Uma tese de grande aceitação
é que a absoluta maioria muçulmana é
pacífica e ordeira, frente a uma minoria
de fanáticos que se lança ao terror.
é que a absoluta maioria muçulmana é
pacífica e ordeira, frente a uma minoria
de fanáticos que se lança ao terror.
A tragédia que se abateu sobre Paris deve ser situada e compreendida dentro do panorama geral dos acontecimentos que vêm abalando incontáveis sociedades através do mundo, principalmente no Oriente Médio e no continente africano. É verdade que, em cada região, se destacam fenômenos específicos, que a sangrenta guerra civil na Síria tem suas conotações, que a perseguição aos cristãos em diversos países da Ásia e da África tem suas características, que os atentados em Nova York, Londres e Paris têm suas especificidades. Mas, no fundo, o que ocorre é a exteriorização do fanatismo religioso muçulmano, conduzido por cruéis lideranças.
Discute-se sobre o verdadeiro espírito dos membros da civilização islâmica. Uma tese de grande aceitação é que a absoluta maioria muçulmana é pacífica e ordeira frente a uma minoria de fanáticos que se lança ao terror. As operações militares que os países ocidentais promovem contra EI, al-Qaeda e outros grupos de bárbaros — por mais amplas e eficazes — não resolverão o problema a longo prazo, pois estarão sempre surgindo novos grupos envenenados, dispostos a encetar ataques cruéis e suicidas. No fundo, estamos diante de uma questão educacional e de um problema de liderança. Israel tem insistentemente atribuído a dificuldade de alcançar a paz com os árabes palestinos ao sistemático incitamento a que a população palestina da Cisjordânia é submetida nas escolas, nas mesquitas, pela imprensa e pela televisão. Incitamento para destruir Israel e aniquilar sua população judaica. A jornalista Caroline Glick, do “The Jerusalem Post”, sugeriu que Israel promova a substituição dos professores das escolas e dos imãs das mesquitas por elementos que se abstenham de incitar a juventude e a população à pratica do terror.
A jornalista inglesa Melanie Phillips, do “The London Times”, revela em seu livro “Londonistam” a existência de líderes que converteram suas mesquitas na Inglaterra em centros de incitamento ao terror, apontando para um deles que transformou sua mesquita em base de treinamento militar, armazenando um vasto estoque de armamentos. Dentre seus seguidores saíram alguns dos autores dos atentados terroristas ocorridos em Londres. E critica severamente o governo britânico por sua passividade frente a estes focos de terror. Por outro lado, a jornalista transcreve vários trechos de artigos de intelectuais muçulmanos, publicados em jornais britânicos e em órgãos da comunidade muçulmana da Inglaterra que exortam seus irmãos a dar fim à “cultura da destruição”. Em 2007, o mufti saudita expediu um fatwa (sentença) proibindo a juventude saudita de se envolver em jihad no exterior. Manifestações semelhantes foram emitidas por outras autoridades religiosas do Islã.
A figura exemplar do mundo islâmico é a do xeque Abdul Hadi Palazzi, professor e diretor do Istituto Culturale della Comunità Islamica Italiana de Roma, que, em diversas ocasiões ao longo dos anos, se manifestou claramente a favor da paz entre muçulmanos e judeus na Terra Santa, enfatizando o direito destes ao Estado de Israel, inclusive a Jerusalém unificada. “Nós, muçulmanos”, diz o xeque, “temos Meca, os cristãos têm o Vaticano, e os judeus têm Jerusalém”, invocando passagens do Corão e comentários ao mesmo que estabelecem claramente a conexão do povo judeu com a Cidade Santa de Jerusalém. Este e muitos outros sábios do Islã que pensam da mesma forma deveriam ser protegidos, apoiados e fortalecidos para encetar a contrarrevolução à Jihad, que poderá levar as novas gerações de muçulmanos à tranquilidade espiritual, à tolerância religiosa, ao convívio pacífico com as demais comunidades, abrindo caminho para restabelecer ordem e segurança na sociedade internacional.
Publicado em O Globo
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