segunda-feira, 4 de março de 2013

“Ao Polaco”



 te This
Ver “Toda Poesia” de Paulo Leminski nas estantes das livrarias traz uma sensação de estar antigo no mundo. Pode parecer bobagem porque já vi outros poetas contemporâneos com antologias definitivas nas estantes. Com Leminski é diferente. Posso lembrar das lojas da Brasiliense ali pelo centro de SP (eram várias em meados da década de 80), os livrinhos da série “Cantadas Literárias”, os beats sendo lançados, as séries “Primeiros Passos” e “Tudo é História” com as quais podíamos dar um tapa na ignorância sobre alguns assuntos. Textos de sobre os quais apenas ouvíamos falar, enfim, eram lançados.
Paulo Leminski chegou nesse pacote de novidades, sua poética das “coisas que aconteciam ao lado”, observações das coisas próximas, facilitava a identificação; claro que com o tempo este Leminski se ampliou e ficou grande demais pra caber num livrinho, e descobri que ele era muito mais.
Como dizia no início, a poesia toda de Paulo Leminski na edição de “Toda Poesia” empresta uma sensação de estar antigo no mundo e de fim de ciclo, bem provável que ele riria com escárnio desse “fim de ciclo”. O poeta curitibano nos dava a sensação de que nunca ia acabar e ele realmente não acaba à medida que acende e reacende em cada novo leitor, e em cada nova descoberta/leitura de sua poesia faz valer sua máxima:
“em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós”
E vão acendendo novos e novos polacos…
PAULOL

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