sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nem o New York Time faria melhor, de Carlos Chagas



Carlos Chagas
Tivesse a presidente Dilma Rousseff confirmado a visita aos Estados Unidos, em outubro, seria veementemente criticada por não reagir como devia em defesa da soberania nacional, dados os lamentáveis episódios da espionagem permanente praticada por aquele país contra o Brasil. Como cancelou, ou melhor, adiou sua ida a Washington, recebeu ontem outro tanto de violentas críticas por haver suspendido a viagem onde seria homenageada como uma das duas chefes de governo que anualmente se hospedam na Casa Branca.
Quer dizer: Dilma seria condenada por ter cachorro e por não ter cachorro, como na fábula popular. No reverso da medalha, o PT e as esquerdas a aplaudem pelo gesto de reação à impertinência dos gendarmes do planeta, aqueles que se julgam no direito de conduzir os destinos da Humanidade, até espionando seus aliados. Mas os setores conservadores, incluindo-se neles as oposições, botaram a boca no trombone como se tivéssemos, além de perder a oportunidade de tirar vantagem das relações com os americanos, interrompido uma via de relacionamento capaz de favorecer nossos interesses.
Desse labirinto, não há saída. Nem o Lula teria condições de estender um fio de Ariadne para fazer o Brasil entrar nas cavernas do Minotauro, acabar com ele e sair ileso.  Traduzindo: prejuízo teríamos e teremos nas duas hipóteses. Em especial porque os Estados Unidos não pedirão  desculpas por intrometer-se em nossas comunicações e em nossos segredos, e nem se comprometerão  em   interromper  a bisbilhotagem.
Tem sido assim desde que logo depois da Independência um tenente da Marinha americana subiu o rio Amazonas sem licença  do  Império, percebeu o potencial econômico da exploração e sugeriu a seu governo a importância de dividir o Brasil em  quatro ou cinco países, facilitando a exploração e o domínio de nosso território conforme seus interesses. Felizmente não deu certo, para eles, mas nem por isso se imagine que desistiram.
A definição de “nações” indígenas na Amazônia, do esbulho chamado “Raposa-Serra do Sol”, em Roraima, até a ampla região da tribo dos Ianomani na fronteira com a Venezuela e a Guiana, demonstram o perigo que ainda sofre nossa soberania. Montes de ONGs estrangeiras e até brasileiras transformaram esses territórios em enclaves internacionais onde a entrada de cidadãos brasileiros é proibida, em nome de uma trama que logo se transformará num conflito onde as Nações Unidas reconhecerão a independência de territórios governados por um bugre-presidente da República, com PHD na Holanda e ávido de celebrar acordos de cooperação econômica e militar com quem? Ora, com os Estados Unidos…
A defesa da soberania nacional passar por diversos caminhos. Um deles foi o adiamento da visita de Dilma aos nossos irmãos do Norte, mas mil outros terão de ser trilhados. Tome-se a Amazônia, por exemplo. Voltou a conversa de que ela não  pertence ao Brasil, mas “à Humanidade”, devendo ser administrada pelas comunidades internacionais, mero engodo para significar o predomínio da superpotência mundial. Jamais se supõe uma invasão armada, desnecessária por conta da prevalência econômica. Também, não resistiríamos quinze minutos, com ou sem os 36 caças que não podemos comprar. No máximo, transformaríamos nossos guerreiros em guerrilheiros,  mas sem a certeza de sucesso, porque desde o Vietmã que eles terão aprendido alguma coisa.
O confronto é cruel e inevitável, exceção para aquela forte parcela de brasileiros ávidos de aderir aos interesses externos em nome do enriquecimento fácil. Com os meios de comunicação à frente. Basta ver o que estão  publicando desde ontem, a respeito do adiamento da visita de Dilma aos Estados Unidos. Nem o New York Times faria melhor…

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