Há sete anos, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, teve de renunciar à presidência do Senado, mas conseguiu manter seu mandato. Havia ainda voto secreto, e ele conseguiu se safar. Não conseguiu explicar antes e não conseguiria explicar agora, se tentasse, o imbróglio mantido, então, com a Mendes Junior, que pagava uma pensão à jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha sua. Renan apresentou, então, alguns comprovantes de uma suposta renda que teria para arcar com aqueles desembolsos, mas os documentos foram considerados falsos. Muito bem! Poucos políticos teriam resistido àquela saraivada. E ele resistiu e conseguiu se refazer como um dos homens mais poderosos do Congresso, que ele preside por estar, de novo, no comando do Senado, cargo ao qual teve de renunciar no passado. Mas o caso o persegue. O Ministério Público Federal recorreu à Justiça Federal de Brasília com uma denúncia contra o senador, que foi aceita, por enriquecimento ilícito e falsificação de documentos. Trata-se de uma ação civil por improbidade administrativa, que não passa pelo crivo do Supremo. Esse episódio da Mendes Júnior também levou a PGR a apresentar ao STF, em 2013, uma denúncia criminal contra Renan, mas a corte ainda não decidiu se vai ou não abrir a ação penal. O relator era o ministro Ricardo Lewandowski, que passou o caso para Luiz Edson Fachin. Renan é também um dos investigados da Operação Lava Jato. Nesse caso, o Ministério Público pediu apenas a abertura de inquérito. Para quem se movimenta com a sua saliência, é evidente que não se trata de uma situação confortável. Mas, convenham, quem não se intimida com o mais — o risco da ação criminal, que está no Supremo, e os desdobramentos da Lava-Jato — talvez não se intimide com o menos. Uma coisa é inequívoca, e, até agora, ninguém conseguiu dar uma explicação razoável. Depois que Rodrigo Janot incluiu Renan no rol das pessoas investigadas em inquérito, ele passou a tratar o governo federal na ponta da botina. Por alguma razão, vê na coisa o dedo do Planalto. Com um inquérito em curso, uma pedido de ação penal parado no Supremo uma ação civil por improbidade administrativa, é pouco provável que Renan baixe a guarda. Percebeu que seu ativismo antigovernista o aproxima mais do noticiário de política do que do de polícia. Por Reinaldo Azevedo
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