terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Há muito Estado nos aeroportos privatizados


Enviado por Míriam Leitão - 
7.2.2012
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10h17m
NA CBN


É uma privatização com muito Estado essa dos aeroportos. No caso de Guarulhos, por exemplo, o grande vencedor foi o consórcio liderado pela Invepar, que tem mais de 80% do capital controlado por fundos de pensão de estatais. Além disso, o investimento será financiado pelo BNDES. E como a Infraero terá 49%, fará parte do pagamento do custo. Sairá de um bolso do governo para outro, portanto.
Essa privatização tem o mesmo defeito da dos tucanos: ter Estado demais para garantir a entrada dos grupos privados. A vantagem, agora, é que há estrangeiros, mas os maiores, com conhecimento e capacidade de operação de aeroportos, ficaram de fora, ganhando os operadores médios.
No caso de Brasília, o vencedor - Corporación América - opera aeroportos na Argentina, mas lá há histórico de baixo investimento. O grupo brasileiro que está com eles (Engevix), também ganhou o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, mas não está conseguindo fazer o projeto de financiamento.
Já a empresa brasileira que ganhou o leilão de Viracopos - muito importante, cercado de empresas - foi a mesma que ganhou a rodovia dos trabalhadores, em São Paulo, mas não conseguiu levar adiante, por não ter apresentado garantias em 2008.
Há dúvidas, insegurança, mas ao mesmo tempo, esperanças de que, com a entrada do capital privado, comece a modernização dos aeroportos brasileiros.
Conversei com especialistas de logística e de aeroportos. Como os grupos se comprometeram com ágios muito altos, eles temem que possam faltar recursos para fazer a gestão, aumentar a eficiência.
Especialistas estão um pouco preocupados, portanto. Acham que são grupos que não têm experiência e massa crítica para assumir compromissos tão grandes. Os que têm mais ficaram com medo de chegar naqueles preços - fizeram ofertas altas, mas menores do que as vencedoras.
O PT, que demonizou as privatizações, agora fez uma. Há boas iniciativas, por exemplo, como a ideia de que os grupos terão de pagar parte a um fundo que investirá em aeroportos não rentáveis do país. Isso pode dar certo.

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