domingo, 28 de fevereiro de 2016

Os verdadeiros patriotas fazem perguntas



“Não é função de nosso governo impedir que o cidadão caia em erro; é função do cidadão impedir que o governo caia em erro”. (Robert Jackson, juiz da Suprema Corte dos EUA, 1950).

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por João Ivo Girardi

É um fato da vida em nosso pequeno planeta sitiado que a tortura disseminada, a fome e a irresponsabilidade criminosa das autoridades sejam mais prováveis nos governos tirânicos do que nos democráticos. Por quê? Porque é muito menos provável que os governantes dos primeiros sejam depostos pelos seus malefícios do que os governantes dos últimos.

Esse é o mecanismo de correção de erros na política. Os métodos da ciência - com todas as suas imperfeições - podem ser usados para aperfeiçoar os sistemas sociais, políticos e econômicos, e isso vale, na minha opinião, para qualquer critério de aperfeiçoamento que se adotar.

Mas como é possível, se a ciência se baseia em experimentos? Os humanos não são elétrons, nem ratos de laboratório. Mas toda lei do Congresso, toda decisão da Suprema Corte, toda diretriz presidencial de segurança nacional, toda mudança na taxa de juro preferencial é um experimento.

Toda mudança na política econômica, todo aumento ou decréscimo no financiamento do programa educacional, todo endurecimento das sentenças criminais é um experimento. Usar agulhas descartáveis, distribuir preservativos grátis ou descriminar a maconha são experimentos. O comunismo na Europa oriental, na União Soviética e na China foi um experimento. Privatizar o sistema de saúde mental ou as prisões é um experimento. O fato de o Japão e a Alemanha Ocidental terem investido muito em ciência e tecnologia e quase nada em defesa - e terem descoberto que suas economias floresceram - foi um experimento.

Em quase todos esses casos, não se fazem experimentos de controle adequados, nem as variáveis são suficientemente isoladas. Ainda assim, até certo grau, com frequência útil, as idéias políticas podem ser testadas. O grande desperdício seria ignorar os resultados dos experimentos sociais por parecerem ideologicamente intragáveis.

Não existe atualmente nenhuma nação na Terra em condições ótimas para a metade do século XXI. Enfrentamos uma abundância de problemas sutis e complexos. Portanto, precisamos de soluções sutis e complexas. Como não existe teoria dedutiva da organização social, o nosso único recurso é o experimento científico - tentando às vezes em pequenas escalas (por exemplo, em nível da comunidade, cidade e estado) uma ampla gama de alternativas.

Quando alguém se tornava primeiro-ministro na China no século V a.C., uma das prerrogativas do poder era que ele começava a construir um estado-modelo em seu distrito ou província natal. O grande fracasso de sua vida, lamentava Confúcio, foi nunca ter chegado a desfrutar dessa experiência.

Até um exame casual da história revela que nós, humanos, temos uma tendência triste de cometer os mesmos erros mais de uma vez. Temos medo de estranhos ou de qualquer pessoa que seja um pouco diferente de nós. Quando ficamos com medo, começamos a maltratar as pessoas. Temos botões de fácil acesso que liberam emoções poderosas ao serem apertados. Manipulados por políticos inteligentes, podemos chegar até o mais alto grau de irracionalidade.

Dêem-nos o tipo certo de líder e, como os pacientes mais sugestionáveis dos hipnoterapeutas, faremos alegremente quase tudo o que ele quiser, mesmo coisas que sabemos estarem erradas. Os idealizadores da Constituição eram estudiosos de história. Por reconhecer a condição humana, procuraram inventar um meio de nos manter livres a despeito de nós mesmos.

As descobertas e as atitudes científicas eram comuns naqueles que inventaram os Estados Unidos. A autoridade suprema, superior a qualquer opinião pessoal, a qualquer livro, a qualquer revelação, eram - como diz a Declaração da Independência - as leis da natureza e do DEUS da natureza.

Benjamin Franklin era respeitado na Europa e na América como o fundador da nova área da física elétrica. Na Assembléia Constituinte de 1789, John Adams recorreu repetidamente à analogia do equilíbrio mecânico nas máquinas; outros, à descoberta de William Harvey da circulação do sangue. No final da vida, Adams escreveu: Todos os homens são químicos desde o berço até o túmulo... O Universo Material é uma experiência química.

James Madison usou metáforas químicas e biológicas em The federalist papers. Os revolucionários norte-americanos eram criaturas do Iluminismo europeu, o que nos dá um pano de fundo essencial para compreender as origens e o objetivo dos Estados Unidos. A ciência e seus corolários filosóficos, escreveu o historiador norte-americano Clinton Rossiter, foram talvez a força intelectual mais importante que moldou o destino dos Estados Unidos no século XVIII [...].

Franklin era apenas um dentre vários colonos de visão avançada que reconheciam o parentesco do método científico e do procedimento democrático. O livre exame, a livre troca de informações, o otimismo e a autocrítica, o pragmatismo, a objetividade - todos esses ingredientes da futura república já estavam ativos na república científica que floresceu no século XVIII.

Thomas Jefferson era cientista. Jefferson foi um de meus primeiros heróis, não por causa de seus interesses científicos (embora eles tenham ajudado a moldar a sua filosofia política) mas porque, talvez mais do que qualquer outra pessoa, foi responsável pela propagação da democracia em todo o mundo. A idéia - emocionante, radical e revolucionária na época (em muitos lugares do mundo continua a ser) - é que as nações não devem ser governadas pelos reis, nem pelos padres, nem pelos chefões das grandes cidades, nem pelos ditadores, nem por um conluio militar, nem por uma conspiração de facto dos ricos, mas pelas pessoas comuns, trabalhando juntas. Jefferson não era apenas um teórico influente dessa causa; também estava envolvido na prática, ajudando a criar a grande experiência política norte-americana, que desde então tem sido admirada e imitada em todo o mundo.

Numa carta redigida alguns dias antes de sua morte, ele anotou que a luz da ciência é que tinha demonstrado que a maioria da humanidade não nascera com selas nas costas, nem uns poucos privilegiados de botas e esporas. Na Declaração da Independência, escrevera que nós todos devemos ter as mesmas oportunidades, os mesmos direitos inalienáveis. E, se a definição de todos estava vergonhosamente incompleta em 1776, o espírito da declaração era bastante liberal para que hoje esse todos seja muito mais inclusivo. Jefferson ensinou que todo governo degenera, quando fica entregue apenas aos governantes, porque estes - pelo próprio ato de governar - abusam da confiança pública.

Quando consideramos os fundadores de nossa nação - Jefferson, Washington, Samuel e John Adams, Madison e Monroe, Benjamin Franklin, Tom Paine e muitos outros -, temos diante de nós uma lista de pelo menos dez e talvez até dezenas de grandes líderes políticos. Eles tinham uma boa educação. Produtos do Iluminismo europeu, eram estudiosos da história.

Conheciam a falibilidade, a fraqueza e a corruptibilidade humanas. Eram fluentes na língua inglesa. Escreviam seus próprios discursos. Eram realistas e práticos, e ao mesmo tempo motivados por princípios elevados. Não verificavam as pesquisas de opinião para saber o que pensar naquela semana. Sabiam o que pensar. Tinham familiaridade com o pensamento de longo prazo, planejando um futuro bem mais distante do que a próxima eleição. Eram auto-suficientes, não precisando das carreiras do político e lobista para ganhar a vida. Eram capazes de revelar o melhor entre nós.

