FONTE: Nilson Borges Filho http://aluizioamorim.blogspot.com
Desde os tempos dos generais-presidentes – quando ministros
dos tribunais superiores eram escolhidos de acordo com suas preferencias
ideológicas, mas nada além disso – nunca antes na história deste presidente
alguém conseguiu aparelhar o Supremo Tribunal Federal como Luiz Inácio Lula da
Silva.
Pelo menos os presidentes militares obedeciam suas escolhas
levando em consideração, também, os currículos dos candidatos. Podia-se dizer
que tal ministro era conservador ou que aquele outro era um liberal, mas nunca
se ouviu, seja de quem for, colocar dúvida na capacidade técnica de um ministro
do Supremo ou na sua limitação jurídica.
Anos atrás, eu e minha mulher dividimos a mesa de um
restaurante com o ministro aposentado do STF José Carlos Moreira Alves, que se
fazia acompanhar de sua esposa. Não conhecia o ministro pessoalmente, mas
acompanhei sua carreira desde a época em que foi escolhido, ainda jovem,
Procurador Geral da República pelo general Emílio Garrastazu Médici e
conduzido, no governo de Ernesto Geisel, ao STF.
Durante o jantar, disse-me o ministro que o fato de ter
chegado ao Supremo foi uma surpresa, pelo motivo que tento colocar, na forma do
possível, como se fossem suas palavras: ainda Procurador Geral da República
recebeu do Ministro do Exército e, homem forte do governo Médici, Orlando
Geisel, uma consulta de cunho estritamente jurídico. Como mandava o figurino,
Moreira Alves respondeu a consulta – também se valendo apenas de argumentos
jurídicos – em meia página datilografada.
Sentindo-se desprestigiado pela objetividade de Moreira
Alves, Orlando Geisel devolveu o parecer do procurador sob argumento de que
assunto merecia mais atenção. Moreira Alves não se intimidou com a postura do
Ministro do Exército e devolveu o parecer inicial dizendo que era aquilo mesmo
e que não havia mais nada a acrescentar.
Orlando Geisel não era somente Ministro do Exército de
Médici e homem forte do governo, mas irmão do próximo presidente, o general
Ernesto Geisel. Pois Alves chegou a ministro do STF por ato de Ernesto Geisel,
com o aval do irmão Orlando a quem consultou sobre a sua indicação.
O ministro Moreira Alves é um civilista de profundo
conhecimento jurídico – um erudito, eu diria – mas seus votos no Supremo se
constituíram em verdadeiras aulas de direito constitucional. Mesmo quando era
voto vencido, os argumentos do ministro Moreira Alves eram difíceis de ser
contra-argumentados pelos seus pares.
Paulista de Taubaté, provavelmente nos dias de hoje Moreira
Alves jamais seria ministro do Supremo
por sua posição ideológica - como dizer?, “conservadora”. Mas não custa
perguntar, porque perguntar não ofende: passando um olhar pelos currículos dos
atuais ministros do STF, indicados pelos presidentes Lula e Dilma, pelo menos
algum deles, um só, tem o estofo teórico e a erudição jurídica do ministro
Moreira Alves? Você leitor, imaginaria ouvir do ministro Moreira Alves que o
processo do mensalão está para ser prescrito ou, ainda, acreditaria se
dissessem que o ministro Moreira Alves concedeu uma liminar em ação que pode
favorece-lo? Duvido e faço pouco.
Lula e Dilma, com o aparelhamento partidário e favorecendo
amizades discutíveis, conseguiram fazer do STF um valhacouto de ministros
medíocres e despreparados – as sabatinas no Senado comprovam isso - cujo critério constitucional de conduta
ilibada mereceria um conceito mais alargado. Mas nem tudo está perdido: existem
no Judiciário muitas pessoas como a ministra do STJ e corregedora do CNJ,
Eliana Calmon. Pena que a ministra não tenha mais idade para ser indicada para
o Supremo Tribunal Federal
Nenhum comentário:
Postar um comentário