quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Falta de regras tira competitividade da construção no país, diz presidente da MRV


fonte: Folha
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Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, principal parceria da Caixa no programa Minha Casa, Minha Vida, diz que, após ser autuada por trabalho análogo ao escravo, a empresa passou a fiscalizar diariamente os alojamentos de 345 canteiros de obras no país.
“Não vejo isso como custo, mas sim como um investimento.” Também afirma que a empresa foi autuada “injustamente” porque o trabalho degradante ocorria em alojamentos de “terceiros”.
O caso continua em discussão, mas a MRV firmou dois acordos para evitar novas ocorrências.
Folha – A MRV ainda está na lista suja do Ministério do Trabalho?
Rubens Menin - Nós fomos injustamente autuados por trabalho escravo. Não foi na MRV, mas em alojamentos de terceiros, que inclusive trabalhavam para outras empresas. Estamos discutindo na Justiça esse caso.
Temos 35 mil funcionários no Brasil. A gente toma conta disso, mas às existe uma falha no processos de terceiros. Por isso a lei que regula a terceirização é necessária.
E o que a empresa faz para evitar novos problemas?
Além do termo de ajustamento de conduta, firmamos um compromisso nacional para melhoria de condições do trabalho, que estamos implantando com sindicatos parcerias em todos os canteiros de obras do Brasil.
E temos uma equipe enorme fazendo fiscalização diária nos alojamentos dos terceirizados. São 345 canteiros, em 18 Estados mais DF.
Não se pode deixar isso nas mãos das terceiras, infelizmente. Há terceirizadas boas, mas também as ruins.
E qual impacto dessa ação no custo da empresa?
Não considero como mais um gargalo, mas como um investimento. Se a terceirização tivesse regras claras, tudo isso se regularizaria.
O sr. acredita que o projeto de lei seja aprovado neste ano?
Havia expectativa que fosse para frente neste ano. Mas o ano que vem [ano eleitoral] ninguém vai mexer com isso.
O que é mais necessário na lei?
Não adianta fazer um vôo de avião para uma região qualquer sem instrumento. Como as empresas vão trabalhar sem ter normas precisas? Mais uma vez você fica à revelia de interpretações, que são as mais variadas possíveis. Ter regras é fundamental para toda indústria, não só para construção. Esse é um negocio que está atrasadíssimo no Brasil. Como o país compete em nível mundial, isso tira a nossa competitividade: eles têm regras claras, nós não.
O setor da construção vai apresentar medidas ao governo para tentar resolver excesso de burocracia e impacto no custo e produtividade. Qual o efeito desse peso para a MRV?
Em vez de melhorar, a situação está piorando. Para fazer um apartamento popular, de 45 metros quadrados, são necessários R$ 70 mil de capital de giro, em média, por unidade, que será vendida por R$ 120 mil. Sem os entraves, seriam necessários R$ 35 mil. Para nós, o pior dos gargalos é o processo dos cartórios.
Qual o impacto no custo final?
Somados todos os prazos do processo gasto na etapa cartorial, que duram 12 meses, só esse gargalo custa efetivamente 5% do valor do imóvel. Se considerarmos que os cartórios também atrasam as obras e o custo financeiro em até 24 meses, são mais 5%. Sem considerar as licenças, prazos de alvarás, Habite-se e outros atrasos.
Em todo o país isso ocorre?
São mais de 10 mil cartórios nos 5.000 municípios, cada um tem suas regras. Sem falar que os financiamentos feitos pelos bancos para a produção são liberados só após os registros de contratos. Se considerar desde essa etapa até o lançamento, existe uma estimativa de que a indústria tem cerca de R$ 10 bilhões retidos em função da demora, do excesso da burocracia.
Poderiam ser usados para construir 150 mil imóveis e gerar 250 mil empregos.
Há indícios do impacto da corrupção nos custos?
A corrupção é muito nociva ao país. Agora vemos esse esquema investigado em São Paulo, alguns funcionários [e setor público] podem usar de subterfúgio de oferecer vantagem para poder cobrar alguma propina.
A empresa foi procurada?
Nunca fomos assediados, fazemos pouca obra na cidade. A gente faz mais na região metropolitana.
A gente não aprova essa prática. Como não adoto, às vezes demoramos demais para ter nossos processos aprovados.
Onde isso ocorre?
Quando acontece algum caso, nós preferimos até não trabalhar nessa cidade.


    Fonte: Folha

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