sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Porto Alegre terá o primeiro hospital veterinário público do país



31/08/2012 15:06:32

Foto: Ricardo Giusti/PMPA
Área com bloco cirúrgico e pós-operatório terá em torno de 600m²
Área com bloco cirúrgico e pós-operatório terá em torno de 600m²
O prefeito José Fortunati, o titular da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda), Urbano Schmitt, e a empresa Novavicenza Negócios e Participações SA assinam, na segunda-feira, 3, o Termo de Compromisso para construção do Hospital Veterinário de Porto Alegre. A solenidade acontece às 11h, no Salão Nobre do Paço Municipal.
 
O hospital será construído em um terreno da Prefeitura de 1,1 mil metros quadrados localizado na rua Eng. Antonio Carlos Tibiriçá, bairro Jardim Botânico. Somente a área com bloco cirúrgico e pós-operatório terá em torno de 600 metros quadrados. A expectativa da empresa responsável pelo projeto é iniciar obras no início de novembro e entregá-las em 10 meses. 
 
Este será o primeiro hospital público para animais de estimação do Brasil. Na Capital paulista, a Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Aclinvepa) criou instituição para atender casos de baixa complexidade. A Prefeitura daquela cidade repassa uma verba mensal de aproximadamente R$ 600 mil por mês para atender 70 casos por dia, incluindo consultas, retornos, internações, exames e cirurgias. 
 
Há pouco mais de um ano, a Área de Medicina Veterinária da Seda conta com uma equipe de seis veterinários que atende, em média, 60 casos por dia, seja para esterilização; cirurgias de risco (tumores  e amputações), tratamento quimioterápico e atendimento a animais vítimas de acidentes e atropelamentos. O novo hospital atenderá casos de média e alta complexidade. 


/animais
Texto de: Roberta Amaral
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.

HUMOR - A Charge do Amarildo



Depois da crise em Osasco, PT dá vexame de corrupção também em São Caetano



Pedro Rocha (O Estado de S. Paulo)
O vereador petista Edgar Nóbrega renunciou à disputa pela prefeitura de São Caetano do Sul. O motivo da saída de Nóbrega foi a divulgação de um vídeo em que ele aparece pedindo R$ 100 mil ao secretário de Governo da prefeitura, Tite Campanella, em troca de uma oposição petista mais branda. O Diretório Municipal do PT decidiu não apresentar outro nome e o partido não terá mais um candidato.
Em carta ao partido, Nóbrega diz que o vídeo foi “editado de maneira criminosa, constrange minha honra e a minha história”. Ele afirma ainda sobre sua saída da disputa, ” essa é uma decisão que faço para me dedicar integralmente a agenda de minha defesa pessoal”.
No vídeo, divulgado pelo candidato a vereador Eder Xavier (PC do B), Nóbrega diz que os R$ 100 mil serviriam para garantir os votos de militantes do PT na disputa pela presidencia do partido em São Caetano do Sul, em 2009. Com isso “O grupo que governa a cidade vai ter um aliado ou um adversário leal”, diz Nóbrega. Ele ganhou o cargo.
A prefeitura de São Caetano do Sul informou em nota que abriu sindicancia pela Corregedoria Municipal para investigar o ocorrido.
Também afirmou que o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) “desconhece a existência desse diálogo entre o secretário de Governo Anacleto Campanella Júnior e o vereador Edgar Nóbrega”. Campanella pediu exoneração do cargo na última segunda-feira, 27.
Na última pesquisa Ibope de intenções de votos Nóbrega aparece com 3% das intenções. A disputa é liderada por Paulo Pinheiro (PMDB), com 29%, seguido por Regina Maura (PTB), com 26%.

Pensar é perigoso



Jacques Gruman
Por onde andará Júlio Verne ? O visionário que incendiou a imaginação de tanta gente anda meio esquecido. Conversei com uma garotada e quase ninguém tinha ouvido falar deste francês que, no século dezenove, povoou a literatura com histórias fantásticas e, não raro, premonitórias. O clássico 20 Mil Léguas Submarinas, por exemplo, conserva uma atualidade desconcertante. Escrito em 1870, abre tantas janelas que fica difícil saber por onde começar. Vou me concentrar no que aprendi de melhor.
Um militar, o capitão Nemo, constrói um submarino, o Nautilus, com aspecto de fera marinha, e passa a atacar barcos de guerra. É impiedoso. Não recolhe náufragos e trabalha com uma equipe de marujos absolutamente fiéis. A destruição das naves se fazia de forma engenhosa: na parte superior do Nautilus havia uma estrutura serrilhada, que, ao tocar os cascos dos navios, os destroçavam. A nave submersa era movida por uma fonte de energia autônoma, supostamente eletricidade, espécie de antecipação dos combustíveis nucleares. O aspecto medonho cria o mito de um monstro marinho que afunda buques de guerra. A propaganda já era a alma do negócio.
Qual era, afinal, o objetivo de Nemo ? Pacifista radical, mas ingênuo, achava que poderia acabar com as guerras destruindo as ferramentas da Morte e seus usuários. Mesmo contemporâneo de Clausewitz, não ouviu falar que a guerra é a política feita por outros meios. Cometeu, a seu tempo, o mesmo engano dos luditas, que, no alvorecer da Revolução Industrial, atacaram as máquinas.
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JOGO DO PODER
Não percebeu que as expedições guerreiras de todas as épocas não são uma catarse coletiva, com requintes de crueldade, mas uma forma de consolidar ou ampliar o poder de grupos que raramente pegam em armas. Manipulam, desinformam, insuflam, financiam, e, sob montanhas de cadáveres, festejam. Quantos presidentes, imperadores ou primeiros-ministros estiveram em frentes de batalha ? A carnificina é sempre terceirizada. Do Nautilus surge um dilema moral fascinante. O submarino liquidava militares aos montes. É virtuoso matar para impedir que se mate mais ?
Nemo foi retratado por Hollywood, num filme da década de 1950, como um desequilibrado. Típico. Personagem complexo,refletindo provavelmente a angústia de Verne com os massacres das guerras coloniais no século dezenove, inaugurou no imaginário de sua época o sonho de uma agricultura marinha sustentável. Os tripulantes do Nautilus, vestindo arrojados escafandros, plantavam pepinos do mar e não pescavam de forma predatória. Mal sabiam que estavam antecipando ripongas e conservacionistas.
A história não termina bem. Não entro nos detalhes, quem quiser conhecê-los é só ler o livro. Tal como na Dança dos Vampiros (em que o professor Abronsius acaba, involuntariamente, espalhando o mal que pretendia eliminar), Nemo entrega para mãos nada inocentes a tecnologia que usara para, na sua perspectiva, criar um mundo melhor. Trágica ironia. A mesma que levou Einstein a dizer que cometera “o maior erro de sua vida” por ter sugerido ao presidente Roosevelt, em 1939, que se poderia construir uma bomba com alto poder de destruição a partir de reações em cadeia com átomos de urânio. Sabemos o resultado.
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E O TIO PATINHAS
Como disse Marx na introdução d’O Capital, não há atalho para o conhecimento. A superfície e seus joguinhos hipnóticos já produziram muitos Nemos. Houve certa vez, entretanto, em que a história foi outra. Pelo menos na ficção. Lembram-se do tio Patinhas ? Qual era a fonte de sua riqueza ? Um amuleto, a famosa moeda número 1. Essa era a casca, a lenda, a notícia do jornal, a mentira goebbelsiana. Pois bem, um grupo de desenhistas italianos, credenciados pela Disney, deu um nó na falácia. Fim da inocência.
Os Irmãos Metralha, tradicionalmente articulados para tentar roubar a moedinha, resolvem … pensar. Não demorou muito e perceberam que aquele negócio de amuleto era p’ra inglês ver. O pato sovina tinha fábricas, bancos, lojas, minas, poços de petróleo, uma verdadeira multinacional de penas. Era dali, da propriedade dos meios de produção, que ele tirava a fortuna e enchia os cofres. Os mascarados mudam a estratégia e arrumam um jeito, bem ao estilo dos quadrinhos, de privar o Patinhas de suas verdadeiras fontes de renda. O milionário amanhece pobre … e com a moedinha número 1. A história foi censurada e tirada de circulação. Pensar é perigoso.

