Numa semana tensa em Curitiba, consegui encontrar na crise brasileira alguns momentos de humor. O Ministério da Saúde publicou um edital determinando a apresentação de Helder Barbalho para prestar esclarecimentos. Não sabiam quem era e como poderia ser encontrado. Helder tinha o chamado paradeiro incerto. Helder Barbalho é ministro da Pesca e trabalha ao lado dos burocratas que o procuravam. Sequer usaram uma ajuda do Google, que poderia salvá-los.
Ser um dos 39 ministros de Dilma é uma forma de se esconder na gigantesca máquina irracional do governo. Nem eles mesmos se conhecem nesse universo pantanoso.
Os prejuízos que a administração petista trouxe à Petrobras são maiores que os recursos para recuperar o Nepal depois do terremoto. Segundo os cálculos do repórter José Casado, a administração petista torrou cerca de R$ 17 milhões por dia, durante seis anos e seis meses. Reconhecer os estragos de um terremoto, no entanto, não é a escolha do PT. Continuam se achando ótimos administradores.
Nesses momentos de relativa transparência, as notícias nos brindam com novas peças de humor. Como essa gráfica na Casa Verde, em São Paulo, que, sem máquinas, forneceu R$ 22 milhões de material para o PT e cerca de R$ 1,5 milhão para o PSDB. O nome do dono é Beckenbauer Rivelino, um craque na produção de notas frias. Vinte e dois milhões em panfletos é algo que jamais vi uma campanha gastar. Isso mostra que os escândalos sempre nos divertem com os nomes e nos assustam com sua frequência.
E com a quantidade de cifras e porcentagens que atravessam o noticiário, Lula afirmou que era 90% mais honesto que os jornalistas de duas importantes revistas brasileiras. Ele já tinha feito uma incursão desastrosa nas percentagens, afirmando que o processo do mensalão era 80% político. O que é 100% bobagem.
Cifras astronômicas aparecem também na investigação sobre João Santana, o marqueteiro oficial. Ele teria recebido US$ 16 milhões por seus conselhos na campanha de Angola. Estão nadando em dinheiro num oceano que começa a ser singrado pelos barcos da investigação.
A frente da transparência, cuja capital hoje é Curitiba, com a operação Lava-Jato, tem de se ampliar para o BNDES, estatais, fundos de pensão. Saber o que houve no BNDES é desvendar uma parte substancial da trajetória do governo. Tanto os recursos investidos no país como no exterior precisam ser conhecidos. Não há como evitar que se revelem todos os detalhes da operação. Sobretudo essas que envolviam o ex-presidente Lula, a Odebrecht e o banco oficial. Os dados iniciais indicam que Lula prometia uma obra no exterior, o BNDES financiava e a Odebrecht realizava. Isso teve repercussão internacional, maior até do aqui dentro. Mas merece toda a transparência, no momento em que se busca instalar a CPI do BNDES.
Nas ruas de Curitiba, além da operação Lava-Jato, vivem-se conflitos em torno da política de austeridade. A crise econômica que nos envolve é um foco mais dramático ainda do que a frente da transparência, essa possibilidade de conhecer o governo do PT em detalhes, saber que, por hora, davam um prejuízo de R$ 729 mil à Petrobras.
Na crise econômica, existe pelo menos uma chance de empurrar o governo para o mínimo de racionalidade, enxugar a máquina, limitar cargos de confiança. É uma forma inteligente de ajuste porque não só atenua o esforço da sociedade, no momento, como também assegura um alívio para o futuro. Não adianta apenas conter custos. É preciso estabelecer as condições de uma retomada. E não será com essa máquina irracional. Vamos economizar duramente para daqui a pouco publicarem um novo edital buscando um dos 39 ministros de Dilma?
Mais uma vez o Brasil viveu um grande panelaço, durante o programa do PT, no horário gratuito da fantasia. As pessoas rejeitam o cinismo e desejam mudanças. Será preciso bater panela e, simultaneamente, ter uma pequena receita do que se pode obter nesse momento. O Brasil é hoje um país devastado pela corrupção e pela incompetência. Não só é preciso socorrê-lo após o terremoto como pensar em reconstruí-lo de forma mais sólida.
Se pelo menos ouvissem as caçarolas. Crise econômica, política e auditiva. Mas se fazem de Ulisses, exercitam a surdez de quem ouve. No poema, Ulisses goza o espetáculo das sereias, sem assumir as consequências.