Interessavam-se pela ciência, e pelo menos dois deles eram versados nela. Tentaram determinar um rumo para os Estados Unidos a longo prazo - muito menos pelo estabelecimento de leis do que pela imposição de limites aos tipos de lei que podiam ser aprovados.

Uma das razões para a Constituição ser um documento ousado e corajoso é que ela permite mudança contínua, até da própria forma de governo, se assim desejar o povo. Como ninguém é bastante sábio para prever as idéias que vão suprir necessidades sociais urgentes - mesmo que elas sejam contrárias à intuição e tenham sido perturbadoras no passado -, esse documento tenta garantir a expressão mais plena e livre de todas as opiniões.

Há certamente um preço. A maioria de nós é a favor da liberdade de expressão quando há o perigo de nossas opiniões serem reprimidas. Mas não ficamos assim tão contrariados quando opiniões que desprezamos enfrentam um pouco de censura aqui e ali. No entanto, dentro de certos limites rigorosamente circunscritos.

Ainda que façam troça dos valores judaicos, cristãos e islâmicos, ainda que ridicularizem tudo o que é caro para a maioria de nós, os adoradores do Diabo (se é que existem) têm o direito de praticar a sua religião, desde que não violem nenhuma lei constitucionalmente válida.

Os indivíduos ou grupos têm a liberdade de afirmar que uma conspiração judaica ou maçônica está tomando conta do mundo, ou que o governo federal fez um pacto com o Diabo. Os indivíduos têm a liberdade, se assim quiserem, de elogiar a vida e a política de indiscutíveis assassinos de massa como Adolf Hitler, Josef Stalin e Mao Zedong. Até as opiniões detestáveis têm o direito de ser ouvidas.

Tom Clark, procurador geral da República e, portanto, o principal responsável pelo cumprimento das leis nos Estados Unidos, ofereceu em 1948 a seguinte sugestão: Aqueles que não acreditam na ideologia dos Estados Unidos não devem ter permissão de permanecer nos Estados Unidos. Mas, se há uma ideologia primordial e característica dos Estados Unidos é que não há ideologias obrigatórias ou proibidas.

Em seu famoso livrinho On liberty, o filósofo inglês John Stuart Mill afirmava que silenciar uma opinião é um mal peculiar. Se a opinião é correta, somos roubados da oportunidade de trocar o erro pela verdade; e, se está errada, somos privados de uma compreensão mais profunda da verdade em sua colisão com o erro. Se conhecemos apenas o nosso lado da argumentação, mal sabemos sequer esse pouco; ele se torna desgastado, logo aprendido de cor, não testado, uma verdade pálida e sem vida.

Em questões de direito penal, a Declaração de Direitos reconhece a tentação em que podem cair a polícia, os promotores e o Judiciário, no sentido de intimidar as testemunhas e apressar a punição. O sistema de justiça criminal é falível: pessoas inocentes podem ser punidas por crimes que não cometeram; os governos são perfeitamente capazes de forjar acusações falsas contra aqueles que, por razões que nada têm a ver com o suposto crime, não lhes agradam.

As novas idéias, a invenção e a criatividade em geral sempre estão na vanguarda da promoção de um tipo de liberdade - um desvencilhar-se das restrições claudicantes. A liberdade é um pré-requisito para continuar a delicada experiência da ciência - tendo sido uma das razões pelas quais a União Soviética não pôde continuar sendo um Estado totalitário e tecnologicamente competitivo. Ao mesmo tempo, a ciência - ou melhor, a sua delicada mistura de abertura e ceticismo, e o seu estímulo à diversidade e ao debate - é um pré-requisito para continuar a delicada experiência da liberdade numa sociedade industrial e altamente tecnológica.

Uma vez questionada a insistência religiosa na visão predominante de que a Terra estava no centro do Universo, por que se deveriam aceitar as afirmativas repetidas e conflitantes dos líderes religiosos no sentido de que Deus enviou reis para nos governar? No século XVII, era fácil enfurecer o júri a respeito desta impiedade ou daquela heresia. Eles estavam dispostos a torturar as pessoas até a morte em nome de suas crenças. No final do século XVIII, já não tinham tanta certeza.

A Declaração de Direitos desatrelou a religião do Estado, em parte porque muitas religiões estavam impregnadas de um espírito absolutista - cada uma convencida de que só ela tinha o monopólio da verdade e, assim, ansiosa para que o Estado impusesse essa verdade aos outros. Muitas vezes, os líderes e os praticantes das religiões absolutistas eram incapazes de perceber qualquer meio-termo ou de reconhecer que a verdade poderia se apoiar em doutrinas aparentemente contraditórias e abraçá-las.

Os idealizadores da Declaração de Direitos tinham diante dos olhos o exemplo da Inglaterra, onde o crime eclesiástico da heresia e o crime secular da traição haviam se tornado quase indistinguíveis. Muitos dos primeiros colonos vieram para os Estados Unidos fugindo da perseguição religiosa, embora alguns deles ficassem bastante contentes em perseguir outras pessoas por causa de suas crenças.

Os fundadores de nossa nação reconheceram que uma relação estreita entre o governo e qualquer uma das religiões conflitantes seria fatal para a liberdade - e prejudicial à religião. O juiz Black em 1962 descreveu a cláusula da Igreja oficial na primeira emenda da seguinte maneira: O seu objetivo primeiro e mais imediato se baseava na crença de que a união do governo e da religião tende a destruir o governo e a degradar a religião.

Além do mais, a separação dos poderes também funciona nesse ponto. Cada seita e culto, como observou certa vez Walter Savage Landor, é um controle moral exercido sobre os outros: A competição é tão saudável na religião como no comércio. Mas o preço é elevado; essa competição é um obstáculo a que grupos religiosos, agindo em harmonia, tratem do bem comum.

Ora, não adianta ter esses direitos, se não os usamos - o direito à liberdade de expressão quando ninguém contradiz o governo, à liberdade da imprensa quando ninguém está disposto a fazer as perguntas difíceis, o direito de reunião quando não há protestos, o sufrágio universal quando menos da metade do eleitorado vota, a separação da Igreja e do Estado quando o muro entre eles não passa por uma manutenção regular. Pelo desuso, eles podem se tornar nada mais que objetos votivos, palavreado patriótico. Direitos e liberdades: use-os ou perca-os.

Devido à previsão dos idealizadores da Declaração de Direitos - e ainda mais a todos aqueles que, com risco pessoal considerável, insistiram em exercer esses direitos -, é difícil agora prender a liberdade de expressão numa garrafa. Os comitês das bibliotecas escolares, o serviço de imigração, a polícia, o FBI - ou o político ambicioso à cata de votos - podem tentar reprimi-la de tempos em tempos, porém mais cedo ou mais tarde a rolha explode.

A Constituição é afinal a lei da nação, os funcionários públicos juraram preservá-la, e os ativistas e os tribunais de vez em quando impedem o fogo... Entretanto, devido a padrões educacionais mais baixos, competência intelectual em declínio, gosto diminuído pelo debate substantivo e sanções sociais contra o ceticismo, as nossas liberdades podem sofrer um processo lento de erosão e os nossos direitos podem ser subvertidos.