Um exemplo de superação



Por Afonsinho
Para se fazer um grande time, necessitam-se, antes de tudo, de jogadores de boa cabeça. Mesmo atletas de força devem suportar os momentos complicados. Os campeões superaram adversidades com inteligência. O goleiro Félix é exemplo. Considerado baixo e franzino para a posição, não chegaria aonde chegou não fosse sua excepcional inteligência. Sua defesa contra a Inglaterra na Copa de 1970 é antológica, não há outro termo para definir. Sem ela, ninguém sabe o que poderia acontecer com a Seleção Brasileira. Félix e os jogadores da defesa eram considerados lentos, e eram mesmo. Piazza, além de tudo, foi improvisado na zaga, mas era capitão do Cruzeiro de seus melhores dias. Superaram-se.
O goleiro Félix, morto na última semana. Foto: Reprodução/SaraivaConteudo/YouTube
Não imaginava que fosse sentir tanto a despedida do querido Félix, que faleceu na sexta-feira 24, aos 74 anos. Só me dei conta da nossa proximidade à medida que voltaram as lembranças. Por serem esparsas, não pareciam tão profundas.
Recordo-me de uma parceria marcante. A história começa com um terremoto na Itália no Natal daquele ano. No Brasil, os jogadores estavam de férias e alguém teve a ideia de uma partida internacional entre Brasil e Itália, para arrecadar dinheiro para os desabrigados. Instalou-se, então, uma guerra de vaidades.
Fui despertado por Félix com um recado de Francisco Horta, presidente do Fluminense. “Está com o passaporte em dia?”, perguntou-me. “O pessoal passou a noite reunido na sede da Agap (entidade representativa dos atletas profissionais) e o doutor quer falar contigo.” Ao chegar à casa do dirigente tricolor, no caminho da Urca, Horta falava de forma eloquente a um radialista. Considerava absurdo a CBF não permitir o jogo, apenas porque seus dirigentes não estavam à frente da iniciativa. Mesmo de férias, alguns jogadores recusavam o convite, com medo de retaliações em futuras convocações para a Seleção.
Com a perspicácia inerente, disparou: “Precisamos mostrar a essa gente o valor da liberdade!” E perguntou se eu iria. Naquela altura, estava no auge das batalhas para ser um jogador de passe livre. Estava sem clube, sem contrato e sem empresário. “Se houver a viagem, vou. Mesmo sendo beneficente”, respondi.
Para fazer a excursão, foi preciso ajuizar um mandado de segurança. Ao voltar para casa, na Praia Vermelha, ouvi do outro lado da calçada: “Às 3 horas, em frente ao Cine Veneza”. Foram Raul, Leandro, Zico, Luiz Pereira e Claudio Adão, entre outros. Um timaço reforçado por craques do São Cristóvão. Uma viagem cheia de peripécias e histórias memoráveis.
A partida ocorreu em Udine, norte da Itália. Partimos do Brasil num calor abrasador e chegamos lá num frio de lascar. Tive de tomar emprestado calçados e casaco. A calça de lã, comprei por lá mesmo. Zico fez um gol espetacular. Driblou todo mundo da defesa italiana e, rente à linha de fundo, chutou sem ângulo.
Passado um tempo, em outra manhã, recebi uma nova visita do amigo Félix. “Afonso, peguei o Madureira no Torneio da Morte e preciso de você. Só tem garoto no time e a competição, já viu!” O Torneio da Morte era assim chamado por um casuísmo arranjado pelos cartolas do futebol carioca. Os times rebaixados disputavam partidas só de ida, sem returno. Perdeu duas, está fora. Uma verdadeira briga de foice.
Sempre fui obrigado a manter a forma mesmo sem ter contrato com algum clube. Precisava estar em condição de jogo caso aparecesse alguma oportunidade. Estávamos no meio de setembro e pensei com meus botões: “Neste ano não jogo mais”. Pela primeira vez, relaxei e respondi ao amigo: “Félix, desta vez não dá. Não consigo nem atravessar a rua com pressa”.
Félix não aceitou a recusa. “Começa a treinar. São duas semanas. Vai jogando e entrando em forma.” Não me convenci, mas comecei a treinar no mesmo campo onde sempre mantive meu estado físico: o da UFRJ, entre o Canecão e o Pinel.
Félix fez um trabalho muito benfeito, inclusive fora de campo. Apesar de ser uma loucura em termos profissionais, como a ida para o Olaria, que no final me reabilitou, deu tudo certo. O Madureira manteve-se na Primeira Divisão. A festa foi boa.
Acabei indo para o Fluminense encerrar a minha trajetória num grande clube. Foi uma das maiores vitórias para um jogador de passe livre naqueles tempos. E há numerosas outras histórias ao lado do grande Félix. Deixarei para contar em outras ocasiões.
Não sei não…
Com o centenário de Nelson Rodrigues, será difícil tirar o título do Campeonato Brasileiro das Laranjeiras. É só o tricolor manter a arrancada até o fim. O segundo turno começa agora.

