ESCÂNDALO NA PETROBRAS
O célebre assaltante de trens inglês deve estar se revirando de inveja da Petrobras
Bem mais notável foi o assalto aos cofres da Petrobrás coma operação Pasadena. A compra da refinaria de Petróleo custou um total de US$1,2 bilhão ou qualquer coisa perto de R$3 bilhões, e não chega a valer 10% disto. Arredondando é quase 150 vezes o valor do alcance de Ronald Biggs.
Tanto quanto a arremetida ao comboio dos correios de Sua Majestade Britânica, o avanço ao caixa da petroleira foi meticulosamente planejado. A diferença está nas sutilezas e ferramentas utilizadas. Uma coisa é estudar um trajeto, verificar as rotas de fuga, parar um trem e saqueá-lo sob a mira de armas de fogo. Outra é montar uma intrincada engenharia societária envolvendo filigranas jurídicas de compreensão bem mais complexa do que simplesmente sacar um revólver. Afinal de contas, no mundo dos negócios, foi necessário aparentar sofisticação, o que apenas disfarçava o objetivo de acessar os recursos da empresa.
Foram análises técnicas apressadas, prazos urgentes, contratos obscuros, cláusulas nebulosas, e até uma suposta e insanável divergência societária que, por certo, estava também previamente combinada para produzir o resultado pretendido.
A quadrilha de Biggs contava 15 membros para dividir o butim. A de Pasadena deve ser maior, mas o montante do roubo é muito superior. São conselheiros, diretores, gerentes, políticos, advogados, consultores, analistas, todos regiamente recompensados, alguns por dentro, mediante prestação de serviços profissionais e os principais por fora, em contas numeradas de paraísos fiscais.
O célebre assaltante inglês deve estar se revirando de inveja em seu túmulo no Reino Unido. Teria sido menos arriscado e mais proveitoso participar da gangue de Pasadena do que do bando que saqueou o trem postal.
*Ney Carvalho é historiador e escritor
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