Os fundadores compreenderam tudo isso muito bem: O momento de estabelecer legalmente todos os direitos essenciais é quando os nossos governantes são honestos e nós mesmos estamos unidos, disse Thomas Jefferson. Conhecer o valor da liberdade de expressão e das outras liberdades garantidas pela Declaração de Direitos, saber o que acontece quando não temos esses direitos e aprender a exercê-los e protegê-los deveria ser um pré-requisito essencial para ser cidadão norte-americano ou, na verdade, cidadão de qualquer nação, ainda mais se esses direitos continuam desprotegidos.

Se não podemos pensar por nós mesmos, se não estamos dispostos a questionar a autoridade, somos apenas massa de manobra nas mãos daqueles que detêm o poder. Mas, se os cidadãos são educados e formam as suas próprias opiniões, aqueles que detêm o poder trabalham para nós.

Em todo país, deveríamos ensinar às nossas crianças o método científico e as razões para uma Declaração de Direitos. No mundo assombrado por demônios que habitamos em virtude de seres humanos, talvez seja apenas isso o que se interpõe entre nós e a escuridão circundante.

Finalizando: O texto acima foi condensado do livro O Mundo Assombrado pelos Demônios, 1995, de Carl Sagan. Este último capítulo foi escrito pela sua esposa Ann Druyan.

Nunca pus os pés nos Estados Unidos, mas admiro esta nação pela democracia, pela sua pujança tecnológica, pela meritocracia e principalmente porque, seus valores estão enraizados nos conceitos maçônicos de seus fundadores.

E o nosso Brasil? Qual o grau de valores ideológicos, intelectuais e morais dos dois últimos presidentes? Qual o seu passado? Pobre Brasil, pátria educadora. Não me procurem no dia 13 de março pois não estarei em casa.


João Ivo Girardi é Maçom Originalmente publicado no diário virtual JB News 1975, editado por Jerônimo Borges.

DEVEDORES DE TAXA DE CONDOMÍNIOS PODEM SER EXECUTADOS EM TRÊS DIAS SEM A NECESSIDADE DE AÇÃO JUDICIAL

CONDOMINIOINADIMPLÊNCIAO novo Código Processual Civil que entrará em vigor agora em março de 2016, pegará muitos condôminos inadimplentes de surpresa que poderão ter bens penhorados, em três dias, caso deixem de quitar a dívida com o condomínio. Em atendimento aos pedidos de muitos leitores, que solicitam maior esclarecimento sobre a nova regra, o Radar recorreu ao advogado e professor de Direito Civil, Francisco Cabral, para fazer um análise sobre o assunto.
                                                              

*Por Francisco Cabral
letra Realmente, em 17 de março de 2016, quando entrar em vigor o novo Código de Processo Civil (NCPC), ocorrerão grandes mudanças no que tange à cobrança de quotas condominiais em juízo, pois as mesmas passarão a ter natureza de título executivo extrajudicial, o que, na prática, torna a sua cobrança muito mais célere.
Mas para que se possa melhor compreender os efeitos desta alteração, é abordar primeiramente como é feita esta cobrança atualmente. Quando um Condomínio não consegue realizar a cobrança da taxa condominial de modo amigável, seja pelo pagamento voluntário da taxa na data de seu vencimento, seja por meio de acordo junto ao condômino que está em atraso, acaba recorrendo ao poder judiciário.
Para que tenha seu direito reconhecido e acolhido pelo juiz, o Condomínio, neste caso o credor das taxas, deve ingressar com uma ação naquilo que chamamos de processo de conhecimento, onde as partes, credora e devedora irão expor ao juiz seus argumentos, apresentar provas, etc., de modo que o juiz possa conhecer do litígio e prolatar a sentença. De acordo o artigo nº 275, II, b, do Código de Processo Civil em vigor, a cobrança de quaisquer quantias devidas ao condomínio pelo condômino será regulada pelo chamado procedimento sumário.
Ocorre que, apesar do nome deste procedimento indicar que seria um procedimento mais rápido, a cobrança de taxas condominiais em juízo tem se mostrado um processo bastante moroso, demorando vários meses e, na maioria dos casos, vários anos. Isto se dá porque, em razão das regras processuais atuais, que asseguram ao condômino que está em atraso a oportunidade de contraditório e de ampla defesa, disponibilizarem uma série de recursos processuais que, na maioria das vezes, são utilizados apenas com o intuito de retardar o desenvolvimento do processo.
Uma vez proferida a sentença favorável ao Condomínio, e tendo a mesma transitado em julgado, ou seja, não cabendo mais recursos, a sentença passa a ser considerada um título executivo judicial, procedendo-se à fase de execução da sentença, ou seja, de cobrança da taxa condominial.
Porém, em algumas situações, é possível passar diretamente à fase de execução, sem que seja necessário primeiramente ingressar no Processo de Conhecimento, pois nestes casos não há dúvidas quanto ao direito do credor em cobrar do devedor, uma vez que o débito está expresso em um título, como uma nota promissória ou um cheque, por exemplo. É o que chamamos de título executivo. Não há dúvida quanto ao devedor e nem quanto à quantia devida.
Assim, no caso dos chamados títulos executivos extrajudiciais, a satisfação dos interesses do credor se faz por meio de ação de execução, independentemente de prévio Processo de Conhecimento. Por isto, a cobrança destes débitos se torna muito mais rápida.
Feita esta breve explanação passamos a analisar a pergunta do leitor:
O artigo nº 784 do NCPC, que entrará em vigor a partir de 17 de março próximo, traz elencados quais seriam os títulos executivos extrajudiciais. Em seu inciso “X”, ele prevê que o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas, serão considerados como título executivo extrajudiciais.
Assim, ao ingressar com a ação no Processo de Execução, o Condomínio pedirá ao juiz que cite o condômino que está inadimplente para realizar o pagamento do valor devido em até três dias, sob pena de ter seus bens penhorados para o pagamento. Uma alteração constante do NCPC, e que vale a pena ser destacada, é quanto à citação do executado. Na regra atual, a citação do executado deve ser feita por meio de Oficial de Justiça. No NCPC, nos processos de execução, a regra geral será a citação pelo correio.

Neste caso, não há muitas alternativas ao condômino que está sendo “executado” (este termo não soa muito bem, mas o réu em processo de execução é chamado de executado):
a) Ele pode reconhecer a dívida e realizar o pagamento no prazo de três dias a contar da citação, recebendo, neste caso, um abatimento no pagamento dos honorários advocatícios devidos;
b) Se reconhecer a dívida, mas não tiver recursos suficientes para a quitação poderá, em até 15 dias, dar início ao pagamento parcelado, pagando 30% da dívida e parcelando o restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% ao mês. Eventualmente poderá haver um parcelamento maior, porém isto depende de acordo entre as partes, pois a lei só prevê parcelamento em até 6 vezes;
c) O Condômino (executado) não reconhece o débito, e opta por se defender em juízo, em até 15 dias a contar da citação. Neste caso a defesa processual chama-se Embargos à execução.
O artigo nº 917 do NCPC lista fatos que podem ser alegados nos Embargos, como por exemplo, o excesso na execução, caso em que o valor que está sendo cobrado pelo credor é superior ao devido. Porém, para melhor identificação das situações que se aplicariam os Embargos ou até mesmo se discutir a possibilidade de ingresso de um incidente processual chamado de exceção de pré-executividade, é melhor que seja feita uma consulta a um advogado.
*Francisco Cabral é: advogado. Atua na área Cível, sendo professor de Direito Civil na Faculdade ICESP de Brasília. Email: franciscojpcabral@gmail.com

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

POESIA DO DIA - Bilhete - Mario Quintana

Mário Quintana

by Marjorie Salu

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

LULA, SEGUI TEU CONSELHO: REFLETI - Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa



Maria Helena RR de Souza

Maria Helena RR de Souza



… ouvir o Ministro da Saúde dizer, com a maior tranquilidade, que os kits para diagnóstico da dengue estão com uma ‘pequena demora’ de cinco meses por conta de um atraso burocrático é uma barbaridade de tal monta que ele deveria ser substituído mal acabou de pronunciar tal estupidez.

