sábado, 18 de maio de 2013

O vice-presidente Temer usa funcionária pública em negócios particulares



10:54:41

O curioso é que ainda nos surpreendamos com isso

Temer: a secretária, paga pelos cofres públicos, é também sócia de uma empresa sua, e trabalha para seus negócios privados (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
Engraçado como ainda tem gente que se surpreenda com fatos como este, divulgado hoje pelo site de VEJA: o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), usa uma funcionária pública de seu gabinete para administrar seus negócios privados, em São Paulo. Ela é ao mesmo tempo secretária do vice e administradora e gerente em uma sua empresa.

Gilda Silva Sanchez não trabalha no famoso escritório da Presidência na capital paulista, o mesmo e amaldiçoado lugar que Rosemary Noronha, a amigona do ex-presidento Lula, transformou em balcão de tráfico de influências, segundo apurou a Polícia Federal.

Ela opera no escritório pessoal de Temer em São Paulo. ...

Digo engraçado no sentido mais triste que a palavra possa ter. Melhor seria ter escrito “curioso”. Pois bem, é curioso que se estranhe o fato, uma vez que confundir o público com o privado é uma velha, antiquíssima prática de homens públicos “neztepaiz” — nem preciso lembrar o caso do impichado ex-presidente Fernando Collor. A lista é interminável, e inclui homens públicos federais, estaduais e municipais.

E, durante o lulalato, passou-se a achar a coisa mais natural do mundo a confusão público/privado — como comprovou o escândalo do mensalão, que incluiu desvio de dinheiro público para rechear bolsos de deputados da “base governista” — porque o lulopetismo considera que faz o “bem-estar” do povo a seu modo, que promove a “inclusão”, e que este valor justifica tudo e está acima de tudo, inclusive da lei. Não exagero: o lulopetismo vive dando provas disso.

Temer não é lulopetista, não entrou na roubalheira do mensalão, mas acabou adotando a prática de misturar público e privado.

Também é uma rotina a forma pela qual que se respondem a questões incômodas, como a de por que, afinal, uma funcionária pública que ganha mais de 7 mil reais por mês oriundos dos impostos que nós, brasileiros, pagamos, está a serviço dos interesses particulares do vice-presidente.

Sua nomeação foi “um lapso”, foi a desculpa esfarrapada esculpida pela Vice-Presidência.

O luxuoso edifício Spazio Faria Lima, no bairro do Itaim-Bibi: Temer possui um andar inteiro, que vale entre 12 milhões de reais (Foto: veja.abril.com.br
De minha parte, aqui de meu modesto ponto de observação, também acho bastante interessante que o patrimônio de Temer — membro de carreira do Ministério Público de São Paulo e político em tempo integral há duas décadas –, para citar apenas um único de seus itens, inclua um andar inteiro (700 metros quadrados) de um prédio moderno em uma das regiões de escritórios mais procuradas da capital paulista, com valor estimado em 12 milhões de reais.

Trata-se de dois escritórios conjugados com vinte vagas de garagem privativas dotadas de manobristas, alugados para o banco de investimentos BR Partners. Profissionais da área estimam que somente este imóvel renda ao vice-presidente de 80 000 a 100 000 reais por mês.

A assessoria do vice-presidente telefonou para a coluna lembrando que Temer, além de sua carreira como funcionário e como político, também advogou por muitos anos, tendo sido sócio de escritórios de peso como o de Celso Antônio Bandeira de Mello. Da mesma forma, informa que parte do pagamento pelo imóvel, adquirido na planta, foi feito com a transferência à incorporadora de casas de sua propriedade então existentes no quarteirão do prédio.

Fico imaginando se, no tempo de FHC, se descobrisse algo semelhante envolvendo o vice-presidente Marco Maciel…
Fonte: Veja.com - Ricardo Setti - 18/05/2013

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