sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Barões da comunicação decidiram selar o pacto com a trinca Dilma-Renan-Janot e tiveram, como paga, a pregação de luta armada dentro do Palácio. Espertalhões!


É inegável que houve, vamos dizer assim, uma “corrida para Dilma” de alguns barões da comunicação, em especial, mas não só, das TVs. Muitos idiotas caíram na história da Carochinha da suposta “ameaça Eduardo Cunha” e migraram para uma formulação mais ou menos assim: “Melhor uma Dilma no poder, embora inerme, do que um Cunha na ativa”. A chave do sucesso: um “entendimento” de altas esferas entre a presidente, Rodrigo Janot e Renan Calheiros. Eu já expus aqui a sua natureza. E deu no que deu: em pleno Palácio do Planalto, Wagner Freitas, presidente da CUT, a maior central sindical do Brasil, ameaçou o país com a luta armada caso se cumpram os ritos legais. E que se reitere: ele deixou claro que não é apenas Dilma que está acima da lei; a inimputabilidade também alcança Lula. Vamos assistir ao vídeo em que Wagner Freitas convoca a luta armada caso o Congresso ou a Justiça cheguem a Dilma ou a Lula.


Transcrevo de novo:
“E isso implica agora, neste momento, ir para as ruas, entrincheirados, com arma na mão, se tentarem derrubar a presidenta Dilma Rousseff. Qualquer tentativa de atentado à democracia, à senhora ou ao presidente Lula, nós seremos o exército que vai enfrentar essa burguesia na rua.”
As palavras têm um sentido inequívoco. Ele está falando de “arma na mão”. Ele está falando de “pessoas entrincheiradas”. É evidente que está se referindo à luta armada. É evidente que está incentivando o confronto. A única coisa que torna o discurso de Freitas um tanto inverossímil é sua forma física. Não parece ser do tipo que aguenta uma corrida de 100 metros com um fuzil na mão. Mas sabem como é… Já houve outros guerrilheiros pançudos antes dele. Costumam ficar na chefia, enquanto os jovens viram carne queimada. Assustado com a repercussão, ele recorreu ao Twitter para tentar se explicar. Segundo diz, “arma” é só metáfora. Leiam o que escreveu, na forma em que está lá.

Pegar nas armas é uma figura de linguagem q usamos em n/ assembléias. São as armas da democracia q sempre usamos. Greve geral é uma delas.

São as armas que usadas: as armas da classe trabalhadora.

São as armas da democracia, que é a luta por direitos, a mobilização organizada, democrática, com respeito às diferenças.

Pessoal, quando em armas me referia as armas da classe trabalhadora: mobilização, ocupação das ruas e greve geral.

Memória
É… Eu me lembro de outras convocações dessa natureza. Minha memória é boa. No ano 2000, José Dirceu, sim, ele mesmo!, participou de um assembleia da Apeoesp, que liderava uma greve. A presidente já era a notória Bebel. O petista afirmou o seguinte:

“E nós vamos dar a eles esta resposta: mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua, e vamos derrotar eles nas urnas também porque eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”.

Dias depois daquele discurso de Dirceu, em 1º de junho daquele ano, seguindo as ordens do chefão, os trogloditas agrediram covardemente o governador Mário Covas, agressão física mesmo, como vocês verão no vídeo abaixo. Já bastante debilitado pelo câncer, ele chegou a ter um ponto de sangramento no lábio e outro na cabeça. Assistam.


É assim que eles fazem política: atropelando as leis nas ruas e nos palácios. Imaginem se adversários de Lula ou de Dilma, quando se encontravam em tratamento contra o câncer, os agredissem. Covas morreu nove meses depois. A escória que mama nas tetas públicas não suporta o triunfo das leis. Acredita que estas só podem ser usadas contra seus adversários.
Estabilidade com Dilma?
Não sei quem vendeu a alguns barões da comunicação a farsa de que bastaria um arranjo envolvendo Procuradoria Geral da República, Renan Calheiros e o TCU para estabilizar o País. Não basta. Isso pode resolver problemas imediatos das personagens envolvidas. De resto, quem dá a mão às esquerdas em nome da estabilidade vai colher, necessariamente, tempestade. Eis aí: vinte e seis anos depois da eleição direta de 1989, a primeira das cinco disputadas por Lula, o Palácio do Planalto abrigou a pregação aberta da luta armada e viu a presidente liderar uma passeata de pessoas que dizem, sem meias-palavras, que não reconhecem a legitimidade do Congresso e da Justiça para exercer suas prerrogativas. É evidente que Wagner Freitas sabe que inexistem as condições para a luta armada no sentido, digamos, clássico. Mas não é menos evidente que assistimos nesta quinta a uma ameaça de venezuelização do país se os Poderes da República não se comportarem como quer o PT. Uma minoria está realmente certa de que pode tiranizar a maioria do povo. Ou ameaça o Brasil com o caos. Não por acaso, a CUT de Wagner Freitas marcou uma manifestação em defesa de Lula e de Dilma, em frente ao instituto que leva o nome do ex-presidente, justamente no 16 de agosto, domingo, dia da manifestação de protesto. Dilma liderando a passeata dentro do Palácio tinha o ar aparvalhado de um Nicolás Maduro. Logo ela também começará a falar com espíritos. Por Reinaldo Azevedo

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