quinta-feira, 24 de julho de 2014

POEMA DA NOITE A Morte — O Sol do Terrível, por Ariano Suassuna


Com tema de Renato Carneiro Campos
Mas eu enfrentarei o Sol divino,
o Olhar sagrado em que a Pantera arde.
Saberei porque a teia do Destino
não houve quem cortasse ou desatasse.
Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao toque e ao Sino.
Verei feita em topázio a luz da Tarde,
pedra do Sono e cetro do Assassino.
Ela virá, Mulher, afiando as asas,
com os dentes de cristal, feitos de brasas,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.
Mas sei, também, que só assim verei
a coroa da Chama e Deus, meu Rei,
assentado em seu trono do Sertão.

Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, 16 de junho de 1927 — Recife, 23 de julho de 2014) foi um dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta brasileiro. Autor de obras como Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil. Foi Secretário de Cultura do Pernambuco entre 1994 e 1998, e Secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014 Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 3 de agosto de 1989. Era o sexto ocupava da Cadeira nº 32.

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