Publicado no Blog de Ricardo Noblat, 12 de fevereiro de 2016

Em um vídeo pelos 36 anos do PT, Lula, branco dos cabelos à camiseta singela que veste, rosto franzido, ar sério e melancólico, pede que o povo faça uma reflexão sobre a importância histórica do seu partido para o Brasil. Além de rotular o PT de partido mais importante da política brasileira, o que mais fez política social em nossa história, queixa-se de que por esse motivo “vive enfrentando os adversários conservadores que não aceitam o jeito petista de governar”.

Lula, a alma mais pura do Brasil, do Mundo, quiçá do planeta Terra, o homem que diz que erradicou a miséria no Brasil, vem sofrendo com o silêncio dos brasileiros.

A jornalista Teresa Cruvinel diz que Lula, sozinho, enfrenta uma cruzada de delegados, procuradores e veículos de comunicação e compara o martírio do ex-presidente ao do Libertador da Venezuela, Simón Bolívar, tal como descrito por Gabriel Garcia Márquez em “O general em seu labirinto”.

Quem, depois de ouvi-lo falar em reflexão, num vídeo no qual ele devia aparecer alegre, retumbante de felicidade pelos feitos de seu PT, mas que aparece quase desfalecido, tristinho, ao ler essas palavras da Cruvinel ia deixar de refletir e cuidar para que o Lula voltasse a ser o líder audaz de ontem?

Pois bem, eu resolvi refletir. Vamos começar pela miséria erradicada. Nada afasta mais a pobreza e a miséria do que o trabalho. Empregado, seguro do salário no fim do mês, o trabalhador cuida da casa onde vai abrigar sua família, e luta pela educação de seus filhos.

Todos lucram com a educação, pois filhos educados educam os pais.

Criança que está na escola aprende a cuidar da saúde, aprende que a higiene é a arma mais poderosa contra doenças, que uma rua limpa, sem lixo ou dejetos nas calçadas é vital para a vida.

Aprende também a dizer não para a tentação que poderia levá-la ao mal e que votar com critério é o melhor presente que pode dar a si mesmo e a melhor retribuição que pode fazer a seus pais pelo sacrifício de toda uma vida.

Interessa-se pelas notícias do dia, quer saber como o país está lidando com os problemas que ainda temos, como corrupção desenfreada, falta de hospitais, falta de creches e escolas e agora com mais esse horror, o zika vírus.

Sabe que não adianta nada um Dia Nacional de Combate ao Vírus. Todos os dias devem ser de combate ao vírus.

Sabe, perfeitamente, que Ministro de Estado é a pessoa escolhida para auxiliar o Presidente da República a administrar o país e que, portanto, ouvir o Ministro da Saúde dizer, com a maior tranquilidade, que os kits para diagnóstico da dengue estão com uma ‘pequena demora’ de cinco meses por conta de um atraso burocrático é uma barbaridade de tal monta que ele deveria ser substituído mal acabou de pronunciar tal estupidez.

Mas, se o emprego é o alicerce de tudo, reflito, com nossa indecente taxa de desemprego, como o Lula ainda ousa sonhar que o brasileiro aceite o jeito petista de governar?

Leio no Ancelmo Góis (O Globo) uma nota que parece saída de um filme de terror: O Clube dos Caiçaras, (situado na Lagoa Rodrigues de Freitas, aqui no Rio) tinha um programa legal para meninos carentes trabalharem como boleiros das quadras de tênis. Incluía alimentação, chance de aprender o esporte e um dinheirinho – havia casos, entre salários e gorjetas, do garoto levar mais de R$1 mil por mês e se tornar a maior fonte de renda da família. O clube fazia ainda um rigoroso controle de frequência escolar e notas. Só que o Ministério Público do Trabalho foi lá e proibiu o programa.

Não é um exemplo brilhante do modo petista de governar?


* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* – Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa

OS VÍCIOS E AS VIRTUDES - Coluna Carlos Brickmann


 – 17/02/2016

Carlos Brickmann

Carlos Brickmann



Consta que, certa vez, contaram ao presidente Abraham Lincoln que seu mais importante general, Ulysses Grant (que também chegaria a presidente dos EUA) vivia bêbado. Lincoln replicou: então é melhor mandar o mesmo uísque aos meus outros generais, para que sejam vitoriosos como ele.

Mais recentemente, o marechal Bernard Montgomery recebeu de Sua Majestade o título de Herói da Grã-Bretanha. E alfinetou o primeiro-ministro Winston Churchill, a quem não perdoava por comandar as tropas inglesas, mesmo tendo carreira militar muito menos brilhante que a dele: “Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói”, disse Montgomery, referindo-se a alguns hábitos de Churchill. Churchill respondeu com o bom humor de sempre: “Eu fumo, bebo, prevarico e sou o chefe dele”.

Churchill bebia (muito), Hitler não bebia. O presidente americano Franklin Roosevelt  tinha mais de uma mulher, Hitler não tinha. O marechal von Bock, que comandou a invasão a Moscou, era oficial condecorado. O marechal Rokossovsky, que o derrotou, estava preso sob acusação de espionagem e foi retirado da cadeia para comandar a resistência.

Virtudes e defeitos pessoais são pessoais, não públicos. E martelar sobre as 37 caixas de vinho que Lula mandou para o sítio de Atibaia é bobagem: aparentemente há denúncias mais graves para que ele se preocupe do que esta dos vinhos.

Que, aliás, cinco anos depois, certamente já se foram.

Só vale se doer

Richard Morris, coordenador da campanha vitoriosa de Clinton em 2006, analisa a influência dos escândalos sobre candidaturas e é citado pelo ex-governador fluminense César Maia, em seu ex-blog. Algumas frases que parecem referir-se ao Brasil: “A única maneira de sair vivo (de um escândalo) é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar”. “A força de um escândalo é a importância política. Roubar dinheiro quase sempre não se perdoa. Em outros tipos de escândalo, como os de comportamento, os eleitores se mostram mais suaves e compreensivos”.

Ou seja, misturar coisas graves com implicâncias menores é fazer o jogo do adversário.

Zika maquiada

Em sua incessanta movimentação contra o vírus zika, Dilma visitou sábado, no Rio, a favela Caminho do Zepelim. Na véspera, para garantir um ambiente mais agradável à ilustre mata-mosquita, funcionários da Presidência e da Prefeitura do Rio podaram árvores, recolheram lixo, varreram as ruas, limparam valas – “coisas que nunca fizeram aqui”, como disse a dona de casa Diana Amorim Gonzalez, que há um mês teve zika.