Para onde Lula vai



Sebastião Nery
Luis Simões Lopes era um miniditador. Diretor do DASP, criador da Fundação Getulio Vargas, fazia o que queria, sempre com total apoio e cobertura de Getúlio. Um dia, mandou um oficio a todos os ministros com uma série de determinações. Enquadrava todo mundo. Oswaldo Aranha, ministro da Fazenda, recebeu, leu, devolveu:
“Ao remetente: vá à merda”.
Entregou ao chefe de gabinete. O chefe de gabinete ficou em pânico:
- Devolver pelo protocolo reservado, não é, senhor ministro?
- Não, pelo protocolo comum.
Foi um escândalo renovado, de mão em mão. Luis Simões Lopes recebeu, ficou furioso, foi a Getúlio pedir demissão. Getúlio puxou uma baforada do charuto:
- Ora, Luis, para que demissão? Tu não vais, não é? Não indo, tu desmoralizas o Oswaldo. Ele vai ficar uma fera. Tu sabes. Tu sabes.
Luis Simões Lopes foi. De volta para o seu gabinete, no DASP.
 Lula: Mensalão não existe
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MENSALÃO
Lula e o PT sempre disseram que não houve o Mensalão, que foi uma farsa. Agora, na segunda semana do julgamento, o Supremo Tribunal Federal já condenou os primeiros cinco acusados a muitos anos de cadeia. A começar pelo ex-lider do governo de Lula, ex-presidente da Camara dos Deputados e candidato a prefeito de Osasco, João Paulo Cunha.
José Dirceu, que, segundo a Procuradoria Geral da Republica e o Supremo Ttribunal, era “o chefe da quadrilha e da organização criminosa”, já está sentindo a batata quente. A próxima fogueira é dele.
E Lula? Deve estar procurando o Simões Lopes para ver aonde vai.
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FOGUETE
1.-O Brasil está vivendo o choque de realidade em lugar do tempo de euforia marqueteira que marcou os últimos anos. Enganar a todos por todo o tempo é missão impossível. O marketing não era somente no território nacional, penetrava no cenário internacional.Em novembro de 2009, a revista inglesa “The Economist”, em matéria “O Brasil decola”, ilustrava sua capa com o Cristo Redentor transplantado para um foguete que decolava em direção ao espaço sideral. Em junho de 2012, a publicação inglesa “Financial Times”, em matéria “Brasil: depois do Carnaval”, mostra o poderoso foguete começando a cair logo após a decolagem
2. – O economista Paulo Yokota, ex-diretor do Banco Central, baseado em artigo do financista Ruchir Sharma, do Morgan Stanley, constata: – “Sharma reafirma que o desenvolvimento brasileiro é dependente da exportação de commodities e da expansão do crédito. Mesmo com a melhoria da distribuição de renda, as tensões sociais continuam elevadas, tanto que o país é um dos melhores lugares para vendedores de carros blindados. O Brasil se beneficiou de uma bolha”.
3. – Anestesiados pela euforia do curto prazo, os brasileiros começam a enxergar uma realidade que o tempo está comprovando não ser virtuosa. Na ausência do debate interno, os alertas que vêm do exterior não devem ser catalogados como pessimistas. Apontam as alternativas que devem ser perseguidas para colocar o Brasil, com suas extraordinárias potencialidades, na posição que deve ter no cenário internacional.
4. – Nossa taxa de investimento está em 19% do PIB. Na China é de 46% e, nos países asiáticos, a média é de 30%. A inserção internacional brasileira é modestíssima, responsável pelo saldo negativo na balança comercial de produtos da indústria, reflexo de precoce desindustrialização.
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MARKETING
O marketing político, a propaganda subliminar veiculada diariamente na mídia televisiva e afins com patrocínio oficial, onde tudo acontece positivamente, busca eliminar a consciência crítica. Alimentando o projeto de poder estatal, onde tudo corre às mil maravilhas e o povo se sente feliz e satisfeito. A ditadura do marketing elimina o debate político, banindo a discussão dos problemas concretos que afetam a vida do cidadão.
A despolitização e o uso das pesquisas eleitorais como alavanca para a ação política têm por finalidade falar o que o povo quer ouvir. O debate público fica banalizado e medíocre, com os candidatos, situação e oposição, temendo debater a realidade com medo da opinião pública. Manipulada pelos “marqueteiros”, que os transformam em “robôs”.
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MENTIRA
Daí a ousadia do marqueteiro oficial do PT, o baiano João Santana. ao dizer que as campanhas políticas não trabalham com a realidade e a verdade, mas com símbolos e com a emoção e o imaginário coletivos. O marketing eleitoral deve vender o paraíso, iludindo a boa fé da sociedade.
Rui Barbosa previu o PT: “Mentira nas promessas. Mentira nos programas. Mentira nos projetos. Mentira nas soluções. Mentira no rosto, na voz, na postura, no gesto, nas palavras, na escrita. O monopólio da mentira. Mentira nos desmentidos. Uma impregnação tal das consciências pela mentira que se acaba por não discernir a mentira da verdade.”

