quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Relação entre público e privado pode ter novos parâmetros, por Miriam Leitão


JULGAMENTO DO MENSALÃO


Hoje, quando começa o julgamento do mensalão, é um dia histórico, independentemente do resultado - a decisão pertence aos ministros, que julgarão com base nos autos e suas convicções. Para que esse dia chegasse, as instituições brasileiras tiveram que exercer suas funções de forma autônoma, soberana. Congresso, Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas, Supremo Tribunal Federal.
O sinal que o país está dando é que está disposto a estabelecer uma barreira. O aumento da corrupção assusta.
O julgamento da ação penal 470 pode ser o início da criação de novos parâmetros na relação entre o público e o privado, os fornecedores e o Estado, as autoridades e o dinheiro público. Isso terá repercussões políticas, mas também profundo impacto econômico.
A partir de agora, seja qual for o resultado, já se sabe que manipulação de contrato de fornecedores, dinheiro não contabilizado, remessas ilegais, qualquer ato que não possa ser bem explicado não serão varridos para debaixo do tapete. Isso reduz o gasto público, faz com que os fornecedores do governo se preocupem com a transparência dos contratos, com o melhor serviço.
Um ambiente que favorece a corrupção acaba contaminando toda a economia, até porque o governo é o maior comprador de produtos e serviços.
A busca da eficiência, da transparência, do controle nos gastos ganha a partir de hoje um grande incentivo. Toda mudança é um longo processo, mas é um excelente sinal que aquela acusação feita lá atrás, há sete anos, chegou até hoje, quando 38 réus terão de explicar seus atos diante dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

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