Dilma certamente se orgulhou da favela tão limpinha e bem cuidada.

Mas tem precedente

O cordão que cada vez aumenta mais que se antecipou à visita de Dilma certamente se inspirou nas Aldeias Potemkin, da Rússia. Grigory Potemkin, ministro e amante da rainha Catarina, a Grande, preparou tudo para a visita de Sua Majestade, acompanhada de embaixadores estrangeiros, às terras recentemente conquistadas em guerra com o Império Otomano. Potemkin criou as aldeias que levaram seu nome: pequenas cidades cenográficas, habitadas por gente bonita e saudável, foram colocadas no caminho, para que a imperatriz visse e mostrasse aos visitantes como seu povo era feliz.

Mas que ninguém compare Dilma a Catarina, a Grande: Catarina foi uma tirana, chefiou o golpe contra seu marido (que foi morto pelo irmão de seu amante), mas fez um grande governo, que mudou a face da Rússia.

Uma confissão

A informação é oficial: a Petrobras está demitindo 30 mil funcionários administrativos e devolvendo 240 mil m² de escritórios, alugados de 2005 para cá. Segundo a empresa, a produção continuará a mesma. Os 30 mil funcionários que saem e os milhares de m² alugados não farão falta.

A Petrobras deixa prédios que ocupava em Macaé, RJ, na Bahia e no Espírito Santo – onde já tinha construído novas sedes, mantendo o aluguel das antigas. Em Macaé, houve a devolução de escritórios em três endereços. Em Salvador, parte da área financeira foi transferida para a Torre Pituba, que pertence a seu fundo de pensão, o Petros, e foi construída, claro, por Odebrecht e OAS. Mas até o fim do ano a empresa paga os novos aluguéis e os antigos. E quem alugava cinco imóveis para a Petrobras no centro do Rio? O BTG Pactual – o banco de André Esteves.

Há dúvidas sobre os motivos que levaram a Petrobras ao prejuízo?

Político é político

Mais de onze mil quilômetros nos separam. Mas a cabeça dos políticos nos une. Resposta do presidente sírio Bashar Al-Assad quando lhe perguntaram se pretende ficar a vida inteira no cargo, como seu pai: “A presidência não é um hobby que apreciamos. É uma responsabilidade”.

Em resumo, quer ser presidente para o bem do povo. Lembra alguém, não?

Chumbo Gordo – www.chumbogordo.com.br
carlos@brickmann.com.br
Twitter: @CarlosBrickmann

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Israel, potência mundial em nanotecnologia


15/02/16 Posted by Coisas Judaicas
Coisas Judaicas


Nos últimos nove anos, pesquisadores israelenses em nanotecnologia entraram com 1.590 patentes ( 769 concedidas até agora) , publicaram 12.392 artigos acadêmicos sobre o assunto, e houve 129 histórias de sucesso em nanotecnologia, que incluem estabelecimento de startups , venda de ideias ou tecnologias para multinacionais , licenciamento de patentes, etc. Inovações da nanotecnologia israelense são parte de alguns dos maiores e mais inovadores produtos e tecnologias do mundo, nas áreas farmacêutica, água ,diagnóstico , energia ,  segurança e até coloração de cabelo.

E, atualmente, existem mais de 1.600 programas de pesquisa em curso entre as universidades israelenses e empresas locais ou internacionais que estudam a utilização de pesquisas em nanotecnologia realizadas em Israel em uma série de aplicações nos âmbitos industrial, infraestrutura e tecnologia da informação.

Isso seria mais que suficiente para Israel ser considerado uma superpotência em nanotecnologia , de acordo com Dan Vilenski , um empresário israelense que acredita que o ” próximo bilhão ” de Israel esteja extamente no negócio de nanotecnologia . ” Daqui a dez anos , o mundo vai parecer completamente diferente , graças à nanotecnologia , e Israel terá muito a ver com isso”, disse Vilenski , que dirige a Iniciativa Nacional de Nanotecnologia de Israel( INNI ) , e está ajudando a organizar a edição de 2016 da Feira e Congresso NanoIsrael
O fato de que a nanotecnologia não decolou tanto da maneira que a mídia retratou que iria acontecer ao longo da última década e meia,  não incomoda Vilenski .

“Houve muito ceticismo também quando o transistor foi lançado, por exmplo, e olhem para o mundo agora “, disse ele . ” E mesmo que isso não seja totalmente óbvio , no entanto, já estamos vendo a nanotecnologia erguer uma série de indústrias . Acontece que os produtos têm a mesma aparência exterior , por isso, as pessoas não percebem o que está acontecendo lá dentro deles. ”

Concordando com Vilenski, está Rafi Koriat , que preside a NanoIsrael 2016, marcada para 22 de Fevereiro , em Tel Aviv. ” Como muitas outras tecnologias , a nanotecnologia em seus estágios iniciais tem sido evolutiva , mesmo que opere de formas revolucionárias . Logo, no entanto , vamos começar a ver o lado mais revolucionária da nanotecnologia diante de nossos olhos” .

Um bom exemplo : A empresa israelense de tecnologia na área de energia, 3GSolar, que está usando nanotecnologia para desenvolver células de energia fotovoltaica integradas que permitem que dispositivos de consumo recarreguem-se não com sol, mas com iluminação normal – incluindo iluminação elétrica – dentro de casa, eliminando assim a necessidade de baterias completamente.
nano2
Se Israel tem um programa de nanotecnologia notável, é em grande parte devido ao trabalho da INNI. “Começamos em 2005 com um fundo que adquirimos do governo, doações privadas, doações de empresas, etc”, disse Vilenski.

Ao todo, o fundo de cinco anos levantou US $ 250 milhões para os programas – e foi tão bem sucedido que foi repetido.

Agora, em sua terceira edição do programa de 5 anos, a INNI continua  financiando novos programas de pesquisa, fornecendo bolsas de estudo, e ajudando pesquisadores a levar suas grandes idéias para o mercado.

“INNI é vista como uma história de sucesso acadêmico em todo o mundo”, disse Vilenski. “Temos investido muito dinheiro na nanotecnologia, mas sou positivo em pensar que os investimentos terão grande retorno e êxtio. Temos até ao momento 55 start-ups com ideias e projetos únicos, que ninguém em qualquer outro lugar está fazendo. Se somente um desses se transformar em uma empresa de bilhões de dólares, já terá feito o investimento valer a pena. – E eu acredito que nós temos muito mais do que apenas um desses unicórnios ao nosso lado ”
Fonte: Times of Israel
Fotos:  NanoIsrael 2016
Para ler a matéria na íntegra, clique aqui

COM JANOT, O DESTINO DA MP DA CORRUPÇÃO - MODESTO CARVALHOSA


Douglass


 Modesto Carvalhosa, O Estado de S. Paulo –  13/2/2016

Modesto Carvalhosa
Modesto Carvalhosa

A Medida Provisória 703 – conhecida como a MP da Corrupção e em plena vigência desde 18 de dezembro – suscitou grande indignação na sociedade civil brasileira. Trata-se de um poderoso instrumento utilizado pelo governo petista para legalizar a corrupção no País, neutralizando os efeitos punitivos da Operação Lava Jato e inibindo a ação do Ministério Público visando ao ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos pelas empreiteiras ao longo dos últimos 13 anos e sua inabilitação.