Os mensaleiros e os ladrões de galinha


Carlos Chagas

Depois de todos os elogios ao Supremo Tribunal Federal, aberta que está a avenida para a condenação da maioria dos mensaleiros, surge o primeiro buraco no asfalto. Ironicamente, coube ao caminhão do ministro Cezar Peluso diminuir a marcha, ele que até prisão determinou para os primeiros cinco réus. Porque ao fixar a pena para o deputado João Paulo Cunha, Marcos Valério, Henrique Pizzolato e dois penduricalhos, o mestre parou nos seis anos. Três por corrupção passiva e três por peculato. Significa que pela lei vigente o ex-presidente da Câmara teria direito a regime semi-aberto, caso não recebesse outra condenação por lavagem de dinheiro. Traduzindo: ficaria em casa durante o dia, obrigado apenas a dormir na cadeia.
A pergunta que se faz é porque, então, o ladrão de galinha fica preso durante o inquérito e o julgamento e, depois, continua trancado em tempo integral, sem direito a beneficio. Por ser pobre, não dispor de excepcionais advogados e carecer de diploma universitário? Deveria ser a lei igual para todos. Quantas galinhas poderiam ser compradas com os 50 mil reais oferecidos por Marcos Valério? Muitas mais, até um aviário, por conta do contrato de publicidade celebrado entre eles.
Claro que a pena para esse primeiro lote de bandidos não estava completa. Mais um voto em favor da acusação de lavagem de dinheiro, dado pelo presidente Ayres Brito,  determinou que os seis anos de prisão aumentem, nesse caso em regime fechado. Resta aguardar, sem desejos de vingança, mas tendo presente haver chegado a oportunidade de a Justiça demonstrar serem todos iguais perante a lei.
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A MAIOR DAS EVIDÊNCIAS
Do julgamento, até agora, vai ficando claro que por ampla maioria os ministros do Supremo Tribunal Federal reconhecem a existência do mensalão. Só dois ficaram com a alegação de que tudo se resumiu à coleta de dinheiro para pagar despesas de campanha eleitoral. Em situação difícil ficam o ex-presidente Lula, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, os réus e seus advogados. Houve mesmo compra de votos parlamentares com dinheiro público. O ex-presidente Lula afirmou nada saber da operação, dizendo-se até traído pelos maus companheiros, isso antes de adotar a sugestão de seu então ministro da Justiça, de enfiar tudo debaixo do tapete do caixa dois.
Já o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, deixou escapar num de seus desabafos que nada do que se passava no palácio do Planalto era desconhecido do presidente.
À medida em que o processo se desenvolve, mais apertado fica o colarinho de todos. Não seria melhor que reconhecessem a verdade, de uma vez por todas?
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PÁ-DE-CAL
Quem jogou a pá-de-cal na mentira da ausência do mensalão, ontem, foi o senador Pedro Simon, na tribuna do Senado. Ele defendeu que o ministro Cezar Peluso deveria ter apresentado seu voto completo, condenando ou absolvendo os outros réus. E concordou com a ministra Carmem Lúcia, de que o Brasil realmente mudou.
Dos maiores críticos da impunidade no país, o representante do Rio Grande do Sul lembrou a lei da Ficha Limpa, dizendo que ela se liga fundamentalmente ao mensalão. Porque ninguém acreditava que a lei fosse aprovada, assim como todos imaginavam que o julgamento em curso no Supremo acabaria dando em nada. Felizmente, aconteceu tudo ao contrário…

Reincidência


31 de agosto de 2012 | 3h 09

Foi preciso o Supremo Tribunal Federal pregar à testa de João Paulo Cunha o carimbo de corrupto para o PT se dar conta da inadequação de ter como candidato a prefeito um réu em processo criminal.
Foram necessários nove contundentes votos de condenação por corrupção passiva e peculato para que o deputado pensasse em desistir de buscar absolvição "de fato" junto ao eleitorado de Osasco.
Antes disso estava tudo normal. Três ministros gravaram manifestações de apoio para o horário eleitoral. Míriam Belchior, do Planejamento, lugar tenente da presidente da República, emprestou seu aval considerando "muito importante eleger João Paulo" para dar continuidade ao "modo petista de governar".
Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário, ligou o futuro da cidade à eleição do réu: "Com o governo Lula e agora com a presidente Dilma estamos transformando o Brasil. Com uma prefeitura aliada ao governo federal podemos fazer ainda mais. Por isso, em Osasco, vote em João Paulo Cunha".
Aldo Rebelo, do Esporte, externou seu apoio ao "companheiro e amigo" com "muita honra e orgulho" pela trajetória de "serviços prestados aos interesses de Osasco e do Brasil como vereador, deputado estadual, deputado federal e presidente da Câmara".
Pois foi preciso o Supremo demonstrar com todos os efes e erres que antes dos interesses nacionais e regionais João Paulo defendia a causa própria para que o PT passasse a considerá-lo um peso em cima do palanque.
Agora aparecem os engenheiros de obra pronta dizendo o quanto haviam alertado para a impropriedade da candidatura, atribuindo o gesto temerário à vontade de João Paulo que tinha a "máquina" na mão.
Ora, sobre vontades no PT dão notícias mais precisas as candidaturas de Dilma e Fernando Haddad. Quem tem "querer" ali é Lula, que, se alguma preocupação com as aparências tivesse, teria feito João Paulo se recolher.
Mas, não viu nada demais em seu partido concorrer com um réu munido de desculpas esfarrapadas e da certeza na impunidade. Diga-se em sua defesa, porém, que o ex-presidente não chegou a essa conclusão sozinho, baseado em coisa alguma.
A sustentar-lhe a impressão de que votos podem perfeitamente transitar numa esfera à parte do mérito, inclusive no tocante aos bons costumes, há o pouco caso do eleitorado quanto à ficha dos candidatos.
Lula mesmo foi reeleito no calor do escândalo do mensalão e do caso dos "aloprados", pegos em flagrante de compra de dossiê contra seu principal adversário.
Severino Cavalcanti elegeu-se prefeito no interior de Pernambuco depois de sair da presidência da Câmara por corrupção (como sucessor de João Paulo), José Roberto Arruda recebeu mandatos de deputado e governador carregando pesadas acusações às costas e vários mensaleiros denunciados em 2005 voltaram à atividade pelo voto em 2006.
Em suma: o alto lá que o STF vai assentando pode muito no balizamento do futuro, mas não pode tudo. E não terá o esperado efeito saneador se o eleitor continuar a reincidir na concessão de seu voto a gente a respeito de quem se pode dizer qualquer coisa, menos que esteja acima de qualquer suspeita.
Autoengano. Não é de hoje que o PSDB atribui seus revezes aos programas do horário eleitoral. A justificativa não obstante confortável, ignora fatores realmente decisivos.
Partido unido, sintonizado com o eleitorado, atento às demandas da sociedade, presente nos debates fundamentais e na posse de posição clara sobre temas de interesse nacional pode até perder eleição, mas não será por obra de erros do marqueteiro.
Já partido desunido, dissociado do eleitorado, desatento às demandas da sociedade, ausente nos debates fundamentais e sem posição clara sobre temas de interesse nacional dificilmente ganha eleição por mais genial que seja o departamento de propaganda.

