UM CIRCO PARA POUCOS - Rapphael Curvo
A Coluna de Rapphael Curvo
Rapphael Curvo
Há dias que fica difícil escrever. São tantas as aberrações e absurdos que acontecem na vida brasileira que já me tem levado a pensar se isso não é uma estratégia do bando, dar uma canseira até você desistir. Quando digo bando estou me referindo a todos os políticos que fazem do quadro político um circo dos horrores. Nesse time de astros componentes da quadrilha de “João Branco”, lendário bandido dos faroestes nos matinês de outrora, estão centenas de trapaceiros de todos os matizes partidários. Onde podemos e vamos chegar com essa troupe no Poder que perdeu descaradamente a vergonha? Que mentem, enganam, engabelam sem o menor constrangimento e ainda se justificam com as mais estapafúrdias explicações que são aceitas e publicadas como uma verdade pela maioria das mídias do Brasil; onde vamos parar? Sabedor que vai cair a sua máscara e acabará preso, o ex presidente se antecipa e diz sem medo da justiça e sua condenação, já como uma estratégia para criar em sua volta um grupo de apoio, de enfrentamento. Espera com isso um clamor popular pela sua inocência e abrir caminhos para sua volta em 2018.
O Congresso Nacional realiza sessões cômicas todos os dias e o ato do momento é a cassação do Deputado Federal Eduardo Cunha que, como Bill Clinton em relação a sexo com Mônica Lewinsky, diz que a conta não é sua, mas de suas empresas e as quais ele não administra. Outra sessão interessante é que foi feito um acórdão de proteção entre o bando petista e Cunha de forma a criar um cinturão de defesa de ambos. O bando evita a cassação do presidente da Câmara no Conselho de Ética, algo hilário, burlar a ética no Conselho de Ética. Por outro lado o Cunha segura os pedidos de impeachment da presidente Dillma e ainda fará uma forcinha para atender o governo com a aprovação da CPMF. Com isso ambos ganham tempo e vão levar esta situação para 2016 e até lá, colocar no esquecimento, assim como fez Renan Calheiros, desaparecido e perdoado pelos meios de comunicação nacional.
É impressionante como se julgam inatingíveis e que vivem em um mundo a parte. Raras exceções, fazem as patifarias e negociatas sem qualquer preocupação com a moral, a ética, a honestidade e princípios de boa conduta, vide o que foi feito com as CPIs para livrar Lulla e família, resultado de acertos entre Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Lulla. As tramoias, as pedaladas na lei, as roubalheiras do Erário e tantas outras lambanças de malfeitos são praticados ao arrepio da força jurídica, abalada pela já conhecida adesão de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal – STF, em decisões que favorecem claramente os membros do bando, principalmente ao fustigar a ação da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal do Paraná, na pessoa do Juiz Sérgio Moro. Aos poucos estão agindo para esvaziar a condução dos processos pelo Juiz Moro, transferindo para outros Tribunais que são menos duros as defesas dos meliantes. A substituição da Juíza Célia Regina Bernardes, da operação Zelotes, que determinou apreensão de documentos nas empresas do filho do Lulla, é outro sinal da dominação do meio judiciário.
Esse é o retrato do Brasil, um grande circo. É o retrato do nosso povo, do nosso País, da maioria da nossa sociedade, da nossa política, dos nossos governos, dos nossos líderes, dos nossos profissionais, dos nossos dirigentes e empresários financeiros. Inclusas nossas universidades que nos alienam com teorias e estudos de valores que não os nossos, dos nossos meios de comunicação que são coniventes com o que acontece, do nosso povo banana que aceita passivamente e cordeiramente serem humilhados e subjugados, da nossa elite intelectual que não se manifesta em defesa do Brasil. É também o retrato da nossa juventude alienada que pensa que isso não terá resultado no seu viver. É o retrato da nossa situação de miséria e pobreza, como povo e País, que acata o que lhe é imposto e bota crença nos falsos messias e ilusionistas de plantão. Retrato da nossa gente que não luta e que espera tudo à mão e concorda viver à custa do Estado, dos despojados da boa conduta que fazem das Instituições fonte de safadezas; enfim é o retrato de um povo que não existe como Nação, como raça, como ser humano. O Brasil se transformou, é um circo para poucos.
Jornalista e Adv. Rapphael Curvo
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