Na nossa pedestre vida política, a surdez do PT é a tentativa de se manter em cena, sem assumir os desvios éticos nem responder por sua gestão calamitosa. O PT é apenas uma pedra no caminho. Os contornos desse caminho é que precisam ser discutidos. Não importa se essa é a maior e mais complexa das crises. É a que nós temos. E dela, espero, haveremos de sair.
Ser um dos 39 ministros de Dilma é uma forma de se esconder na gigantesca máquina irracional do governo. Nem eles mesmos se conhecem nesse universo pantanoso.
Os prejuízos que a administração petista trouxe à Petrobras são maiores que os recursos para recuperar o Nepal depois do terremoto. Segundo os cálculos do repórter José Casado, a administração petista torrou cerca de R$ 17 milhões por dia, durante seis anos e seis meses. Reconhecer os estragos de um terremoto, no entanto, não é a escolha do PT. Continuam se achando ótimos administradores.
Nesses momentos de relativa transparência, as notícias nos brindam com novas peças de humor. Como essa gráfica na Casa Verde, em São Paulo, que, sem máquinas, forneceu R$ 22 milhões de material para o PT e cerca de R$ 1,5 milhão para o PSDB. O nome do dono é Beckenbauer Rivelino, um craque na produção de notas frias. Vinte e dois milhões em panfletos é algo que jamais vi uma campanha gastar. Isso mostra que os escândalos sempre nos divertem com os nomes e nos assustam com sua frequência.
E com a quantidade de cifras e porcentagens que atravessam o noticiário, Lula afirmou que era 90% mais honesto que os jornalistas de duas importantes revistas brasileiras. Ele já tinha feito uma incursão desastrosa nas percentagens, afirmando que o processo do mensalão era 80% político. O que é 100% bobagem.
Cifras astronômicas aparecem também na investigação sobre João Santana, o marqueteiro oficial. Ele teria recebido US$ 16 milhões por seus conselhos na campanha de Angola. Estão nadando em dinheiro num oceano que começa a ser singrado pelos barcos da investigação.
A frente da transparência, cuja capital hoje é Curitiba, com a operação Lava-Jato, tem de se ampliar para o BNDES, estatais, fundos de pensão. Saber o que houve no BNDES é desvendar uma parte substancial da trajetória do governo. Tanto os recursos investidos no país como no exterior precisam ser conhecidos. Não há como evitar que se revelem todos os detalhes da operação. Sobretudo essas que envolviam o ex-presidente Lula, a Odebrecht e o banco oficial. Os dados iniciais indicam que Lula prometia uma obra no exterior, o BNDES financiava e a Odebrecht realizava. Isso teve repercussão internacional, maior até do aqui dentro. Mas merece toda a transparência, no momento em que se busca instalar a CPI do BNDES.
Nas ruas de Curitiba, além da operação Lava-Jato, vivem-se conflitos em torno da política de austeridade. A crise econômica que nos envolve é um foco mais dramático ainda do que a frente da transparência, essa possibilidade de conhecer o governo do PT em detalhes, saber que, por hora, davam um prejuízo de R$ 729 mil à Petrobras.
Na crise econômica, existe pelo menos uma chance de empurrar o governo para o mínimo de racionalidade, enxugar a máquina, limitar cargos de confiança. É uma forma inteligente de ajuste porque não só atenua o esforço da sociedade, no momento, como também assegura um alívio para o futuro. Não adianta apenas conter custos. É preciso estabelecer as condições de uma retomada. E não será com essa máquina irracional. Vamos economizar duramente para daqui a pouco publicarem um novo edital buscando um dos 39 ministros de Dilma?
Mais uma vez o Brasil viveu um grande panelaço, durante o programa do PT, no horário gratuito da fantasia. As pessoas rejeitam o cinismo e desejam mudanças. Será preciso bater panela e, simultaneamente, ter uma pequena receita do que se pode obter nesse momento. O Brasil é hoje um país devastado pela corrupção e pela incompetência. Não só é preciso socorrê-lo após o terremoto como pensar em reconstruí-lo de forma mais sólida.
Se pelo menos ouvissem as caçarolas. Crise econômica, política e auditiva. Mas se fazem de Ulisses, exercitam a surdez de quem ouve. No poema, Ulisses goza o espetáculo das sereias, sem assumir as consequências.
Na nossa pedestre vida política, a surdez do PT é a tentativa de se manter em cena, sem assumir os desvios éticos nem responder por sua gestão calamitosa. O PT é apenas uma pedra no caminho. Os contornos desse caminho é que precisam ser discutidos. Não importa se essa é a maior e mais complexa das crises. É a que nós temos. E dela, espero, haveremos de sair.
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