sábado, 26 de janeiro de 2013

Convenção do PT poderá decidir entre Dilma e Lula



Pedro do Coutto
Pelo tom de ofensiva política que a presidente Dilma Rousseff adotou ao anunciar o corte nas tarifas de energia elétrica, e com base também na reportagem de Raymundo Costa publicada no Valor de quinta-feira 24, parece existir efetivamente um problema entre a atual e o ex-presidente da República.
Dilma teria dito a um interlocutor que seu mandato é de oito anos, o que obviamente implica em sua nova candidatura em 2014. Como evidentemente não teria cabimento qualquer pergunta nesse sentido, a afirmação teria sido uma resposta à movimentação de Lula no plano da articulação política do governo que ele acha necessário tomar novo rumo? É possível e, neste caso, um confronto se aproxima.
Pois caso Lula deseje ser novamente candidato, e diante de disposição revelada por sua sucessora, pode surgir um quadro singular em matéria eleitoral: a convenção do PT poderia ter que decidir o impasse. Mas não seria, tampouco poderia ser, uma decisão fácil. Ao contrário. Pela primeira vez alguém que ocupa a presidência da República teria o seu destino nas mãos dos convencionais, que definiriam a questão. Mas sob este prisma ocorreria uma ruptura. Difícil Dilma tomar a iniciativa de romper com Lula, já que foi ele quem transferiu sua força e sua imagem para torná-la vitoriosa nas urnas. É apenas uma hipótese.
HIPÓTESES
A política, porém, antes dos prazos improrrogáveis, alimenta-se e vive se movendo entre hipóteses. Dizer, como alguns costumam colocar que não se raciocina sobre hipóteses, não tem base na realidade. Todos raciocinam e pautam o seu pensamento sobre hipóteses, seus posicionamentos também. É natural. A possibilidade de presidentes, governadores, prefeitos, poderem sem necessidade de se desincompatibilizarem seis meses antes da eleição, criou uma força adicional para as convenções partidárias. Passaram elas a ter uma capacidade de decisão maior do que antigamente. Pois antigamente o titular do mandato não poderia disputar de novo. Não existia a reeleição. Acrescente-se que o presidente, os governadores e prefeitos não são candidatos natos como os deputados. Têm que ser confirmados pela convenção. Haja articulação e negociação política num caso de dualidade.
Como alguém escreveu outro dia, o PT encontra-se numa situação extremamente vantajosos sob o ângulo eleitoral. Possui dois nomes de alta popularidade – Dilma e Lula – em condições de disputar a presidência da República. No entanto, a vitória de Fernando Haddad pela Prefeitura de São Paulo muito acrescentou à imagem de Lula. Foi uma escolha integralmente pessoal e uma transferência incontestável de votos. No início da campanha, Haddad estava bem abaixo de Serra. Terminou vencendo disparado no segundo turno. Maior demonstração de força não poderia haver.
Inclusive o fato pode refletir junto à convenção se a dualidade efetivamente vier a se confirmar no passar do tempo. Uma vez que o prestígio individual de Luis Inácio é maior que o de Dilma e isso pode influir nas escolhas dos candidatos da legenda a governos estaduais e ao Senado. Mas são apenas conjunturas, entretanto repousando em bases lógicas, mais fortes que as raízes ideológicas. Que no caso, entre Dilma e Lula, não diferem. Portanto a motivação das bases partidárias, se o dilema se confirmar, no final da ópera, pendem mais para Lula. Mas não quer dizer que ele vá mesmo assumir a condição de candidato novamente ao Planalto. Por enquanto são especulações.

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