19/10/2013
Os acontecimentos dos últimos meses na área da educação sinalizam pela milésima vez que o Brasil tem que tomar uma atitude de ruptura com o processo educacional instalado e calamitosamente fracassado. Até quando o poder público vai continuar a ignorar que o caminho para o desenvolvimento e libertação do povo brasileiro passa pela Educação. Não há liberdade da Nação que se torna prisioneira de bondades e atos de piedade dos governantes. É um insulto aos jovens, ao povo e as famílias deste País a permanência de políticas sociais que colocam grilhões da dependência como forma exclusiva de libertação da miséria física, da pobreza cultural, da fome de conhecimento. Não há Estado no mundo que possa manter tal ação de suporte social com sucesso, exceto os que querem explorar o povo e mantê-lo cativo, típico de regimes autoritários e ditatoriais.
Qualquer ser pensante e dotado de primário saber, entende que a educação é a base para o bem estar social da Nação. É ela que consolida o índice de felicidade da população e a torna mais humana e solidária. É a Educação que impulsiona o crescimento do País e transforma a sociedade em uma comunidade justa e desenvolvida economicamente. Tudo isso é fato em todo o mundo, mas aqui no Brasil ainda estamos vivendo a pré história da educação e isso sacrifica gerações inteiras de jovens e estilhaçam com o futuro brasileiro.
Algumas brilhantes propostas e idéias, ante a incapacidade de entender seus conceitos e profundidade, são esgarçadas durante sua maturação, elaboração e execução. Temos aí exemplos tais como as cotas raciais substituindo as cotas sociais, o programa Bolsa Escola substituído pelo agrupamento de programas da Bolsa Família. Sempre que uma boa idéia surge, seguindo em seu rastro vem as famigeradas motivações políticas eleitoreiras que são capazes de liquidar com o real objetivo. Não acrescentam valores e desenvolvimento da proposta levando-a a maior alcance e resultados futuros, muito pelo contrário, atentam pelo imediatismo e casuísmo.
Há muito é do conhecimento o problema da vida dos professores, vida esta deteriorada a partir dos anos 80 em que fizeram da educação um cabide político. Méritos, conhecimentos, formação, tudo foi parar na lata de lixo ante o atendimento de pedidos dos coronéis políticos. Somada a isso, a demanda por educação foi crescendo e nada foi feito para atendê-la com qualidade. A degradação dos profissionais da área se tornou patente ante o desleixo de governos com o ensino superior e técnico voltado a educação. Abertura de cursos de Pedagogia e afins a área educacional tornaram-se imensos caça níqueis ou fornecedores de diplomas, raras exceções.
Todo ano existem greves por salários ou condições de trabalho, mas como já disse em vários outros artigos, qual o resultado disso na vida educacional do País? Os salários não são sinais de produtividade no ensino, tampouco os professores poderão oferecer qualidade por ganhar melhor. A base da formação profissional dos educadores está carente de conhecimento e maior técnica. Há tempos defendo que a área de remuneração deve ter o piso existente, mas a partir daí a exigência de melhor formação para ser merecedora de aumentos.
Ganhar mais vai depender do professor em fazer cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado. Para cada qual, um adicional qualitativo em seu salário. Hipotéticamente: X1 para cada curso de extensão, X5 para especialização, X10 para mestrado e X20 doutorado, todos cursos oficialmente autorizados e valores corrigidos anualmente por índice previamente estabelecido. Caberá a ele definir o quanto quer ganhar e com toda certeza que nesse processo os alunos e a educação sairão vitoriosos. A escala remuneratória ficará atrelada a melhor formação. Terá que estudar e estudando poderá fornecer melhores idéias, procedimentos e produtividade a educação. Dessa forma, não haverá o que discutir sobre remuneração, cada qual já sabe onde pode chegar. O professor terá que conquistar seu ganho.
Outro ponto fundamental, assim considero e já tratado em outros artigos, é a desvinculação do setor educacional da estrutura de governo, com autonomia administrativa. A não ingerência política na educação será um grande passo a evolução do ensino no Brasil. Para isso, terá que aparecer um partido, grupo ou indivíduo político que assuma tal posicionamento de bem querer a juventude brasileira e oferecer a ela a possibilidade de alta qualificação educacional. Sem esta desvinculação, o estado de coisas não mudará. É preciso recriar a educação.
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