Índios protestam contra portaria que impede a independência política, administrativa e econômica das nações indígenas



Carlos Newton
Índios de sete etnias do Tocantins e de Goiás fizeram quinta-feira uma manifestação, em frente ao Supremo Tribunal Federal, para protestar contra a Portaria 303, que impede que as nações indígenas sejam consideradas independentes, nos termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela ONU mas que ainda não entrou em vigor no Brasil, porque depende de análise e aprovação do Congresso.
 Diante do Supremo
A Portaria 303 foi editada pela Advocacia Geral da União (AGU) e teve sua vigência suspensa até o próximo dia 19. Seu texto proíbe também a ampliação das terras já demarcadas e a comercialização ou arrendamento de qualquer parte desses territórios.
O grupo de manifestantes queimou cruzes de madeira que simbolizavam a portaria. “Queremos que o governo rasgue e queime, como nós fizemos aqui, a Portaria 303, porque ela fere a Constituição Federal. A cruz é a morte dos povos indígenas no Brasil”, disse Wagner Krahô Kanela.
Líderes das etnias que participaram do protesto conversaram, na última segunda-feira, com representantes da Advocacia-Geral da União e da Fundação Nacional do Índio (Funai) pedindo o cancelamento da medida, publicada pela AGU no dia 17 de julho.
De acordo com o índio Wagner Krahô Kanela, o grupo tem encontro marcado com o presidente do Senado, José Sarney, hoje, às 10h, e com representantes do Ministério Público Federal (MPF), às 15h. O grupo também deve se reunir com representantes do Ministério da Saúde para reivindicar assistência à saúde indígena.
O líder indígena afirmou que a portaria não fere somente os interesses relativos à demarcação de terras, mas que também é um incentivo para a extinção da cultura indígena e à violência nas áreas onde há clima de tensão com fazendeiros. “É o terrorismo em nosso país”.
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INDEPENDÊNCIA
Conforme já assinalamos aqui no Blog, os índios querem impor ao governo a aceitação do tratado da ONU, que estabelece a transformação dos territórios indígenas dos países signatários em países independentes, com fronteiras fechadas e autonomia total em termos políticos, administrativos, econômicos e sociais. Pelos termos do acordo internacional, nem mesmo as Forças Armadas poderiam entrar nos territórios indígenas, salvo se houver prévia anuência de suas lideranças.
O Brasil tem 206 reservas indígenas já demarcadas, que representam mais de 15% do território nacional, além de outras áreas ainda em processo de definição.

Charge do Duke (O Tempo)



‘Argent de poche’, de Maria Helena RR de Sousa


POLÍTICA


Os petistas se ofendem muito com o nome que foi dado à generosa contribuição que o PT fazia aos congressistas em troca de apoio e adesão: mensalão.
Chegaram até a ensaiar a proibição de seu uso, o que, é evidente, não vingaria.
Mas eles têm razão: é uma palavra feia. Tem um som rude, antipático. Na ocasião, quando ainda era pagão, ninguém se ofendia com sua oferta e o aceitavam animadamente. Na verdade, não lhes ocorria que um dia - nem tão distante – seriam chamados de mensaleiros os dedicados recebedores da ‘ajudinha’.
Não foi o PT o primeiro a se valer da bolsa da Viúva – não foi mesmo. Mas com a gana e a fome inauguradas em 2003, lá isso foi.
(Sugiro a Lula nos palanques dizer que não compreenderam nada: não era para corromper ninguém, não. Era o que os franceses chamam de ‘argent de poche’! Só uma ajudinha da mãe Viúva para completar o mês...).
Acontece, como diz o ditado, que tantas vezes o cântaro foi à fonte que um dia se partiu. E os cacos foram parar no STF que ficou com a missão de restaurar nossa confiança na cidadania e nas instituições do país.
Na sexta-feira 27/7, embora preocupada com notícias que corriam sobre reviravoltas no número de réus, afirmei minha fé no STF: Creio que o STF honrará seu papel. Saberá respeitar nossos valores e cumprir o que diz o Livrinho. O contrário seria a morte de nossa democracia. (Julgar o STF? Claro que não. Mas avaliá-lo? Claro que sim).
No dia 10 de agosto meu artigo das sextas terminava assim: Valentes juízes do STF. O Brasil vai lhes ficar devendo, seja qual for o final do julgamento. (Nervos de Aço).
Houve quem achasse que era ingenuidade da minha parte... Que confiar assim cegamente nos ministros do STF era rematada tolice. Valeu, papudos?
E sabem por que estou citando a mim mesma? Porque estou felicíssima com a atuação da maioria dos ministros do STF.
As exceções: penso que o ministro Lewandowski, após ouvir o voto exemplar do ministro Peluso, ainda há de reconsiderar por qual motivo, pelo mesmíssimo crime, condenou um réu e absolveu outro.
Do mais jovem não espero nada. É preciso grandeza para rever seu voto e não me parece que Dias Toffoli tenha sido aquinhoado pelos deuses com esse atributo.
Já o voto do ministro Cezar Peluso foi uma aula de nobreza de sentimentos. Perder a contribuição de um Homem desse quilate porque ele completou 70 anos é um desperdício e segundo o que nos ensinou o ministro Celso de Mello, um retrocesso, já que a Constituição do Império não mencionava idade limite.
Magnânimo, equilibrado, porém forte e seguro do que disse, o ministro Peluso fará muita falta nesse final do julgamento do mensalão. É torcer para que suas palavras ecoem no coração da Suprema Corte.
O julgamento não acabou. Mas já estamos saindo do túnel e a luminosidade da manhã que se avizinha é benfazeja. Deo gratias!

