sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Top 10: Anúncios Imobiliários Politicamente Incorretos


Por Denis W. Levati


O discurso politicamente incorreto é uma forma de expressão que procura externalizar os preconceitos sociais sem receios de nenhuma ordem. De maneira geral, são simples preconceitos cotidianos contra aquilo que convencionamos chamar de minorias. Atualmente é combatido e passível inclusive de punição legal caso  alguém se sinta ofendido. Mas nem sempre foi assim e a exemplo da indústria automobilística, tabagista dentre outras, o mercado imobiliário também se valeu deste tipo recurso. Selecionamos alguns exemplos.

Estado de São Paulo, 29 de setembro de 1935
Reclames do Estadão
Os anúncios imobiliário dos anos 1930 se propunham a educar os compradores de imóveis quanto ao que seria melhor para investir em imóveis. A empresa que negociava os terrenos no Jardim Europa achava que ser vizinho da "Officina" do Barulho não era boa ideia.
“Jardim Europa, o bairro cujo futuro já está aqui. Evite a desvalorização. Ao escolher um terreno para edificação da casa própria, vários fatores devem ser ponderados cuidadosamente. A escolha menos acertada poderá vir a ser a causa de uma desvalorização inesperada do prédio que lhe custou muito dinheiro”.



Estadão - 11 de novembro de 1928
Reclame do Estadao

O Jardim Europa é resultado da retificação do Rio Pinheiros, surgiu ali uma área de 900 mil metros quadrados que pode ser ocupada e loteada. Destinado a aristocracia industrial e comercial o anúncio acima destaca um item que faria arrepiar os cabelos dos defensores do politicamente correto de hoje: "Bairro de Elite".

Estado de São Paulo, 07 de novembro de 1932
O valorizado Pacaembu demorou duas décadas para ser totalmente comercializado. Ao longo deste período a Companhia City alardeava os benefícios e as benfeitorias do bairro. Na publicação acima cita que "Automóveis de todas as marcas percorrem as bellas alamedas de todos os Bairros Modelos e principalmente as modernas avenidas do Pacaembú." Convenhamos que tudo que o paulistano não quer ver hoje são automóveis.

Estadão, 7 de janeiro de 1970
Reclames do Estadão
O anúncio politicamente incorreto da Predial Novo Mundo oferecia apartamentos de luxo nos Jardins e estampava uma frase que ressalta a desigualdade social que fazia do fato de comprar um apartamento, uma gesto aristocrático no Brasil: “Moram bem é privilégio de quem pode”. 

Folha de São Paulo 18 de abril de 1982
Assim como o charuto do anúncio anterior, o relógio de bolso aqui do Edifício Tivoli  são representações de riqueza. Hoje qualquer símbolos desses teria dificuldades em transmitir esta ideia. Agora quem foi que desse que Jarbas é sinônimo de mordomo ou de motorista? Nossa solidariedade aos Jarbas de todo Brasil.

Novembro de 1990 - Folha de São Paulo
Esteriótipo não é coisa que seja vista com bons olhos em nossa época. Programas de TV de sucesso como 'Os Trapalhões' e 'Escolinha do Professor Raimundo' teriam problemas com suas piadas. Um dos esteriótipos comuns é o do judeu negociador. Foi esta figura que a agência Reply escolheu para vender o empreendimento da Sergus: "Essa ser um bom negócio".

Setembro de 1979 - Folha de São Paulo

Celebridades vendendo apartamentos é algo comum desde os anos 1970. Até ai nenhum problema, mas escrever que "Se você não comprar, outro compra" poderia soar hoje como falta de educação e finesse. Concorda Gracinha?

Setembro de 1993

Casos de corrupção como o do ex-deputado João Alves que para explicar sua fortuna pessoal disse que havia ganhado dezenas de vezes na loteria são (infelizmente) comuns no Brasil até hoje. O que não ficou comum (felizmente) é fazer piada com corrupção para vender imóvel.


Publicado dia 25 de abril de 1995 
(Folha de S. Paulo).

Anunciar em classificados é uma das melhores opções para quem quer vender seu imóvel. Ter uma letra ilegível pode ser um problema. Neste anúncio do Classifolha o digitador escreveu o que veio à cabeça.
"Vila Madalena em frente a praça. O resto não dá para ler p#**@ nenhuma…”



Folha de São Paulo, 24 de outubro de 1993
Propagandas com criança são sempre um sucesso. Para vender o Residencial Porto Seguro a agência fez uma escolha de gosto muito duvidoso: para evidenciar o playground  como diferencial do projeto, uma foto de uma criança com uma tarja preta no pipi acompanhado da frase: "filhinho: mostra pra eles o tamanho do seu play ground" ilustrou o anúncio publicado na Folha em 1993. Alguma chance de algo parecido ser publicado hoje em dia?

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