comunidade muçulmana pelos jovens.
A jornalista e autora Elisabeth Schemla assinalou no Le Figaro:
para que se possa entender o significado da re-islamização é necessário que haja uma definição do islamismo. A definição mais precisa é dada por um de seus defensores mais fervorosos, o Conselheiro de Estado Thierry Tuot, um dos três juízes escolhidos neste verão para determinar a proibição ou não do uso do burquíni na praia (...). O islamismo, salienta ele, é a "declaração pública de um comportamento social apresentado como uma exigência divina que invade o cenário público e político." Em face desta definição, o relatório de Al Karoui mostra que o islamismo está inexoravelmente se espalhando.

O Islã em Atividade, o Islamismo em Movimento

Esta bomba-relógio está andando silenciosamente... funcionando.
Uma pesquisa de opinião, conduzida entre os meses de abril e junho de 2016 pelo Randstad Institute e pelo Observatory of the Religious Experience at Work (OFRE) Observatório da Experiência Religiosa no Trabalho, que entrevistou 1.405 executivos de diferentes empresas, revelou que de cada três executivos dois (65%) responderam que o "comportamento religioso" é uma manifestação normal no local de trabalho − um salto de 50% se comparado com 2015.
O professor Lyonel Honoré, diretor da OFRE e autor do estudo, reconhece de maneira discreta que "em 95% dos casos", o "comportamento religioso no trabalho está relacionado aos muçulmanos".
Para que se possa entender melhor a importância deste "Islã visível" presente nos escritórios e fábricas francesas nos dias de hoje, temos que levar em conta que, tradicionalmente, o local de trabalho era considerado espaço neutro. A lei não proíbe nenhum tipo de manifestação religiosa ou política no local de trabalho, mas segundo a praxe, tanto empregados quanto empregadores consideravam fundamental a discrição de todos no exercício de sua liberdade religiosa.
O estudo do Ranstad de 2016 mostra que a tradição acabou. Símbolos religiosos proliferam no local de trabalho e 95% dos símbolos visíveis são islâmicos. Expressões explícitas e símbolos do cristianismo e do judaísmo também estão presentes no local de trabalho, sem dúvida, mas são insignificantes se comparados com os do Islã.
O levantamento leva em consideração dois tipos de manifestações das convicções religiosas:
  1. Práticas pessoais, como por exemplo: direito de faltar ao trabalho nos feriados religiosos, horários de trabalho flexíveis, direito de rezar durante os intervalos do trabalho e direito de usar símbolos religiosos.
  2. Distúrbios durante o horário de trabalho ou quebra das normas, como a recusa dos homens de trabalharem com uma mulher ou obedecer ordens de uma executiva, recusa de trabalhar com pessoas que não são da mesma religião, recusa de executar tarefas específicas e proselitismo durante o horário de trabalho.
"Em 2016", segundo o estudo, "o uso de símbolos religiosos (hijab) se transformou na expressão máxima da fé religiosa (21% dos casos, comparado com 17% em 2015 e 10% em 2014). Pedidos para se ausentar do trabalho por conta de feriados religiosos (18%) continua estável mas já ocupa o segundo lugar."
No item "perturbações no trabalho", este estudo politicamente correto observa que os conflitos entre empregados e empregadores por motivos religiosos são poucos: um "evento minoritário", "apenas" 9% dos distúrbios religiosos ocorridos em 2016. Mas apesar disso o número de conflitos aumentou cerca de 50%, se comparado aos 6% em 2015. Os conflitos também triplicaram desde 2014 (3%) e quase quintuplicaram desde 2013 (2%).
Eric Manca, advogado do escritório de advocacia August & Debouzy, especializado em legislação trabalhista, que participava de uma entrevista coletiva, assinalou que quando um conflito é em sua essência religioso e se transforma em litígio, "é invariavelmente um problema relacionado ao Islã. Cristãos e judeus nunca recorrem ao tribunal contra o seu empregador por motivos religiosos". Quando islamistas processam seus empregadores, a jurisprudência mostra que a acusação sempre se baseia em "racismo" e "discriminação" − acusações que, acima de tudo, só podem fazer com os empregadores lamentem tê-los contratado.
As raízes dos conflitos apresentados a seguir englobam o proselitismo (6%) e a recusa de executar tarefas (6%) — por exemplo: recusa do entregador entregar bebidas alcoólicas aos clientes, recusa de trabalhar com uma mulher ou sob a direção de uma mulher (5%) e solicitar trabalhar somente com muçulmanos (1%). Casos como os acima citados concentram-se em setores empresariais "como fornecedores de auto-peças, construção civil, tratamento de resíduos, supermercados... e estão localizados nas periferias das grandes cidades".

