sexta-feira, 2 de maio de 2014

Cartas de Seattle: Calote em crowdfunding? Processo neles


Melissa de Andrade
Os moradores de Seattle estão entre os que mais investem em crowdfunding em todo o país. Os nerds e geeks das empresas de tecnologia daqui investem principalmente em projetos que envolvem filmes e vídeos, jogos de computador e revistas em quadrinho.
Agora o estado de Washington, onde fica Seattle, é o primeiro do país a processar uma empresa por não entregar os produtos prometidos durante uma campanha decrowdfunding.
Você já deve ter ouvido falar nesse tipo de site: alguém lança um projeto de financiamento coletivo, os internautas que gostarem da ideia investem um determinado valor em troca de alguma coisa (um item do produto ou um mimo, por exemplo), o idealizador leva todo o dinheiro que conseguir levantar se passar de uma meta predeterminada, e os internautas recebem o dinheiro de volta se o valor total não foi alcançado.
Graças ao crowdfunding, um professor da Universidade de Washington já conseguiu financiamento para sua pesquisa científica, o óculos de realidade virtual Rift virou realidade (e depois foi comprado pelo Facebook) e o diretor de cinema Spike Lee conseguiu dinheiro para o próximo filme. Tudo com doação de gente comum, como eu e você.
O problema é que há projetos que desaparecem depois de conseguirem financiamento. É o caso do jogo de cartas da empresa Asylum, do Tenessee, que está sendo processada pela procuradoria pública de Washignton.


O empresário Ed Nash arrecadou US$ 25.146 entre 810 pessoas em 2012 através do site de crowdfunding Kickstarter – incluindo pelo menos 31 pessoas de Washington. Ninguém ouviu falar do projeto desde o meio do ano passado.
O processo é baseado em defesa do consumidor: os clientes pagaram por um produto e nunca o receberam. Simples assim. Ou a empresa cumpre o prometido e manda um item do jogo e outros brindes previstos para chegar em 2012 ou devolve o dinheiro para cada um. Não é o primeiro caso de fraude de crowdfunding, mas é o primeiro a ser levado na Justiça.
O valor de 25 mil dólares não é nada em comparação ao US$ 1,5 milhão levantado por Spike Lee no seu projeto, mas Washignton manda um recado claro: a internet não é terra de ninguém. O melhor é que o Kickstarter apoia a ação judicial.
Dinheiro jogado fora só vale quando é por escolha própria; calote, ninguém gosta de levar. Nem o povo bonzinho de Seattle.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

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