CRÔNICA - Cartas de Seattle: A terra das maçãs de desenho animado



Eu achava que a maçã da Branca de Neve era de mentira. Pronto, falei.
Quando eu era pequena, ficava impressionada com aquela perfeição de forma e cor. O arredondado sem falhas, o vermelho fechado, a textura tão perfeita que refletia a luz e dava aquele brilhozinho do lado. Maçã de desenho animado, só podia ser.
A maçã que eu comia em casa era mesclada, vermelha e amarela, num colorido que não se repetia. Era gostosa, mas nada irresistível como a maçã da Branca de Neve. Porque, claro, aquela maçã lindona só podia ser coisa de ficção.
E não é que existe maçã igualzinha à da Branca de Neve? E não é que existem tipos tão diferentes de maçã que dá pra encher um corredor de supermercado só com elas?
Aqui em Seattle é assim. 

 

O estado de Washington, onde fica Seattle, é o maior produtor de maçã dos Estados Unidos, onde o consumo nacional é de 8,6 quilos de maçã per capita. Seis em cada 10 maçãs vendidas frescas no país são produzidas aqui no estado. E a safra deste ano, dizem, será particularmente boa. A conferir.
A colheita de maçãs em Washington começa no meio de agosto e vai até o começo de novembro. Todas são colhidas a mão. Dez a 12 bilhões delas por ano. A mão. Não há nenhum tipo de maquinário para a retirada da fruta do pé.
O povo de Washington se orgulha bastante das suas maçãs. Muita gente só compra a fruta com o selinho de produção no estado. Isso também está relacionado ao perfil dos consumidores que dão preferência a produtos que tenham sido plantados localmente. Aquela coisa de Buy Local, de apoio a pequenos negócios e produtores locais, de que já falamos aqui nas Cartas de Seattle. O fato é que maçã é a fruta oficial do estado desde 1989. E é o item de maior produção da agricultura de Washington.
Enquanto os nativos já sabem seus tipos de maçã preferidos, o grande prazer dos forasteiros é pegar uma de cada tipo e saborear. Especialmente aquelas bem diferentes, que mais parecem de desenho animado.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

HUMOR A Charge de Néo Correia



Lula, surpresa com os ministros do STF, por Ilimar Franco


POLÍTICA

Ilimar Franco, O Globo

Os ministros nomeados pelo ex-presidente Lula para o STF tiveram o mesmo comportamento que os nomeados pela presidente Dilma no julgamento do mensalão. Lula nomeou seis ministros. Entre os seus, deu 4 a 2 pela condenação do petista João Paulo Cunha. Entre os de Dilma, deu 2 a 0. O ex-presidente está surpreso.
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O PT perdeu. A Justiça eleitoral mineira decidiu que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) poderá usar a melodia de seu jingle de campanha, por não ser um símbolo de Belo Horizonte e ter adquirido os direitos para usá-la. O socialista também poderá usar o discurso da presidente Dilma dizendo que “Lacerda é o melhor prefeito do Brasil e que fazer parcerias com ele é garantia de entrega”.

HUMOR A Charge de Chico Caruso



Esquema de compra de emenda parlamentar pode não ser apurado Voto de deputado dirá que Conselho de Ética não deve abrir investigação




Negociação . O deputado João Carlos Bacelar é investigado pela CGU e o MP Foto: Divulgação
Negociação . O deputado João Carlos Bacelar é investigado pela CGU e o MPDIVULGAÇÃO
BRASÍLIA - O esquema de compra de emendas envolvendo o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) pode acabar sem investigação. Os integrantes do Conselho de Ética da Câmara receberam esta semana em seus gabinetes o voto que o deputado Sibá Machado (PT-AC) apresentará formalmente terça-feira, analisando a necessidade de se abrir ou não um processo de investigação.
Apesar de o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) já estarem investigando os deputados envolvidos no esquema, Sibá não viu elementos para dar início à apuração no Conselho de Ética. Votará pela inépcia da representação do PSOL.
Em junho, O GLOBO revelou um esquema de compra e venda de emendas parlamentares na Câmara. O balcão girava em torno de Bacelar, que usava uma planilha para acompanhar emendas milionárias destinadas por outros deputados para suas bases eleitorais.
A ex-mulher de Bacelar, Isabela Suarez, confidenciou, em conversa com a irmã de Bacelar, que ele comprava emendas de colegas. Isabela também citou um parlamentar que vendia as emendas: Geraldo Simões (PT-BA), do mesmo partido de Sibá.
A negociação das emendas foi confirmada pelo deputado Marcos Medrado (PDT-BA), outro citado na planilha de Bacelar. Em entrevista, Medrado confirmou ter direcionado uma emenda para “um município de Bacelar”, em troca do apoio de um prefeito do interior baiano. Integrantes do PSDB podem apresentar um voto paralelo pedindo que o Conselho ao menos abra a investigação.
Mesmo que o caso seja engavetado pelo Conselho, a investigação ainda pode frutificar caso a Corregedoria envie para a Mesa Diretora um parecer favorável à investigação. Isso porque há dois meses o PSOL ingressou com um pedido de investigação no órgão, mas este ainda não encaminhou à Mesa Diretora sua posição.

