sábado, 7 de setembro de 2013

No país dos médicos importados, do presidiário Donadon e de Saboia


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Acílio Lara Resende
Só alguém intrinsecamente cruel poderia discordar da contratação de médicos estrangeiros para servir, nas periferias das capitais ou em alguns dos nossos municípios, aos desprovidos até mesmo de um simples ato de caridade. Só um demagogo ou alguém totalmente alienado ou politicamente mal-intencionado (em qual dessas três categorias se encaixa o ex-presidente Lula?) poderia dizer que a saúde, no Brasil, é excelente, só merece aplausos. Só um idiota poderia afirmar que nossos médicos ou quaisquer outros dos nossos profissionais liberais são ética, científica e humanamente bem-formados.
Diga-se logo, porém, que nossos médicos, hoje na berlinda, não são os únicos responsáveis pelo estado crítico da nossa saúde. Não podemos nos esquecer de que somos um país sem esgoto – talvez o primeiro degrau da saúde, sobretudo pública – e sem educação. Saneamento básico e educação de qualidade (e igual para todos, ricos e pobres) dispensariam, com certeza, o programa posto agora em prática.
Mas qualquer um de nós, que vive na cidade, sabe da dificuldade para se consultar um médico em seu consultório, sobretudo um especialista, conveniado ou particular. No primeiro caso, a marcação de consulta imediata é seguramente impossível; no segundo, privilégio de poucos, não se conseguiria marcá-la com a urgência necessária.
HIPOCRATES
É claro que há profissionais, na sua maioria (pois não sou tão pessimista), que dignificam o exercício da medicina. Seriam incapazes de romper o juramento de Hipócrates que juraram respeitar.
Embora o médico Dráuzio Varella diga que o juramento está ultrapassado (mesmo atualizado, em 1948, pela Declaração de Genebra), há nele – e ele mesmo reconhece isso – valor filosófico e moral. Dráuzio está certo quando afirma que curar é finalidade secundária da medicina e que aliviar o sofrimento humano é sua finalidade primordial.
E é isso – atenção e alívio do sofrimento humano – que os doentes, em sua maioria, procuram desesperadamente na rede pública de saúde. E é isso que os médicos estrangeiros que chegaram poderão afinal dar aos brasileiros privados de tudo, apesar dos vícios ou dos defeitos do programa do governo. E um dos seus defeitos, além da dispensa do teste Revalida, é esse estranho amor que Lula e Dilma têm por um ditador que, há mais de 50 anos, escraviza o seu povo. Não se pode aceitar que Cuba surrupie dos médicos que nos enviou, além da liberdade de ir e vir, a maior parte do salário que deveriam receber.
Donadon. É inimaginável a manutenção do mandato de deputado do presidiário Natan Donadon. Com a condenação sofrida, perdeu o direito de votar e ser votado. O seu suplente já assumiu e ele não tem sequer salário. É, quem sabe, um ectoplasma. Espera-se que a anulação da votação na Câmara Federal, pelo ministro Luís Roberto Barroso, conduza seus coleguinhas a uma ação coletiva de profilaxia mental…
Saboia.O diplomata Eduardo Saboia pode, sim, ter jogado sua carreira no Itamaraty às traças, mas não tinha outro caminho a tomar, depois de 450 dias de insistência junto ao governo Dilma para que exigisse da Bolívia o respectivo salvo-conduto em favor do senador boliviano Pinto Molina, já, então, um asilado político. Diante dos riscos que só ele sabia quais eram e que medida tinham, agiu em defesa dos direitos humanos. Agiu em legítima defesa (dele e de terceiros). E se o senador morresse de doença ou fosse assassinado em “solo” brasileiro? (transcrito de O Tempo)

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