Em sentido contrário, permite o diploma dilmista a plena contratação das empreiteiras corruptas para retomarem aquelas mesmas obras públicas que causaram bilhões de prejuízos aos cofres da União e das empresas estatais. Podem elas, também, obter novas concessões e novas obras, em todos os níveis – federal, estadual e municipal. Basta que se submetam essas virtuosas empresas a certos rituais de pajelança e de magia negra depurativas de maus hábitos, sob a pomposa e enganosa denominação de “acordos de leniência”, para que voltem ao seio generoso e cobiçoso da administração.

Tudo isso para que não mais se interrompam as relações promíscuas que até há pouco tão bem sustentaram o projeto hegemônico do Partido dos Trabalhadores.


A iniciativa de legalizar a corrupção dos governos truculentos e populistas da África, América Latina, Ásia e do Leste Europeu, tendo ainda como artistas convidados a Itália e a Grécia, é amplamente estudada na literatura política. Veja-se Bobbio (L’utopia capovolta”); Judt (Guasto é il mondo) e Bauman (Medo líquido). Mais recentemente foram publicados os estudos de M. Arnone e L. S. Bornini (Corruption – economic analysis and international law, Elgar, 2014); Henaff (Pour une anthropologie de la corruption, Esprit, 2014_ e Barbieri e Giavazzi (Corruzione a norma di legge, Rizzoli. 2014).

Estes dois últimos autores explicam: “A corrupção mais grave, ou seja, a que mais causa danos à sociedade, não é aquela que decorre da violação das leis, mas sim a que se encontra na corrupção das próprias leis”. E continuam os autores: “Nenhuma lei é violada. São as leis – elas próprias – que são corrompidas, ou seja, escritas e aprovadas a favor dos corruptos contra os interesses do Estado. Em face desse tipo de corrupção a Justiça fica desarmada, razão pela qual somente pode ela ser combatida pela política e pela cidadania”.

Evidentemente que no Brasil o combate à legalização da corrupção não pode contar com a política, como imaginam aqueles pesquisadores, na medida em que nossos festejados parlamentares estão envolvidos, até a raiz, no propinoduto que rega seus partidos e as contas pessoais deles próprios.

Essa conivência proativa de nossos amados parlamentares é ressaltada pelo diretor da força-tarefa da Lava Jato, o ilustre promotor Luis Fernando dos Santos Lima (Veja, 13/1).

Restou para a cidadania unicamente o caminho do Judiciário, visando a declaração de absoluta inconstitucionalidade dessa execrável MP 703/2015. Refletindo o clamor público contra mais essa sinistra iniciativa dilmista de legalizar a corrupção, a Associação do Ministério Público de Contas e o Instituto Não Aceito Corrupção oficiaram ao dr. Rodrigo Janot, em 22 de dezembro – quatro dias após a publicação da indigitada MP –, solicitando que em caráter de urgência o procurador-geral da República ingressasse com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) perante o Supremo Tribunal Federal contra a MP 703, por ferir todos os princípios de moralidade pública inscritos na Carta de 1988.

O ofício descreve, um por um, os delitos constitucionais encontrados na medida provisória, enfatizando a urgência do ingresso da Adin ante o iminente perigo de serem extintas as ações de improbidade administrativa em curso envolvendo as empreiteiras, propostas pelos procuradores subordinados ao próprio Janot. A petição do Ministério Público encaminhada ao famoso procurador-geral só necessita da sua assinatura, tal o detalhamento e a profundidade dos argumentos ali contidos, que apontam a quebra de todos os princípios constitucionais do Estado Democrático de Direito constantes desse verdadeiro corpo de delito que é a MP 703.

Não obstante, o sr. Janot – passados 60 dias do pedido de ingresso por parte dos seus colegas do Ministério Público – até hoje não mexeu uma palha. Enquanto isso a famigerada MP 703 está em plena vigência. Basta que seja firmado entre a CGU e uma santificada empreiteira um Termo de Ajustamento de Conduta – em que foi cinicamente transformado o acordo de leniência previsto na Lei Anticorrupção – para que cessem quaisquer medidas judiciais contra ela já propostas pelo Ministério Público Federal.

Todo o cuidadoso e consistente trabalho empreendido em juízo pelo Ministério Público Federal está sendo destruído pela MP da corrupção, nas barbas do próprio procurador-geral da República, que deveria preservar o legítimo e necessário trabalho empreendido por seus subordinados no campo da reparação ao Estado não só das propinas pagas, mas dos prejuízos de centenas de bilhões embolsados pelas empreiteiras mediante as inúmeras fraudes que praticaram na contratação, na execução e não execução dos contratos que firmaram nos últimos 12 anos com o governo e suas estatais.

Comenta-se que o sr. Janot é especialista em punição seletiva: enquanto processa o ínclito presidente da Câmara dos Deputados, poupa o preclaro presidente do Senado e agora – ao que tudo indica – também poupa a magnânima presidente da República na sua missão de legalizar a corrupção. A Nação brasileira pede uma ampla e cabal explicação do sr. Janot sobre sua conduta omissiva, que está permitindo que se destrua todo o trabalho de saneamento das relações público-privadas.

Aguardamos.


Modesto Carvalhosa é jurista, autor, entre outros livros, de ‘Considerações Sobre a Lei Anticorrupção das Pessoas Jurídicas’ e ‘O Livro Negro da Corrupção’.

CHARGE DO ALPINO - Sítio!!!...


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O ANARQUISMO NOS DIAS ATUAIS NO BRASIL E NO MUNDO - by REMILTON ROZA


Posted: 30 Jan 2016 08:12 AM PST

Hoje vamos falar sobre a forte influencia do anarquismo, presente nas manifestações que vem acontecendo pelo país. Os protestos atuais, claro, não podem ser simplificados dentro do termo, mas trazem até mesmo elementos simbólicos dos revolucionários. É só lembrar os “A” grafados em meio a círculos nos escudos improvisados dos Black Blocs, manifestantes que mascarados e protegidos tomam a frente das passeatas para lidar com a repressão policial, caso haja. O ícone máximo da tradição anarquista, e também as máscaras do personagem V, do quadrinho V de vingança, ficção que mostra uma revolução anarquista em meio a uma distopia totalitária. Algumas das imagens comuns de protestos anteriores como Che Guevara ou os símbolos comunistas, parecem dizer pouco ou quase nada sobre os protestos de hoje. Se toda disputa política acontece também em um campo simbólico, as manifestações recentes que acontecem pelo Brasil já deram sinais suficientes de que buscam novos caminhos para agir politicamente. Dois desses principais pontos, a ausência de lideranças e as tentativas de organização alheias aos partidos políticos, remetem a um posicionamento que há muito tempo está no espectro político, principalmente nas mobilizações de rua: O anarquismo!

No final do século XIX  e início do século XX, o movimento anarquista teve seu auge no Brasil, era uma das tendências políticas majoritárias entre os movimentos operários, o que causou as grandes greves operárias de 1917 em São Paulo e de 1918 e 1919 no Rio de Janeiro. Nestes mesmos anos foram criadas escolas para trabalhadores que eram comandadas segundo os ideais da doutrina. Em 1919 foi instituído o Partido Comunista Anarquista, que perdeu força alguns anos depois, em 1922, com a criação do Partido Comunista, que era integrado por ex-anarquistas. O anarquismo é considerado uma doutrina sócio-política que surgiu entre os séculos XVII e XVIII na Europa, tendo chegado ao Brasil em 1850 através dos imigrantes europeus. O anarquismo defende que a sociedade não deve ter nenhuma forma de autoridade e considera que o Estado é uma força coercitiva (repressão). As teorias do anarco-sindicalismo chegaram ao Brasil através de livros dos sindicalistas franceses, e difundiram-se através da imprensa e das decisões da grande massa operária, dominada por anarco-sindicalistas.

