Tostão (O Tempo)
Hoje, o Corinthians, sem a torcida, terá de imaginar e de tentar jogar como se o estádio estivesse cheio. O mais provável é que jogue como se fosse um treino coletivo, o que é ruim. Não dá para antecipar as reações humanas.
Garrincha inventando…
Quando Ganso foi contratado, escrevi que não entendia gastar tanto dinheiro com um jogador da mesma posição de Jadson. Foi preciso trazer o Ganso para todos perceberem que Jadson é um excelente meia. Ele joga bem desde que chegou ao clube.
A escalação dos reservas do Grêmio contra o Inter, sem nenhum motivo técnico e físico, já que o time não joga neste meio de semana, foi um desrespeito aos torcedores e ao Grenal. A única razão para Luxemburgo fazer isso foi o medo de o time ser derrotado e perder o prestígio conseguido após a belíssima vitória sobre o Fluminense.
TREINADORES
Na coluna anterior, disse que os técnicos europeus são melhores que os brasileiros para organizar uma equipe e que os brasileiros são superiores na escalação dos jogadores nos lugares certos. Quando comecei a me empolgar e a entender de futebol, ainda menino – vi Pelé, Garrincha e Didi jogarem, antes da Copa de 1958 -, os europeus já se destacavam pela ocupação dos espaços, e os brasileiros, pela intimidade com a bola.
Como as grandes equipes brasileiras do passado tinham muitos craques, criou-se a lenda de que elas não precisavam, para vencer, de futebol coletivo. O futebol mudou. Com a globalização e o desenvolvimento da ciência desportiva, o jogo tornou-se mais tático, veloz e físico. Houve também uma diminuição da superioridade individual do Brasil – há hoje outras seleções com mais craques. As partidas passaram a ser decididas mais pela organização tática. Nisso, os europeus levam vantagem.
Nos últimos tempos, os europeus perceberam que, para o futebol se tornar um espetáculo e dar lucro, era necessário melhorar os gramados, diminuir a violência, dentro do campo, na arquibancada e fora do estádio, e jogar de uma maneira mais agradável, com mais troca de passes. O Brasil, influenciado pela violência social, pela incompetência dos dirigentes, foi para um outro caminho, o do futebol truncado, faltoso e de muitas jogadas aéreas. Isso começou a mudar. Ufa!
A importação dos melhores jogadores foi essencial para melhorar o futebol europeu. Os principais times são superiores às seleções. Na América do Sul, geralmente, ocorre o contrário. Muitas seleções melhoraram, e os times pioraram. Os atletas que atuam hoje no Brasil, pelo crescimento financeiro dos clubes, formam uma seleção do mesmo nível dos que jogam fora do país.
Parafraseando o guerrilheiro e visionário Che Guevara, um homem contraditório, como todo ser humano, o futebol brasileiro precisa ser mais organizado, planejado, sem jamais perder a fantasia e o jogo e o gol inventados.
SALVE O AMÉRICA
Alguns leitores reclamam que não falo sobre o América, meu time de infância, quando ia assistir aos treinos e aos jogos com meu pai, torcedor do Coelho. Como escrevo em vários jornais de outros Estados, tenho de assistir às principais partidas no Brasil e em todo o mundo – são tantas -, não consigo ver os jogos de outras equipes, a não ser quando elas enfrentam os maiores clubes. Além disso, não comento futebol pelos melhores momentos nem por informações de internet, jornais, rádio e televisão. Se não vejo todo o jogo, com calma, prefiro ignorar.
Não dá para ver nem comentar, mas dá para torcer para o América voltar à Série A do Brasileirão. Segundo os comentários, isso vai ser difícil. Dizem que o América tem hoje um dos piores times dos últimos anos. Pena!
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