Melissa de Andrade
Não é de hoje que Seattle tem um festival da maconha. Festival mesmo: vários dias de música, vários palcos, apresentações ao ar livre, talentos descobertos, palestras, artesanato, comida... e maconha.
Já faz 22 anos que o HempFest acontece. Mais uma edição está planejada para este fim de semana. Mas vai ser a primeira vez depois da legalização da maconha no estado de Washington. E, como todo período de transição, sempre tem espaço para situações inusitadas.
Como a campanha educativa da polícia de Seattle para instruir os participantes sobre o que é legal sob a nova lei – e o que não é. Em vez dos tradicionais panfletinhos que viram item descartável quase instantaneamente, a informação vai estar grudada em pacotes de salgadinhos.
Sim, os policiais vão distribuir Doritos para os famintos participantes do festival. Na embalagem, perguntas e respostas sobre o que é permitido e o que não é, o que muda, o que já está determinado e o que ainda vai ser definido ao longo do ano (o estado tem um ano depois da aprovação para regularizar a lei).
Foto: Divulgação
Sei que é chato comentar a piada, mas a polícia demonstra bom humor de sobra ao usar o estereótipo da fome associada ao consumo de maconha como forma de chamar a atenção dos participantes do festival e se aproximar deste público-alvo. Não há oportunidade melhor.
O HempFest se autointitula o maior evento de apologia à maconha do mundo. Não é à toa que acontece em um dos dois únicos estados americanos em que a maconha é liberada.
Liberada, sim, mas nada de banda voou. Primeiro, continua proibido fumar maconha em público e dirigir sob efeito da erva (como também não se pode tomar bebida alcóolica em público nem dirigir depois de beber).
Também é proibido vender. E dar maconha a alguém. A polícia diz que não pretende usar o festival para fazer uma fiscalização, mas que não vai admitir menores de idade fumando maconha. Tomara que estes fiquem só no salgadinho.
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.
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