A Colônia Cecília, dirigida entre 1890 e 1893 por italianos imigrantes em terras doadas por D. Pedro II, no município de Palmeira, Paraná, é considerada a principal colônia anarquista que existiu no Brasil. Durante a República Velha, a ideologia anarquista defendeu a organização sindical autônoma, a extinção do Estado, da Igreja e da propriedade privada. Posicionaram-se contra a organização dos partidos políticos, divulgando suas idéias por meio de jornais, revistas, livros, panfletos, etc.. A ação direta era pregada pelo chamado “sindicalismo revolucionário”. Esta ação direta consistia em greves, boicotes e sabotagens e era considerada um meio para os trabalhadores adquirirem melhores condições de trabalho, indo contra o sistema capitalista. Em busca de destruir este sistema, os trabalhadores eram ensinados a se prepararem para uma ação final: A greve geral que destruiria este sistema. Nestas “ações diretas”, a violência era considerada aceitável, a sabotagem era considerada eficaz, e caso não fosse possível realizar a greve, o proletariado era orientado a destruir os equipamentos, os ambientes de trabalho, e pressionar os seus patrões até que suas exigências fossem atendidas.

Nos anos 1990 muitas pessoas criticaram o socialismo autoritário, mas tinham reservas acerca do anarquismo. Era considerado utópico, romântico e caótico. Porém, retomaram vários princípios do anarquismo como a democracia pela base, a organização horizontal,  o ceticismo acerca da hierarquia e dos políticos e ainda o princípio da ação direta. Na última década, o movimento libertário encontrou um terreno fértil de reflexão e de experimentação nas várias realidades de autogestão surgidas na Itália, Espanha e outros países.  E graças à sua estrutura horizontal e flexível, soube entender e absorver rapidamente os impulsos provenientes de outros movimentos sociais. Sem dúvida que o movimento anarquista abre-se a movimentos afins, mesmo se a  tendência a contornar o poder ao invés de combatê-lo frontalmente não tem unanimidade. Porém, amplos setores parecem ter abandonado os conceitos de hegemonia elaborados na teoria política do século 19, privilegiando a articulação com outros movimentos  sociais.

Desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992, o Brasil não vivia momentos tão efervescentes como agora, ainda que motivos não tenham faltado para que o povo fosse às ruas antes. De escândalos políticos como o do mensalão, petróleo, a partir de 2005 até os dias atuais, a diversos crimes do colarinho branco praticados por pessoas dos mais diferentes setores e que devastaram cofres públicos. A população assistiu de longe ao Brasil avançar em campos como o econômico, enquanto abandonava áreas básicas como educação, saúde e segurança. Mas, afinal, o que faz com que uma nação acorde depois de tantos anos e volte a tomar as cidades para protestar contra a opressão do sistema? Há muito tempo o Brasil não vivia momentos tão agitados como agora. Nos anos 1960, tivemos marchas contra a ditadura. Nos anos 1980, o Diretas Já. Menos de 10 anos depois, os Caras Pintadas. Por que um país que já havia experimentado o gosto de ir às ruas protestar fica tanto tempo desmobilizado? O que acaba se tornando a gota d'água para que o espírito de luta reapareça?

Na verdade, nunca se sabe. Na ditadura, sabia-se perfeitamente. Hoje, não. Não há um inimigo único. É um conjunto de fatores. Os protestos não querem, por exemplo, derrubar a Dilma, o Alckmin, o Cunha, ou sujar o nome do Lula. Até pode ter grupos menores querendo isso, mas a massa mesmo protesta contra coisas mais genéricas. Há um mal estar profundo com casos de corrupção, com a ineficácia do mundo político perante o cotidiano da população, em que, por um lado se produz gastos extraordinários, por outro, se faz a população sofrer com a falta de qualidade em serviços básicos. Em outros momentos, essas ondas de protestos ocorriam em momentos de instabilidade geral, de pleno desemprego, superinflação. De que forma temos que olhar para esse foco múltiplo que abastece os protestos. Primeiramente, temos de analisar os aspectos de ordem interna. E, internamente, o movimento tem características anárquicas. Não no sentido de baderna gratuita, que fique claro, mas da filosofia política, da ideologia do movimento. O anarquismo se revolta justo contra as instituições vigentes. Veja que os ataques são, majoritariamente, contra prédios que representam o poder: Prefeituras, Congresso Nacional, Sedes de Governos Estaduais, e Etc.. Mesmo que nem todos esses jovens saibam, eles estão cumprindo um programa anarquista, agindo de acordo com os preceitos anarquistas. Se olhar o simbolismo, verá que as características da anarquia são claras.

Não adianta um grupo se reunir com o Alckmin (por exemplo) para negociar, pois esses protestos não possuem um cérebro, um líder. Esses jovens do Movimento Passe Livre representam apenas alguns das centenas de grupos que se uniram para fazer as manifestações, e sempre vai haver alguém para dizer que eles não o representam. Os grupos são multifacetados, e há anarquistas pacifistas e violentos. Sempre houve esse conflito interno! Como não existe um cérebro por trás controlando, você nunca vai ter o controle sobre a massa. Uma parte sempre vai se sentir prejudicado, não representado. O povo hoje é livre pra fazer o que quiser, mas sempre será escravo das conseqüências! 

É cedo para falar em uma "Primavera Brasileira"? Tem uma força muito grande agindo que é o mimetismo, a vontade de querer imitar aquilo que vemos. Grande parte da juventude brasileira viu o que aconteceu na Tunísia, no Cairo, e na Turquia. E isso tem um peso muito grande. Não passa um a dia sem que a mídia noticie um acontecimento nesses lugares. E olha que o Erdogan não é ditador, ele foi eleito. Mesmo assim, recebeu uma carga de protestos gigantesca. Então, faz parte desse cenário de globalização sofrermos influências de outros lugares. É bem aceitável a comparação.

A Copa de 2014 e as Olim-Piádas de 2016: Olha o que se gastou em estádios. É como se estivéssemos construindo uma nova Brasília. Termos estádio novo em Manaus, em Fortaleza, no Distrito Federal, em Salvador, além de outros que foram reformados, como o Maracanã e agora os milhões gastos na cidade olímpica do Rio de Janeiro. Isso exige muito gasto interno, de infra-estrutura, reforma urbana. E isso também exerce uma pressão inflacionária, como na época em que se construiu a capital federal. E os efeitos disso, dos gastos e, depois, do que fica, nós só vamos sentir muito mais tarde. Não há país no mundo que não seja atormentado por um índice inflacionário com gastos tão altos como esses. O que pode mudar no Brasil a partir desses protestos. Pode haver uma reação fascista mais tarde. É uma possibilidade! Tem que cuidar para não levar isso como em 1968, quando o movimento foi indo até que a resposta foi o AI-5. Imagina uma cidade como São Paulo em que as pessoas não conseguem mais chegar em casa por causa dos protestos. Uma hora aquele grupo que não vai às ruas, silencioso, começa a se mexer.

