A indústria paranaense da construção civil espera para o ano que vem uma valorização moderada dos seus lançamentos. Segundo o presidente do sindicato do setor (Sinduscon), Normando Baú, os últimos três anos foram uma exceção na história, um ponto fora da curva. “Fazer um lançamento pensando em esgotar as vendas em um fim de semana é algo absurdo e não vai se repetir”, diz.
O ano corrente apresenta a primeira redução no preço médio dos imóveisresidenciais em Curitiba desde 2005. O preço médio do metro quadrado em prédios de apartamentos (considerando a área total das unidades) caiu de R$ 3.058,34 para R$ 3.031,24. A redução, de 0,88%, não é levada em conta por Baú. “Podemos considerar que o preço permaneceu estável”, observa.
Por todos os outros indicadores, o ano está sendo excepcional para o setor. Estima-se que o Valor Agregado Bruto (VAB, indicador que equivale ao PIB da construção civil) cresça 4,8% em 2011. Em Curitiba, o nível de emprego formal no segmento cresceu 12% – acima da média nacional, que deve ficar em 8%. Construtoras e incorporadoras hoje empregam 73,9 mil pessoas na capital, um número que pode dobrar se forem levados em conta os trabalhadores informais. Já o lançamento de novas unidades verticais deve fechar 2011 com crescimento de 40%. O número de unidades concluídas (verticais e horizontais) deve ficar em 13,5 mil na capital, 24% mais do que no ano passado.
Preços e salários
Para 2012, a tendências é de acomodação. “Nosso mercado está tendendo a ficar ofertado”, afirma Baú. Com isso ele quer dizer que a oferta e demanda estão perto de um equilíbrio, que teria a virtude de tornar as variações menos intensas que nos últimos anos.
Esse equilíbrio devolveria ao consumidor o poder de escolher com calma, sem a pressão de escolher rápido, antes que as unidades do empreendimento se esgotem. “As pessoas não fazem mais as compras por impulso. Elas vão ao plantão duas, três, quatro vezes antes de decidir o que vão comprar.”
Segundo o Sinduscon, o aumento de custos ainda vai pressionar as construtoras para elevar os preços. Um dos principais custos é o da mão de obra – o salário dos operários aumentou 123% nos últimos oito anos. Para prevenir a falta de pessoal, as empresas do segmento têm trabalhado na formação de novos contingentes. “A construção civil não é mais aquele trabalho de colocar um tijolinho em cima do outro. Temos mais tecnologia nas obras e precisamos de um trabalhador capaz de lidar com isso”, diz Normando Baú, do Sinduscon.
No passado, diversas construtoras “importaram” trabalhadores do Nordeste do país, uma prática que está acabando. “O Nordeste é a região do país onde o mercado imobiliário está mais aquecido em termos de lançamentos”, explica Marcos Kahtalian, sócio consultor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa. “Por isso, muitos deles estão voltando para casa.”
Na próxima semana o Sinduscon realizará a formatura de duas turmas que foram treinadas para assumir postos de trabalho na área. Uma delas é formada por recrutas do Exército, numa parceria com as Forças Armadas. Quando terminar seu período de serviço militar, os jovens estarão preparados para trabalhar como operários da construção civil. A outra inclui 200 homens que cumprem pena com complexo penitenciário de Piraquara.
Fonte: Gazeta do Povo
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