Conclusões

O modelo francês de assimilação está acabado. Conforme demonstrado, funciona para todos, menos para os muçulmanos franceses e, ao que tudo indica, as escolas públicas não têm mais condições de transmitir os valores republicanos, especialmente aos jovens muçulmanos. De acordo com Hakim el Karoui:
"Os muçulmanos franceses estão vivendo no olho do furacão com diversas crises ao mesmo tempo. A Síria, como não podia deixar de ser, é a que abala o espírito. Mas também a transformação das sociedades árabes, nas quais as mulheres estão assumindo um novo lugar: o número de estudantes do sexo feminino já ultrapassa o do sexo masculino, as meninas estão recebendo mais educação do que seus pais. A religião, em sua versão autoritária, é uma arma reacionária contra o processo de desenvolvimento. E finalmente, há a crise social: no caso dos muçulmanos, em que dois terços dos trabalhadores e empregados são menores de idade, são as primeiras vítimas da desindustrialização".
A islamização está se expandindo por todos os lados. Nos centros urbanos a maioria das mulheres árabes usa véu e nos bairros mais afastados, as burcas e os nicabes são cada vez mais comuns. No local de trabalho, onde o comportamento não religioso era normalmente a regra, os encarregados tentam aprender a lidar com as exigências islâmicas. Em grandes corporações, como a Orange (telecom), um "diretor de diversidade" foi encarregado de gerir as exigências e os conflitos. Nas pequenas empresas, os encarregados estão desnorteados. Conflitos e litígios estão se multiplicando.
O silêncio dos políticos. Apesar da ampla cobertura da mídia em relação a esses dois estudos, um impressionante silêncio foi a única coisa que se ouviu por parte dos políticos. Isto é muito preocupante, uma vez que também fazia parte do estudo realizado pelo Institut Montaigne algumas propostas para a edificação do "Islã da França", como por exemplo pôr um fim ao financiamento estrangeiro de mesquitas e a formação local de líderes civis e religiosos. Outras ideias, como lecionar árabe em escolas seculares "para evitar que os pais mandem seus filhos para escolas islâmicas" é muito estranho, porque isso iria perpetuar a estratégia fracassada de integrar o islamismo através das instituições. Jovens franceses muçulmanos, mesmo aqueles que nasceram na França, têm dificuldade em falar e escrever francês adequadamente. É por isso que eles precisam, antes da mais nada, falar e escrever francês corretamente.
Os dois estudos, embora sejam apenas um começo, são incrivelmente insatisfatórios. Políticos, jornalistas e todo cidadão precisa saber mais sobre o Islã, seus princípios e seus objetivos no país. É inacreditável que as únicas ferramentas a nossa disposição são as inadequadas pesquisas de opinião. Sem conhecimento, nenhuma ação política — ou qualquer outra ação — será possível. É uma situação que beneficia incomensuravelmente os agressivos políticos islamistas.
Sem mais conhecimento, a negação da islamização e a imobilidade em abordá-la fará com que ela avance. Cegueira deliberada é a mãe da guerra civil que está por vir − a não ser que o povo e os políticos optem por sucumbir ao Islã sem esboçar nenhuma reação.
Yves Mamou, radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

