sábado, 11 de fevereiro de 2017

Bons tempos de Cólera e Guerra


Posted: 09 Feb 2017 02:03 PM PST

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Henrique Abrão e Laércio Laurelli

Parafraseando Garcia Marquez o Brasil contemporâneo convive com o desamor em tempos de guerra e cólera. A sociedade dividida e o estado mortalmente atingido pela corrupção e a destruição das finanças públicas. Tamanha falta de planejamento e absurdo caos ao qual chegamos longe da perspectiva de uma sociedade cujo contribuinte paga os maiores impostos do planeta.

E como chegamos ao estado deletério de colapso e calamidade no qual a bandidagem, o crime organizado nos assalta dentro e fora do poder e nos torna refens da cultura de incivilização? Simples e prático explicar: nunca fomos uma sociedade organizada e sim um bando de espertos cada um procurando o que melhor lhe convém para explorar o outro e auferir vantagens e lucros. A famosa Lei do Gerson...

Mas quando os poderes legislativo e executivo combalidos pela corrupção são punidos exemplarmente culpam tudo pela judicialização. Ela em sã consciência não existe. O que há é a falta de governabilidade e de um parlamento que cumpra à altura o seu poder. Provavelmente a melhor solução para o momento seria de uma renúncia coletiva em todos os níveis e esferas para que a democracia ressuscitasse do lamaçal e sobrevivesse a duras penas às lutas incessantes de grupos que ambicionam se perpetuar no poder e a todo custo.

Os partidos da coligação PT - espalhando sua incompetência - e o maquiavélico PMDB fizeram do Brasil uma Nação sem esperança e totalmente abalada nos seus alicerces,de que adianta termos 35 partidos se apenas poucos exercem a direção e se conduzem avessos á ordem coletiva e interesses maiores da população.
Basta olharmos para que acontece nos Estados da Federação, no Espírito Santo a sociedade com medo e receio sem poder sair as ruas,o comércio saqueado e a necessidade do deslocamento do exército e a força nacional, de igual no Rio de Janeiro a ameaça de greve e a quebradeira geral dos estados não coloca água fria na fervura do descontentamento e da situação de penuria dos servidores públicos de uma forma geral.

Mais grave ainda que o Estado quebrado quer se sustentar à custa de sacrifícios do servidor,da previdência pública e do não reajuste salarial o que se torna inadmissivel. Vivendo o desamor da cólera em tempos de guerra proporcionados pelo desgoverno de alianças espúrias e saltos de corrupção bilionários que prejudicaram pré sal e royalties para os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, motins das rebeliões e quedas acentuadas de arrecadações.

As reformas no parlamento poderão ainda mais piorar a situação dos já combalidos membros da sociedade civil,a exemplo daquela previdenciária e do custo Brasil. O número de empresas fechando é muito elevado e o governo pouco ou nada se preocupa com tal realidade. Transformaram as cortes superiores em receptáculos de vozes políticos e estranhos caminhos para solucionar problemas não da sociedade mas do compadrio e do capitalismo brasileiro tupiniquim, sempre na frente interesses dos banqueiros e das elites econômicas capitaneadas pelos nobres políticos que nos assustam e se mantêm meio século à frente de seus postos e cargos,e mais grave ainda com o esconderijo de parentes e familiares que chegam ávidos de ganhar muito e em pouco tempo.

Essa triste mas verdadeira realidade carcomeu o Brasil de norte a sul em todos os sentidos e direções. Talvez por tal simbologia a renuncia coletiva seria a melhor saída para não vivenciarmos mais agudos contrastes sociais e o aumento explosivo da criminalidade. E perguntamos o povo brasileiro conhecido como ordeiro e pacífico se transformou com base na experiência da ladroagem dos governantes que assumiram seus cargos e detonaram as principais empresas estatais do País.

Quando os dois maiores empresários estão vivendo a solitária e o fim do sonho de entrarem na Forbes algo de muito errado e grave aconteceu no País. Essa associação criminosa e a dissociação em relação aos ganhos sociais mapeou um cenário extremamente paupérrimo e nossa indústria semiparalisada e senil nos equipamentos não dá sinais de revitalização.

O que necessitamos e de forma urgente é recriar um clima de pacificação, de harmonia e compreensão,desarmar os espíritos bélicos e já temos muitas doenças para evitar a cólera em cadeia e as guerras que segregam a sociedade do seu ponto de equilibrio. Faltam crédito, alimentos, medicamentos e a população de baixa renda se viu traída por um plano de governo que mapeou números e rastreou meras bondades cativadas dos cofres públicos e do abissal distanciamento de uma economia de mercado.

Tropegamos e trafegamos na contramão da história sem base para alianças comerciais internacionais,apesar de ser um brasileiro o presidente da OMC, o governo americano sequer ventila o nome do nosso Brasil e nos assusta a distancia do livre mercado e de metas estabelecidas para alcançarmos padrões minimamente desenvolvidos. E sempre temos uma taxa a pagar uma tarifa a solver e as dificuldades que se convolam em facilidades para um manuseio do manual de maus negócios que nos levam mundo subterrâneo nossos políticos e empresários que pretendem se enriquecer da noite para o dia.

E se não houver uma renuncia geral ou apenas de apetites egoístas e de redução da corrupção e da generalizada roubalheira a cólera se tornará presente e frequente e a guerra que se anuncia poderá trazer sangue e ranger de dentes,quem for precavido que ouça e coloque para funcionar a racionalidade da ordem e do progresso.

Carlos Henrique Abrão (ativa) e Laércio Laurelli (aposentado) são Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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