sexta-feira, 14 de junho de 2013

Diga conosco: Lu-lo-dil-ma, por Maria Helena RR de Sousa


Leio no Painel da Folha de S. Paulo de 13/06/2013:
“Receita: Aconselhada a tomar uma “injeção de Lula”, a presidente cancelou a viagem que faria ao Rio hoje para se encontrar com o ex-presidente em evento do PT no Paraná. Dilma remarcou para amanhã a ida à capital fluminense, onde vai anunciar investimentos na Rocinha”.
Imediatamente lembrei-me de um luminoso que encantava quando eu era bem jovem: quatro rostos femininos, um de cada vez, iam formando com os lábios as sílabas Lu-Go-Li-Na. As lâmpadas acendiam e apagavam e a propaganda servia ao seu propósito: prendia a atenção.
Fui pesquisar no site da Anvisa se era um medicamento injetável. Não era. Mas a semelhança com os nomes e o anúncio completo, com um Diga Conosco que me escapara, justificam plenamente porque em minha memória acendeu o Lugolina ao ler que dona Dilma foi aconselhada a tomar uma “injeção de Lula”.
Na nota do Painel não diz quem a aconselhou mas como na nota anterior falam de uma reunião dela com João Santana e ministros, “para avaliar as recentes pesquisas de popularidade”, deduzo que a receita tenha vindo desses senhores.


Com os quais concordo. Cara feia é fome e como a presidente não passa fome, creio que posso deduzir que anda mal humorada. O que é natural. Ela não caiu nas pesquisas por motivos outros que não fossem a inflação e o aumento do dólar, que assusta e incomoda a todos os brasileiros, dos bolsistas aos que têm a bolsa estourando de tão cheia.
Dona Dilma tem um vezo ao falar que em dilmês fica até mais forte: “o meu governo”, “no meu governo”. O “meu” dela é altamente revelador. Parece um amigo, bem casado, mas que é incapaz de dizer “a nossa casa”, “os nossos filhos”, “o nosso jardim”. Tudo para ele é “meu”. Ele também é petista. Vai ver no treinamento petista ensinam a nunca usar o possessivo no plural...
Enfim, seja meu ou nosso governo, o país é definitivamente nosso e a preocupação com o que está ocorrendo aflige a todos nós, com exceção dos alienados e aloprados, que para esses o mundo é sempre cor de rosa.
As cenas de violência em São Paulo e no Rio, os assaltos e crimes cada vez mais numerosos, a calma com que a polícia se refere ao roubo “saidinha do banco”, os preços subindo e o ministro da Fazenda querendo nos fazer crer que não estão subindo, as pessoas cada vez mais descrentes... isso lembra tanto o passado quanto o anúncio do Lugolina.
As soluções para cativar o eleitorado, francamente, são daquelas que se não aleijam, matam. O financiamento Minha Casa Melhor, alguém já parou para pensar no que as indústrias farão com os preços máximos determinados pelo governo?
O que desabará primeiro, o sofá de R$375,00 ou o guarda-roupa de R$380,00, após a primeira infiltração? Ou a casa?

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Ela também tem um blog – Maria Helena RR de Sousa.

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