sábado, 18 de maio de 2013

Os Herdeiros, por Maria Helena RR de Sousa



Desde 2003, na arena política, há uma palavra que se repete continuamente: herança. Ora é a herança maldita, ora é a herança bendita. Como não há herança sem herdeiros, falemos um pouco dessas figuras.
Não pensem, nem por um minuto, que somos nós, o povo, os herdeiros! Não, longe disso. Nós somos a argamassa, a base que sustenta os herdeiros. Os principais herdeiros do monte são Lula e Dilma, pois no Brasil de hoje quem herda a caneta, herda o poder. Todo o poder.
Há muitos outros herdeiros, congressistas, governadores, prefeitos, ministros, assessores, presidentes de estatais e de institutos, são muitos, o que não espanta diante do tamanho da herança. Mas eles não herdaram a caneta com tinta indelével. Quando muito herdaram canetas com tinta mágica...
O que não diminui sua alegria. A herança, gigantesca, faz a felicidade dessa geração política e de seus filhos e netos. Mas assim mesmo, não basta: eles estão se desentendendo como uma família de 10 filhos que herdou um terreno de 10X10 e começa a brigar já na saída do cemitério.


Não é necessária prova maior do que essas últimas 50 horas. O Congresso esteve em reunião quase que permanente para apreciar e votar a Medida Provisória dos Portos. Uma medida que é, por todos os aspectos que se olhe, da maior importância. O Brasil depende de seus portos como nós, seus habitantes, dependemos de oxigênio.
Todos concordam com isso. O que assustou foi o Executivo tirar as luvas e mostrar, abertamente, suas mãos de ferro.
Deixou a impressão que se o Congresso não votasse Sim à MP, nosso país definharia em poucos dias.
Não consigo compreender porque assunto dessa importância recebeu um tratamento aligeirado, para ser votado com a pressa de quem foge de um incêndio. E não é apenas votar. É votar favoravelmente à vontade de dona Dilma!
Não ouvi nem uma palavra que justificasse a urgência da votação. Pergunto: se os deputados e senadores resolvessem se portar com altivez e independência, como disseram que o fariam, e derrubassem a MP, o que aconteceria?
Nada justifica essas noitadas na Câmara dos Deputados, nada. Foi um espetáculo deprimente, de cabo a rabo. Se houvesse um modo de selecionar o que foi importante dizer do que foi totalmente inútil, não teria sido necessária a galinhada servida para alimentar os pobres membros da Câmara dos Deputados, insones e famintos.
Não sendo herdeira, sendo parte da argamassa, só tenho direito a palpitar. E palpito: eu voltaria a me orgulhar de ser brasileira se o Senado resolvesse, desabridamente, derrubar a MP, mas dizendo claramente porque o faria. Porque este país não pertence à Dilma ou ao Lula. Este país nos pertence.
Para votar em outra ocasião, depois de estudar o assunto como deve ser estudado. Seria uma lição que Dilma Rousseff não esqueceria!

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