André de Souza(O Globo)
Mulheres de presos do Complexo Penitenciário da Papuda reclamaram nesta terça-feira da visita da mulher do ex-presidente do PT José Genoino, que pode encontrá-lo fora do período determinado graças à intervenção de parlamentares. Os dias de visitação na Papuda são quarta e quinta-feira, mas hoje algumas mulheres já estão acampadas para poder pegar as primeiras senhas. Se chegarem apenas amanhã cedo, elas correm o risco de ficar pouco tempo com seus parentes.
Os mensaleiros receberam amigos e parentes ontem e hoje, mesmo não sendo dia de visitas. Na tarde desta terça-feira, entrou no presídio uma van com vários deputados, entre eles Benedita Silva (PT- RJ) e Amauri Teixeira (PT-BA). Eles ficaram cerca de uma hora na Papuda, por volta das 17h40 até as 18h40. Eles não pararam para falar com jornalistas nem na saída nem na entrada. Como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) tem prerrogativa de entrar no local, ele levou a família de Genoino ontem para visita. Hoje, houve outro encontro da família com o deputado petista. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares também recebeu familiares. A regalia enfureceu parentes de presos que aguardavam na fila pela visita de amanhã.
- Errado isso. Ela (mulher de Genoino) tem que pegar fila como todos pegamos. Tem que passar pelas mesmas coisas que a gente passa. Pode ser até mulher do presidente, mas tem que passar pelo que a gente passa – disse Patrícia, que não quis revelar o sobrenome.
Patrícia vai passar a noite em uma barraca montada na entrada da Papuda. Ela será uma das primeiras a pegar senha que será distribuída a partir das 9h de quarta-feira. O horário de visita vai até 15h. Uma parte dos detentos recebe visita na quarta e outra na quinta-feira.
- Tem que ter condições iguais, a gente enfrenta sol e chuva. Eles chegaram e já podem visitar, deveriam entrar na fila e pegar senha- disse Mariana Gomes, mulher de um preso no regime fechado.
REVOLTA
- A gente se sente injustiçado, revoltado. A moça vem, visita o marido dela dois dias seguidos, enquanto a gente tem que estar aqui várias horas antes para conseguir entrar cedo e visitar nossos maridos – disse outra mulher, que não quis se identificar, acrescentando: – Elas não são melhores do que a gente por ter poder aquisitivo maior.
Segundo Mariana, cada família pode levar aos detentos 500 gramas de biscoito, que não pode ser recheado, seis frutas, dois rolos de papel higiênico, dois sabonetes, um desodorante roll-on, uma barra de sabão de coco e 500 gramas de sabão em pó. Elas passam o tempo conversando e fazendo as unhas. Às 18h é realizado um culto religioso. As mulheres dizem que, a cada seis meses, podem levar roupas novas aos detentos, limitadas a duas blusas, duas bermudas, seis cuecas, dois pares de meia, uma blusa de frio, uma calça, um par de tênis, uma toalha, um lençol e um cobertor.
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