Carlos Chagas
Quando a Guerra Fria tomava proporções de catástrofe iminente, perguntaram a Albert Einsten como ele imaginava a III Guerra Mundial. Mais como filósofo do que como cientista, ele respondeu que não sabia, mas podia adiantar como supunha a IV Guerra Mundial: “Será travada com paus e pedras”.
Pois não é que Einstein acertou, mesmo ficando a Humanidade, até agora, livre de uma catástrofe nuclear? No Brasil, sempre dando lições para o mundo, antecipamos a IV Guerra Mundial, encontrando-se o país envolvido numa guerra de paus e pedras. De duas semanas para cá, sem poupar elogios aos protestos da juventude, assistimos as manifestações populares transformarem-se em mais do que batalhas campais, numa verdadeira guerra travada com paus e pedras. Importa menos saber se a dita minoria de baderneiros é a única responsável pelo caos que assola a maioria de nossas capitais e grandes cidades.
Com a conivência ou não das maiorias, as imagens que nos chegam no decorrer das milhares de passeatas são de trogloditas e vândalos empenhados em pauladas, pedradas e, numa concessão aos tempos modernos, utilizando também do outro lado balas de borracha e sprays de pimenta. De um lado as polícias militares, uniformizadas, de outro bandidos de peito nu e caras encobertas, infernizando a vida do cidadão comum, depredando propriedades públicas e particulares, ora investindo, ora fugindo, mas deixando a intranquilidade e a destruição como consequência. Já está morrendo gente nas ruas.
Terá acertado a presidente Dilma quando derramou-se em homenagens aos que se insurgem a contra a ordem estabelecida, mesmo canhestra e injusta, sabendo que junto com eles criminosos vão assumindo a direção dos movimentos populares, animais ensandecidos cujo objetivo parece ser a destruição dessa sociedade imperfeita a exigir reformas. Jamais, porém, sua supressão.
Assim continuamos na terceira semana que hoje se inicia. Continuando as coisas como vão, logo as turbas ensandecidas decidirão agir não só na esteira das passeatas que já controlam, mas por conta própria, na compulsão de distorcer completamente os valores da sociedade que os desprezou ou que eles desprezaram. Ou já não faziam isso antes, mesmo sem o estimulo da recente temporada de protestos? Poderão cercar bairros inteiros e incendiá-los, de preferência depois de se apoderarem dos bens de seus habitantes. Invadirão lojas e supermercados sem repetir sequer os slogans de que atuam para impor a justiça social e as reformas capazes de criar um país mais justo.
É bom tomar cuidado, valendo repetir a imagem do aprendiz de feiticeiro, hoje aplicável aos bem intencionados jovens que imaginaram poder mudar o mundo protestando nas ruas contra estruturas viciadas e execráveis, mas sem saber o que colocar no seu lugar. Os vândalos, ao contrário, sabem muito bem o que querem.
Para quem não esqueceu a História, recorda-se que nos eletrizantes dias de outubro de 1917, a ordem dada por Lenin e Trotski à Guarda Vermelha era de fuzilar sem vacilações quantos russos fossem flagrados depredando prédios públicos e roubando propriedades públicas e privadas, inclusive obras de arte. Por isso, apesar das voltas que o mundo deu, o Palácio de Inverno ainda está de pé, transformado no Museu Hermitage…
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