‘Mensalinho’ derruba outro petista em São Paulo Candidato em São Caetano foi flagrado pedindo dinheiro por apoio político



SÃO PAULO - Flagrado em vídeo supostamente negociando apoio financeiro para vencer as eleições internas do PT, o candidato do partido à prefeitura de São Caetano do Sul, Edgar Nóbrega, foi outro que desistiu da disputa nesta quinta-feira. Em conversa gravada pelo então secretário de Governo do município, Tite Campanella (DEM), em 2009, Nóbrega aparece pedindo R$ 600 mil para que o PT apoiasse a administração municipal, comandada pelo PTB, mais R$ 100 mil para fazer caixa de campanha.
O vídeo, usado na atual campanha, mostra que o candidato queria um “mensalinho” para facilitar os acordos políticos. O escândalo fez com que o PT abandonasse a corrida eleitoral na cidade. Após encontro com dirigentes estaduais, o partido descartou a ideia de lançar um substituto.
Na gravação de 17 minutos, feita em um escritório não identificado, Nóbrega mostra que estaria disposto a costurar apoio do PT na Câmara de São Caetano para o atual prefeito José Auricchio Júnior (PTB), desde que sua campanha à prefeitura fosse beneficiada e ele fosse eleito presidente municipal do PT.
Quando negociava uma possível troca de favores, Nóbrega, professor de formação, não titubeia ao comentar sobre possível pagamento aos correligionários.
— Não quero disputar (a eleição) e perder. A pergunta básica que a gente tem que fazer é a seguinte: quanto custa ter o PT? — diz Nóbrega.
R$ 600 mil para correligionários
O petista, então, tira do bolso do paletó e entrega ao interlocutor uma lista com a previsão de despesas para a campanha, pontuando gastos com pagamento de material publicitário, salários de pessoal, infraestrutura e até boca de urna. Campanella guarda a lista.
Em seguida, complementa:
— Eu sei que você pode falar: mas poxa, 100 mil reais para ganhar um partido? — diz ele, dando a entender minutos depois que precisaria ainda de R$ 600 mil para distribuir entre correligionários que o ajudariam a ganhar a eleição interna do partido.
Em nota, o diretório municipal do PT disse que aceitou o pedido de renúncia do candidato “por entender que ele sofreu um ataque desonesto, com uso de instrumentos criminosos, motivado em prejudicá-lo no processo eleitoral”.
Nóbrega entrou com ação na Justiça contra o autor da gravação e o autor da edição. Na última segunda-feira, em reunião com a Executiva do PT, Nóbrega solicitou licença do cargo de presidente. Marcio Della Bella assumiu o posto na legenda.
Campanella também pediu exoneração do cargo de secretário de Governo do município. Nota da assessoria de imprensa da prefeitura alegou que “se tratou de uma conversa particular, ocorrida em 2009, apenas no campo das conjecturas, sem complementação”. A prefeitura abriu sindicância para investigar o caso.
O quadro eleitoral na cidade já não era satisfatório para o PT. Segundo a última pesquisa Ibope, divulgada em 20 de agosto, a situação era a seguinte: Paulo Pinheiro (PMDB) aparece em primeiro, com 39%, seguido por Regina Maura (PTB), com 35%. Nóbrega aparecia com 3% das intenções de voto.

Salário mínimo em 2013 será R$ 670,95, determina Ministério do Planejamento



30/08/2012 - 17h09
Luciene Cruz, Stênio Ribeiro e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O Ministério do Planejamento fixou em R$ 670,95 o valor do salário mínimo a partir de janeiro de 2013. Essa é a proposta que o governo federal incluiu no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) enviado hoje (30) ao Congresso Nacional. O novo valor é 7,9% maior que os R$ 622 pagos atualmente.
A Ploa traz a previsão de gastos do governo para o próximo ano. O novo valor do mínimo passa a ser pago a partir de fevereiro, referente ao mês de janeiro. O reajuste inclui a variação de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 e a estimativa de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) previsto para o ano de 5%.
A estimativa do governo é que cada R$ 1 de avanço no mínimo gere despesas de R$ 308 milhões ao governo. Com isso, o aumento de R$ 48 concedido pelo governo causará impacto de cerca de R$ 15,1 bilhões aos cofres públicos.
O INPC é o índice utilizado nas negociações salariais dos sindicatos e faz parte do acordo de evolução do salário mínimo fechado entre governo e centrais sindicais
Edição: Fábio Massalli

Itamaraty averigua suposto envolvimento de brasileiros em massacre de ianomâmis



Atualizado em  30 de agosto, 2012 - 14:22 (Brasília) 17:22 GMT
Índios ianomâmi na Amazônia brasileira
Ataque teria ocorrido em aldeia ianomâmi na Venezuela, na fronteira com Brasil
O Itamaraty está em contato com autoridades venezuelanas para obter mais informações sobre a suposta participação de garimpeiros brasileiros em um massacre de índios ianomâmi na Venezuela.
"Até agora, só temos informação pela imprensa. Não conseguimos confirmar nem desmentir essa informação", disse à BBC Brasil o ministro conselheiro da embaixada brasileira em Caracas, João Lucas Quental Novaes de Almeida.

Segundo testemunhas e sobreviventes, o suposto massacre teria deixado 80 mortos em uma aldeia na fronteira com o Brasil e teria sido motivado pela tentativa de garimpeiros brasileiros de estuprar mulheres indígenas.A embaixada também está em contato com o consulado brasileiro para tentar esclarecer a veracidade da informação.
Nesta quarta-feira, a Promotoria Geral da Venezuela indicou uma comissão para investigar o suposto ataque, que teria ocorrido em julho mas foi reportado somente nos últimos dias.
Os ianomâmi vivem em florestas tropicais e montanhas no sul da Venezuela e no norte do Brasil.
A assessoria de imprensa da Funai (Fundação Nacional do Índio) disse à BBC Brasil que não há relatos de problemas no lado brasileiro.

