domingo, 17 de junho de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ESCULTURAS Camille Claudel - A Valsa (1892)



Para os mais jovens o nome Camille Claudel até poucos anos atrás não significava nada; as referências ao seu trabalho, nos estudos sobre História das Artes entre 1930 e 1980, eram muito poucas.
Mas a escultora, cuja fama obscurecida era uma grande injustiça, logo alcançou patamares inimagináveis tanto nos meios acadêmicos quanto no mercado das artes.
Isso ocorreu graças a motivos sociológicos que estimularam a grande mídia e não pela arte em si.
A mulher em vez da escultora, a heroína de um caso de amor com Auguste Rodin, a suposta vítima de abusos psiquiátricos, a beleza encarnada por Isabelle Adjani em um filme de grande sucesso popular, clichês que acabaram por servir involuntariamente a um bom propósito: colocar novamente em evidência a obra de Camille Claudel.
A arte apenas, como ocorre com frequência, não foi suficiente para revelar seu talento para o público. Foi preciso o tambor do sucesso comercial.
O mito, afinal, depois que os holofotes saíram em busca de outras novidades, cedeu a Camille o lugar que é dela: uma escultora de grande talento, que viveu um caso de amor intenso com um gênio [sempre criaturas difíceis...], que sofreu muito ao perder o homem Auguste Rodin, mas talvez menos do que sofreu ao ver sua arte ultrapassada pela do escultor Rodin. Conjecturas...
Há quem julgue muito mal sua família por sua internação em um hospital psiquiátrico. O diagnóstico foi de esquizofrenia. Registros dos médicos que trataram dela falam em crises terríveis e também em épocas de grande tranquilidade e equilíbrio, quando ela estava lidando com sua arte.
Ela passava por momentos em que se achava perseguida e acusava Rodin de querer matá-la. Nunca foi pessoa emocionalmente equilibrada, isso todos são unânimes em concordar, mas não era caso, pela luz do que se sabe hoje em dia sobre doenças mentais, de ficar isolada do mundo por 30 anos.
No entanto, não podemos esquecer que isso aconteceu em 1913... pré-história da medicina que lida com casos tristes como o dela.
O que é fato, e causa estranheza, é ela nunca ter recebido a visita de sua mãe ou de sua irmã. Paul a visitava, mas muito raramente, pois era diplomata e passava, como é natural, longas temporadas ausente de seu país.
Nenhum membro da família compareceu ao seu enterro. Ela faleceu em 19 de outubro de 1943, aos 79 anos.

A obra que escolhi para encerrar esta semana é A Valsa. Quem já dançou uma valsa com a pessoa que ama há de compreender o que deve ter significado para Camille Claudel essa obra que ela esculpiu tão lindamente...
Esse gênero de dança, como todos sabem, durante muito tempo foi considerado inconveniente por ser a primeira das danças de salão em que o casal se abraçava para dançar. No início, um abraço meio distante; com o tempo, um abraço em que a mulher se entregava ao parceiro para que ele a conduzisse pelo salão. Ou pela vida...


Obra em bronze; dimensões: 43.2 x 23 x 34.3 cm

Acervo Museu Rodin, Paris


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