quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Partido Comunista da China decide acabar com política do filho único


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O Partido Comunista da China decidiu abolir a política do filho único vigente no país desde 1979 e permitir que casais tenham até dois filhos, informou nesta quinta (29) a agência estatal Xinhua.
A decisão do PC chinês, tomada em reunião de cúpula iniciada nesta segunda (26) para definir as diretrizes econômicas dos próximos cinco anos, representa uma importante mudança na política demográfica do país asiático.
Segundo a Xinhua, a nova diretriz é uma "resposta ao envelhecimento da população". Não foram divulgados nesta quinta, porém, detalhes da nova política nem prazos para sua implantação.
A controvertida política do filho único foi implementada pelo PC no final da década de 70, para tentar conter a explosão demográfica no país mais populoso do mundo -atualmente, a China tem mais de 1,3 bilhão de habitantes.
Estima-se que a medida tenha impedido o nascimento de cerca de 400 milhões de pessoas desde sua aplicação.
Casais que descumprem as restrições estão sujeitos a penas como pagamento de altas multas e perda de emprego.
Mao Siqian-12.jan.2015/Xinhua
(150112) -- SHENZHEN, Jan. 12, 2015 (Xinhua) -- Children walk in the rain in Shenzhen, south China's Guangdong Province, Jan. 12, 2015. Cold air began to affect most regions in Guangdong from Jan. 12, according to the Guangdong Weather Station. (Xinhua/Mao Siqian) (rpf)
Crianças caminham sob a chuva em Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China
Ocasionalmente, desde 1979, o governo chinês adotou medidas ainda mais duras de repressão à natalidade, como esterilizações e abortos forçados. Ao longo dos anos, porém, foram abertas concessões para minorias étnicas e populações rurais.
Em novembro de 2013, a China flexibilizou a política permitindo que casais nos quais um dos cônjuges é filho único tivessem um segundo filho. Mas essa flexibilização atraiu menos interessados que o esperado pelo governo e por especialistas chineses.
Segundo a mídia estatal, cerca de 30 mil famílias em Pequim se candidataram a ter um segundo filho, o que representa só 6,7% das que poderiam pedir a autorização.
O alto custo de ampliar a família é apontado pela maioria como o motivo para desistir da ideia. Usuários do serviço de microblog chinês Weibo elogiaram o fim da política do filho único, mas muitos afirmaram que não optariam por uma segunda criança.
"Não consigo custear a criação de um filho, imagine dois", escreveu um usuário.
IMPACTO LIMITADO
Especialistas apontam que a política do filho único agravou o problema do envelhecimento da população chinesa. Em 2007, havia seis adultos economicamente ativos para cada aposentado. Estima-se que até 2040 essa proporção caia a dois para um.
Além disso, houve impacto social negativo, como a discriminação de gênero. Como meninos são preferidos, aumentou a prática do infanticídio de meninas no país. Por esse motivo, os médicos são proibidos de revelar o sexo do bebê durante a gravidez.
Wang Feng, especialista em demografia e sociedade chinesa, avalia que a mudança é "um evento histórico" que vai alterar a dinâmica mundial, mas terá impacto muito limitado no envelhecimento populacional do país.
"É um evento que estávamos aguardando por uma geração, mas tivemos que esperar tempo demais para que ele chegasse", disse Wang, professor da Universidade da Califórnia em Irvine. "Não terá nenhum impacto na questão do envelhecimento, mas vai mudar as características de muitas famílias jovens."
Empresas fabricantes de alimentos para bebês, como Danone e Abbott, já experimentaram nesta quinta-feira valorização de suas ações diante da possibilidade de novos negócios na China.
Gráfico: Envelhecimento da população chinesa

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