Todos os movimentos que ocorreram pelo mundo se esvaíram por si mesmo. No que deu o Occupy Wall Street, em Nova York?! Ou o Los Indignados, na Espanha?! Em nada! Na Grécia também, ainda que em outras circunstâncias. Agora, nos países árabes foi diferente. Mas lá havia uma causa muito palpável. É muito mais fácil ter um inimigo facilmente identificável. Mas, voltando, quem é o inimigo aqui no Brasil, que permita um catalisador dos movimentos?! Os Caras Pintadas tinham o Collor. Pediram que ele renunciasse, o que ele terminou fazendo. Mas agora, ninguém está na rua para derrubar um governador específico. A perspectiva é gradativamente ir sumindo o movimento. A democracia tem essa característica. Você concorda com o movimento, acolhe ele, mas ele vai se esvaziando com o tempo.

O Anarquismo dos Black Blocs

Quando imóvel de família pode ser penhorado e leiloado


  
Fonte: Exame

Veja 8 situações em que a Justiça pode determinar a retomada de bem em favor do credor mesmo quando a propriedade é considerada bem ou imóvel de família

quando imóvel de família pode ser penhorado e leiloado
A legislação brasileira impede que um imóvel que seja considerado bem de família possa ser utilizado para o pagamento de dívidas inadimplentes de seu proprietário. Isso quer dizer que quem atrasou o pagamento de algum débito não pode ter a própria casa executada judicialmente como forma de ressarcir os credores pelo prejuízo.
objetivo da legislação é impedir que o devedor não tenha onde abrigar a família. Alimitação de penhorabilidade foi regulamentada em detalhes pela lei 8.009, de 1990. A norma impede que a casa onde a pessoa, o casal ou os filhos moram possa ser usada para o pagamento de dívidas civis, previdenciárias ou trabalhistas.
Caso a pessoa tenha mais de uma casa e queira proteger da penhora outro imóvel que não seja aquele onde vive, deve se dirigir ao cartório e registrar como bem de família a outra residência. O valor da propriedade que será registrada como bem de família não pode superar um terço do valor total do patrimônio da pessoa. Atendida essa exigência, é feito o registro em cartório, mas a residência onde a pessoa mora perde a proteção contra penhora.
Nesse caso, é pela vontade do próprio morador que a propriedade ocupada pela família fica sujeita à penhora. A Justiça brasileira, no entanto, tem concedido ganho de causa aos credores em outras oito situações, descritas a seguir por Marcos Andrade, sócio do escritório Sevilha, Andrade, Arruda Advogados:
1 – Para pagar prestações em atraso do financiamento imobiliário que permitiu a compra ou a construção da residência, é possível penhorar o imóvel. O banco que financiou a aquisição da propriedade pode, portanto, retomá-la se houver inadimplência. Desde meados da década passada, o mesmo direito também é garantido aos bancos pela chamada “alienação fiduciária”. Por meio desse instrumento, a pessoa só terá direito à propriedade quando terminar de pagar as prestações do financiamento. Até lá, o imóvel fica em nome do banco, e o morador só tem direito à posse.
Veja mais:

Mutuários inadimplentes: atenção com retomada do imóvel

2 – Para pagar dívidas trabalhistas com os empregados domésticos do próprio imóvel, é permitida a penhora. Se o proprietário da residência não pagar os salários e benefícios da faxineira ou do jardineiro, por exemplo, o imóvel poderá ser retomado para a quitação dos débitos.
Atenção – Obs. do Click Habitação:
Informamos que a Lei Complementar 150/2015 revogou o inciso I do art. 3º da lei 8.009/90 que previa ser possível a penhora do bem de família para pagamento dessas dívidas trabalhistas, assim sendo, se hoje um empregador doméstico for executado por dívidas trabalhistas relacionados com sua ex-empregada doméstica ou por dívidas relativas a contribuições previdenciárias também decorrentes deste vínculo, não se poderá penhorar o bem de família pertencente ao empregador.
3 – Outra exceção que pode levar à penhora de um bem de família é quando uma pessoa deixa de pagar a pensão alimentícia aos filhos. Essa é uma infração com uma das penalidades mais rígidas da legislação brasileira. Deixar de pagar a pensão dos filhos também é crime inafiançável. O devedor pode ser preso e ficará detido até que regularize a situação.
4 – Um imóvel pode ser penhorado para o pagamento de dívidas tributárias relativas ao próprio imóvel. Se o proprietário deixar de pagar o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), pode perder o bem de família. Desde 2011, a Prefeitura de São Paulo tem fechado o cerco aos devedores do IPTU. Como nas últimas décadas houve diversas oportunidade de renegociar esses débitos com a prefeitura e se livrar de multas e juros, muita gente deixava de recolher o IPTU na data dos vencimentos para acertar a pendência mais para frente em condições favoráveis.
Agora, a prefeitura decidiu começar a notificar os donos dos imóveis com pendências e a ameaçá-los com a possiblidade de execução judicial e de leilão da propriedade se não houver a quitação dos débitos. No Rio de Janeiro, onde esse tipo de ação já é realizada há mais tempo, há muitos questionamentos judiciais da constitucionalidade dessa política de cobrança. Muitos proprietários contestaram a possibilidade de execução na Justiça, mas a vitória ou a derrota na ação depende principalmente do juiz que analisa o processo, uma vez que a questão não está pacificada.
5 – Quando o imóvel é oferecido como garantia de uma dívida, o devedor também pode perdê-lo se não pagá-la em dia. O imóvel de família que serve como garantia de hipoteca está sujeito à penhora.
6 – Quando o imóvel foi comprado com dinheiro sujo ou gerado por conduta criminosa, fica sujeito à penhora mesmo que abrigue a família do criminoso.
7 – Quando alguém é fiador em um contrato de aluguel e se compromete a garantir os pagamentos do inquilino, também fica sujeito a ter o imóvel penhorado caso haja inadimplência.
8 – A questão mais polêmica em relação à penhora de imóveis de família é quando a pessoa mora em uma propriedade de luxo. A lei 8.009/90 não prevê explicitamente essa possiblidade, mas muitos juízes de primeira e segunda instâncias permitem que a propriedade seja vendida para arcar com a dívida inadimplente.
O devedor, nesses casos, não ficaria desamparado porque pode pegar o dinheiro restante e comprar outra residência menor. Uma pessoa que perde um imóvel de 1,5 milhão de reais para o pagamento de uma dívida de 500.000 reais, por exemplo, ainda terá 1 milhão de reais no bolso para encontrar um novo lar para a mulher e os filhos.
Há decisões nesse sentido em tribunais como o TJ-SP, mas a decisão foi posteriormente derrubada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Da mesma forma, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também já permitiu a penhora de imóvel de família luxuoso. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), entretanto, nunca referendou a decisão.
Uma lei aprovada pelo Congresso em 2006 também chegou a permitir a penhora de bem de família com valor superior a 1.000 salários mínimos (hoje equivalente a 622.000 reais), mas a alteração foi vetada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A comissão da Câmara que estuda uma nova reforma do Código de Processo Civil, entretanto, estuda voltar a incluir o assunto no projeto, que não tem previsão para votação.
Fonte: Exame – João Sandrini