BRASÍLIA - Desde o início do governo Lula, em 2003, militantes do PT formados nas fileiras do sindicalismo bancário chegaram a cargos importantes no Banco do Brasil e deixaram ao longo dos últimos nove anos rastro de suspeitas e denúncias. Quando chegou ao poder, o PT de Lula, José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini, entre outros, pôs em postos-chave do banco funcionários de carreira/sindicalistas ligados ao partido. De lá para cá, grupos de petistas já travaram inúmeras disputas internas, sempre barulhentas, pela divisão do poder na instituição.
Mas até mesmo um nome que saiu da iniciativa privada para assumir a presidência do banco, no início de 2003, teve problemas. Cassio Casseb foi anunciado pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com apoio do chamado PT paulista, José Dirceu à frente, como presidente do banco. Saiu em 2004 após desgastes de suspeitas que já rondavam o banco. Um dos escândalos mais barulhentos da época, divulgado pelo GLOBO, mostrava a compra de R$ 70 mil em ingressos de um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, na churrascaria Porcão em Brasília, para uma festa do PT.
Pago com dinheiro da Visanet pelo então diretor de Marketing Henrique Pizzolato, o caso mais notório de petistas que fizeram carreira e barulho no BB. Réu do processo do mensalão, ele já foi considerado culpado pelo relator Joaquim Barbosa e pelo revisor Ricardo Lewandowski por crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
“Na diretoria de Marketing reinava a balbúrdia”, disse Lewandowski na leitura de seu voto quarta-feira, ao expor fatos que comprovariam o desvio de recursos públicos do BB para o esquema do mensalão. Pizzolato, funcionário do banco, deixou em 2002 importante diretoria da Previ (o bilionário fundo de pensão dos funcionários do banco), que ocupava desde 1998, para trabalhar na eleição de Lula. Ganhou a diretoria de Marketing e, com o escândalo do mensalão, em 2005, antecipou a aposentadoria.
Em anos recentes, outros petistas ganharam notoriedade em cargos no BB. Sérgio Ricardo Rosa, petista de carteirinha, também saiu da diretoria do fundo de pensão para a equipe de transição do governo Lula. Em 2003, assumiu como presidente da Previ, onde acumulou inúmeras polêmicas, até sair em junho de 2010.
O governo mudou de Lula para Dilma Rousseff, mas continuam prevalecendo no comando do banco nomes alinhados com o partido. O PT tem preferido pôr nesses cargos aliados do próprio corpo de funcionários do banco. É o caso do atual presidente, Aldemir Bendini, e outros diretores, como Robson Rocha, diretor de Gestão de Pessoas, filiado ao PT.
Das sete vice-presidências, hoje só duas estão ocupadas por políticos: os ex-senadores Osmar Dias (PDT-PR), na vice-presidência de Agronegócio, e César Borges (PR-BA), na de Governo.
Em maio, teve desfecho uma briga no alto escalão do banco entre Bendini, o então vice-presidente de Governo, Ricardo Oliveira, e o então presidente da Previ, Ricardo Flores. Oliveira e Bendini, protegidos do ministro Guido Mantega. E Flores, protegido por PT e alas do PMDB.
Dilma manteve Bendini e demitiu Ricardo Oliveira e Ricardo Flores. O que significa que estão em alta na briga pelo comando do BB Mantega e Dilma. Os paulistas ainda mantêm aliados, mas não estão no topo. Pelo menos até a próxima briga.
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