ACREDITE: É BOM PENSAR NA VELHICE ENQUANTO VOCÊ AINDA É JOVEM




Não somos preparados para a morte. Aqui por essas bandas ocidentais, morrer parece não fazer sentido, embora seja a única certeza que de fato se tenha em vida. A ideia de ter a existência findada aqui na Terra causa terror e parece especialmente desnecessária quando — espera-se — ainda se está a tantos anos de seu atingimento.
Se a morte é um mau agouro ao qual não vale a pena dedicar energia, que dirá a fase moribunda que a precede. A velhice é o cessar do viço, a reta final do naufrágio, a certeza de que não mais existe tempo para nada que não a queda livre. É a hora da despedida, a sentença do fracasso, o silêncio humilhado que precede o silêncio eterno. Será?
Nosso despreparo começa na crença de que a velhice é uma doença que pega os outros, mas jamais a nós. Quando questões pragmáticas como previdência, assento preferencial e terapia ocupacional são tão longínquas, ignorá-las parece o mais natural a se fazer. Só que a velhice em si não é doença. Doença mesmo é a negação de que ela virá. A maior moléstia que uma sociedade pode carregar é a incompreensão da biologia própria, o não reconhecimento dos abrires e fechares de seu singular ciclo de vida.
De maneira bastante infantil e em clara tentativa de negar a morte, vinculamos o sucesso à imagem e a imagem à produção. Caras esticadas e retalhadas por bisturis contam a história de um povo que vive de negar a sua história. Sobre o assunto, Julia Roberts, que não é nada adepta da “desvaidade”, mas busca ser prática em suas análises, disse: “Eu quero que meus filhos identifiquem quando estou irritada, quando estou feliz e quando estou confusa. Seu rosto conta uma história… E não pode ser a história sobre você dirigindo rumo ao consultório médico”. Temos contado mais sobre a destreza de nossos médicos do que sobre nós?
Estar em paz com o compasso dos anos significa estar em paz com presente e passado. Envelhecer é, antes de tudo, aprender a fazer escambo consigo: vai-se a energia, vem a paciência; vai-se a beleza, vem a maturidade; vai-se o destemor, vem a prudência; vai-se o riso fácil, vem a tolerância. O que vai embora é o que há de menos sofisticado, mas o que se conquista é espelho do árduo trabalho de autoconstrução. Se não pelo tempo, de onde mais viriam nossos predicativos mais refinados?
Lidar com a velhice é hábito que se constrói desde cedo. Nadando contra a maré ocidental, é preciso fazer esforço para se compreender sua fatalidade e sobretudo naturalidade, afinal “somente os idiotas se lamentam em envelhecer” (Cícero).

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

França: O Que Está Por Trás da "Proibição do Burquíni"

  • Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.
  • Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.
  • A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico. Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.
  • Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas parece que esqueceram os direitos humanos das mulheres que não usam o véu -- daqueles que sofrem com a islamização, que já não estão livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.
  • Os políticos se recusam a "estigmatizar" o Islã e não querem ver as consequências: assédio, estupros, desmantelamento da liberdade.
  • Os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico". Praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.
  • Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?
Na cidade de Sisco na Córsega, em 13 de agosto um grupo muçulmano chegou a uma praia acompanhado de mulheres usando "burquínis" (trajes de banho que cobrem todo o corpo). Os muçulmanos pediram grosseiramente aos banhistas que lá se encontravam que saíssem da praia e ainda afixaram cartazes com os dizeres: "Entrada Proibida". Assim que alguns adolescentes se opuseram, os muçulmanos reagiram com um arpão e tacos de beisebol. A polícia interveio -- mas isso era apenas o começo.
Nos dias que se seguiram, nas praias ao redor da França, muçulmanos foram aparecendo acompanhados de mulheres usando burquínis, pedindo aos banhistas para saírem das praias. Os turistas arrumaram seus pertences e fugiram. Inúmeros prefeitos dos resorts à beira-mar resolveram proibir o traje de banho, foi assim que começou o escândalo da "proibição do burquíni".
Alguns políticos salientaram que proibir o burquíni "estigmatizava" os muçulmanos e violava os "direitos humanos" deles de usarem o que bem entendessem. Outros políticos, incluindo o primeiro-ministro Manuel Valls e o ex-presidente Nicolas Sarkozy, classificaram o burquíni como "provocação", pedindo a elaboração de uma lei proibindo seu uso. O Conselho de Estado, a mais alta instituição jurídica do país, proferiu que a proibição do burquíni era ilegal, assim sendo a proibição foi suspensa.
O importante aqui é explicar o que está por trás da "proibição do burquíni".
Há trinta anos o Islã já estava presente na França mas as exigências islâmicas eram, a grosso modo, ausentes e os véus islâmicos eram raros.
Em setembro de 1989, em um subúrbio ao norte de Paris, três estudantes do sexo femininoresolveram participar das aulas do ensino médio com as cabeças cobertas com véu. Quando o reitor da escola se negou a aceitar a prática, os pais, com o apoio das recém formadas associações muçulmanas, entraram com uma representação contra a medida. Os pais venceram.
De repente os véus se multiplicaram nas escolas de ensino médio e também nas ruas, logo sendo substituídos por longos véus pretos. Associações muçulmanas exigiram o "fim da discriminação", pleitearam comida halal nas cantinas das escolas e reclamaram contra o "conteúdo islamofóbico" nos livros de história. Mulheres que não usavam o véu nos bairros muçulmanos eram atacadas ou estupradas.
Depois que o governo francês criou uma Comissão de inquérito, foi aprovada em 2003 uma lei proibindo "símbolos religiosos nas escolas públicas". Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", cruzes e quipás judaicas também foram banidas, além do véu islâmico.
Fora das escolas, véus pretos continuam a proliferar, nicabes e burcas que também cobrem o rosto começaram a aparecer e as exigências das organizações muçulmanas aumentaram.
De repente, menus halal começaram a aparecer nas cantinas das escolas. Estudantes muçulmanos começaram a comer em mesas separadas e se recusaram a sentar ao lado de não muçulmanos. Livros didáticos de história foram reescritos para mostrar um ângulo mais positivo do Islã. Em escolas de ensino médio onde também havia estudantes muçulmanos, os professores pararam de lecionar determinados tópicos, como por exemplo o Holocausto. Em bairros muçulmanos, ataques a mulheres sem véu são constantes. Em um subúrbio de Paris, uma menina muçulmana sem véu foi queimada viva. Bairros muçulmanos se transformaram em "zonas proibidas".
O governo francês criou uma nova Comissão de inquérito. Em 2011, oito anos após a promulgação da lei que proíbe símbolos religiosos nas escolas, uma nova lei foi aprovada: passou a ser ilegal usar vestimentas que cobrem o rosto em lugares públicos. Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", a lei não mencionou a burca nem a nicabe pelo nome.
Desde então, véus pretos proliferaram ainda mais, e as nicabes que cobrem o rosto, apesar da proibição, não desapareceram. Menus Halal estão presentes em praticamente todas as escolas, os estudantes que não comem comida halal são assediados. Livros de históriaexaltam a civilização islâmica e na maioria das escolas, está subentendido que é proibido falar sobre o Holocausto ou mencionar o judaísmo. Em bairros muçulmanos, cada vez menos mulheres saem sem o véu e regiões muçulmanas se transformaram em "zonas da sharia".
Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.
A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico da República. Hoje, ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente. O ato de cobrir a cabeça parece ser uma forma de demarcar território, uma maneira de estabelecer a visibilidade do Islã.
O desejo, no sentido mais amplo da palavra, utilizado pelos extremistas muçulmanos parece ser o de usar a visibilidade do Islã para impor uma visão de mundo islâmica em domínios cada vez mais extensos.
A influência do Islã já ultrapassou a fase da transformação de cantinas nas escolas, salas de aula e bairros. Seus efeitos estão na mídia, na cultura, em todos os lugares. É mais difícil ainda, isso para não dizer perigoso, publicar qualquer coisa que questione o Islã. O assassinato dos cartunistas na redação da revista Charlie Hebdo mostrou que a "blasfêmia" pode levar a uma morte violenta.
O cotidiano já não é mais o mesmo. Muitas mulheres não saem de casa sozinhas à noite, os judeus sabem que eles estão sendo vigiados.
Quando os véus islâmicos apareceram pela primeira vez, a classe política francesa não se manifestou -- para não, segundo ela, "estigmatizar" o Islã. Os políticos permanecem cegos quando se trata da estigmatização das mulheres que não cobrem a cabeça. Eles se recusam a ver o assédio, os ataques sexuais, o desmantelamento da liberdade.
A classe política francesa que afirmou que o burquíni é uma provocação estava certa. As mulheres que se encontravam na praia na Córsega estavam acompanhadas de homens armados com um arpão e tacos de beisebol -- o encontro não aconteceu por acaso. A chegada repentina de outras mulheres com vestimentas islâmicas de cima até em baixo ou de burquínis em outras praias parece ter sido algo planejado com antecedência. Homens com câmeras estavam presentes, esperando, e os lugares são conhecidos por serem monitorados pela polícia.
Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas eles parecem ter esquecido os direitos humanos das mulheres que não usam véu. Eles não estão preocupados com os direitos humanos daqueles que sofrem com a islamização, que já não são livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.
Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos declararam uma guerra multifacetada na França. Alguns usam a violência para criar medo, outros usam meios menos violentos para criar medo. O objetivo é o mesmo: extremistas muçulmanos já transformaram a França, em grande medida, e eles querem ainda mais.
Eles sabem o que os políticos franceses fazem questão de não saber: que o Islã é não somente uma religião e sim um estilo de vida em sua plenitude, uma doutrina de conquista de um e submissão de outro.
Os extremistas muçulmanos nem tentam esconder o que estão fazendo. Em seu livro Priorities of the Islamic Movement in the Coming Phase, Yusuf al-Qaradawi, presidente da União Internacional de Sábios Muçulmanos e líder espiritual da União das Organizações da França (UOIF), principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.