Espanha corta saúde para estrangeiros irregulares



Imigrantes irregulares não terão mais atendimento gratuito no país, a não ser em casos de emergência; 110 mil brasileiros seriam afetados

30 de agosto de 2012 | 22h 30
 A partir deste sábado, 1º, milhares de imigrantes irregulares que vivem na Espanha não terão mais direito à saúde pública. O Itamaraty prevê dificuldades para os inúmeros brasileiros que vivem de forma irregular na Espanha e terão de desembolsar valores significativos para serem atendidos. 
Por conta da crise que afeta o país, o governo espanhol está sendo obrigado a realizar duros cortes em diversos setores. No setor da saúde, a meta é reduzir os gastos em  7 bilhões em dois anos. Para isso, a partir de amanhã, apenas aqueles com residência legalizada poderão ser atendidos de forma gratuita.

O governo espanhol insiste que grávidas e emergências continuarão a ser atendidas. Mas não explica quais são as condições nem como se determinará a urgência de uma operação. O restante dos imigrantes terá de pagar pelo menos  700 por ano para ser atendido, mesmo que use o sistema apenas para uma consulta.

A meta é a de atender apenas aos que pagam impostos regularmente, o que deixaria de fora pelos menos 150 mil estrangeiros que não necessariamente contam com vistos e, em 2011, passaram pelos hospitais do país.

Oficialmente, o governo conservador de Mariano Rajoy argumenta que a medida é uma forma de combater os abusos no sistema público. Segundo a ministra de Saúde, Ana Mato, muitos estrangeiros desembarcavam na Espanha para usar de forma gratuita os serviços de saúde.

O problema é que a medida acaba afetando a população mais necessitada, os imigrantes irregulares. Dos 5,7 milhões de estrangeiros vivendo na Espanha, 500 mil seriam irregulares. Desses, 150 mil usaram o sistema de saúde no ano passado. 

Temor. Ainda que a medida não seja direcionada a uma determinada nacionalidade, diplomatas brasileiros em Brasília, Madri e Barcelona admitiram ao Estado que o Itamaraty teme que um número importante de brasileiros acabe sofrendo para ser atendido ou que o gasto com a saúde traga mais problemas ao imigrante.

Se a taxa de desemprego entre os espanhóis já chega a 24%, entre os estrangeiros ela é de mais de 30%. “Estamos recebendo um grande número de consultas por parte de brasileiros sobre o que devem fazer se precisarem de ajuda médica e não tiverem recursos para pagar a conta no hospital”, indicou um diplomata, que pediu para não ser identificado. O governo brasileiro teme que parte da conta acabe ficando à cargo dos consulados, que serão chamados para resolver eventuais disputas.

A assessoria de imprensa do Conselho de Cidadania de Brasileiros na Espanha também já alertou o governo que a medida pode afetar milhares de brasileiros e pediu esclarecimentos. “Ninguém sabe o que vai acontecer”, disse a assessoria, que insiste que imigrantes tem sido usados pelo governo para justificar a crise que o país vive.

Minoria. A estimativa é de que apenas 20 mil dos quase 130 mil brasileiros vivendo na Espanha estão registrados e, portanto, teriam direito ao atendimento. O conselho questiona o número dado pelos espanhóis de que apenas 150 mil estrangeiros seriam atingidos e alerta que o impacto será “bem maior”. 
Ao Estado, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde da Espanha argumentou que está renegociando um acordo de assistência mútua com o Brasil. Mas não há um prazo para a sua conclusão.

HUMOR - CHARGE - Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Magritte: O Terapeuta e 'Os poderes restauradores da Arte'



Em 1953, com o quadro “La Golconde” (abaixo, à esquerda), no qual uma chuva de homens usando chapéu-côco cai do céu, Magritte começa a ser identificado por essas figuras, que serão recorrentes em sua obra. É quando ele inicia várias séries, como a “Arte da Conversação”, ou “Valores Pessoais”.
Foram muitas as séries que criou: Magritte era artista profícuo, além de ser um pesquisador incansável. Foi um muralista de valor como atestam os murais que podem ser vistos no Théatre Royal, em Bruxelas; no Casino de Knocke-le-Zoute; no Salão do Congresso do Palácio de Belas-Artes de Charleroi.
Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou-se de processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos. Opensamento visível, era seu objetivo.
Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu-coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros mais, porém de um modo impossível de ser encontrado na vida real.
No fim da vida, já doente, Magritte se dedicou à escultura e foi esse aspecto de sua arte, por pouco conhecido, que resolvi mostrar aqui, no dia do encerramento da semana dedicada ao grande artista belga. Ao fazer esculturas dos temas de suas telas, ele desenvolvia a tese da correlação entre as realidades material e mental.

O terapeuta” (1967), em bronze, é uma escultura baseada em oito de suas telas. Como sempre, Magritte pintava inúmeras vezes o mesmo tema, sempre com uma visão diferente. O tema podia ser o mesmo, mas ele nunca se repetia... é só reparar nos detalhes. Repare por exemplo na bengala.
O terapeuta, na realidade, aparecia em suas obras desde 1936; em 37, o próprio artista se fez fotografar, na mesma pose, com um cobertor em cima da cabeça e uma tela junto ao peito, no lugar da gaiola.
A imagem à esquerda mostra a pintura em guache, de 1936, tida como a primeira tela com esse tema; foi um de seus temas mais copiados em anúncios, sendo que Magritte uma vez reagiu irritado contra o “o hábito de plagiarem o terapeuta”. O guache pertence a uma coleção particular.
"O Terapeuta", com sua maleta de médico, a bengala, a manta para se proteger do frio, não tem rosto, o que não era raro nas obras do artista, e nem possui alguma marca que revele quem era o modelo. É possível que Magritte se identificasse com essa figura, pois acreditava nos poderes restauradores da arte.
Em agosto de 1967, Magritte faleceu, aos 69 anos. Deixou o molde de sua obra inteiramente pronto, mas não chegou a vê-la em bronze.
A escultura mede 152.4 x 133.4 x 85.1 cm

Acervos: Museu Hirshhom e Jardim das EsculturasWashington, D.C. 
               Golconda: René Magritte, The Menil Collection, Houston