Yusuf al-Qaradawi (à esquerda), líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicando que os muçulmanos no Ocidente podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas. Direita: extremistas muçulmanos na França estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

Os islamistas na França usam a estratégia de Qaradawi. E dá certo.
Eles não irão parar. Por que deveriam? Ninguém os está pressionando.
Parece que eles acreditam que o futuro lhes pertence. A Taxa de Natalidade também lhes dá esperança. A transformação da França mostra que eles estão certos.
Eles sabem muito bem que a população muçulmana está crescendo, que a maioria dos muçulmanos franceses com trinta anos ou menos se considera antes de mais nada muçulmana e que quer uma França islâmica.
Eles estão vendo que praticamente nenhum político francês, nem mesmo os mais corajosos, se atreve a dizer que o Islã cria problemas e que os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico".
Eles estão vendo que praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.
E eles também veem que a população francesa não muçulmana está cada vez maispessimista em relação ao futuro do país.
As pesquisas de opinião mostram que os não muçulmanos irão votar na candidata populista de "direita" nas eleições presidenciais de 2017. As pesquisas também mostram que os não muçulmanos na França, independentemente de quem seja o vencedor, não esperam grandes melhorias.
Após cada atentado na França, o rancor dos não muçulmanos contra os muçulmanos envenena o clima. Mas, de maneira geral, os não muçulmanos são mais velhos do que os muçulmanos e décadas de correção política tiveram uma consequência. Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?
Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa