segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Os petistas estão querendo aplicar aqui o modelo venezuelano no trato com a oposição. Não vão conseguir!


A Venezuela do chavismo está se desconstituindo e caminha para a guerra civil. É aquele país em que, certa feita, um sábio, chamado Luiz Inácio Lula da Silva, disse “haver democracia até demais”. É aquele país saudado mais de uma vez em tempos recentes pela presidente Dilma Rousseff em fóruns multilaterais como expressão da convivência democrática. É aquele país que a governanta fez questão de abrigar no Mercosul, mesmo tendo de patrocinar um golpe no bloco, em companhia de Cristina Kirchner. Suspendeu-se o democrático Paraguai para dar guarida a uma ditadura.

Às vezes, sabem como é… Os petistas confundem alhos com bugalhos e acabam achando, a exemplo de correntes de extrema esquerda e dos blogs sujos, financiados com dinheiro público, que a Venezuela é um modelo a ser seguido. Não custa lembrar que, recentemente, um grupo de parlamentares vermelhos saiu daqui para ver de perto como funciona o regime venezuelano. Deveriam ter ficado por lá para tentar barrar no berro os saques a supermercados… Por que digo isso?

Uma das pedras-de-toque do regime bolivariano consistiu justamente em satanizar as oposições, acusando-as de golpismo e de terrorismo. Sob esse pretexto, tanto Chávez como Nicolás Maduro prenderam, exilaram e mataram. Ainda mais incompetente do que Chávez e mais truculento do que o antecessor, Maduro perdeu todo o pudor. Sob a sua gestão, aprovou-se uma lei que confere à Guarda Nacional Bolivariana a prerrogativa de atirar em manifestante para matar mesmo.

“Democracia”, diz Dilma. “Democracia até demais”, dizia Lula.

O regime chavista foi tirando, progressivamente, das oposições todos os canais de expressão que esta detinha. E transformou o simples exercício do contraditório em terrorismo, com cassação de mandatos, exílios e prisões políticas. E, podem escrever aí: a menos que Maduro seja derrubado por um levante militar — já que ele é hoje a face civil de um regime que é, na base, fardado —, o desfecho será necessariamente sangrento. Hoje, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e membros da alta cúpula das Forças Armadas são investigados nos EUA por tráfico de drogas.

“Democracia”, diz Dilma! “Democracia até demais”, dizia Lula.

Por que faço aqui essas observações? Quando vejo a presidente Dilma Rousseff, o ministro Jaques Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, associar a bomba caseira jogada na calçada do Instituto Lula às manifestações de rua contra o governo e em favor do impeachment, como haverá no dia 16, só posso concluir que os petistas resolveram empregar por aqui a tática bolivariana, que consiste em tentar deslegitimar as oposições — e não apenas os partidos de oposição. Também a esmagadora maioria da população, que hoje quer Dilma fora do governo, estaria se deixando embalar pelo golpismo.

É claro que essa retórica não é exclusividade do governo. A gente a vê também na boca de colunistas alinhados com o regime, que decidiram se comportar como porta-vozes, eles sim, do ataque à democracia e ao Estado de Direito. Não há uma só força relevante no país hoje em dia que defenda a saída de Dilma apenas porque ela pratica estelionato eleitoral. Do ponto de vista ético, convenham, deveria bastar. Mas não! Os que pedem a saída da presidente o fazem, como é notório, segundo os rigores da lei e da Constituição; entendem que ela cometeu crime de responsabilidade.

Sem essa! O Brasil não é a Venezuela. Treze anos de poder petista arranharam, sim, as instituições, mas não conseguiram destruí-las, como fez o chavismo. No dia 16 de agosto, os que defendem o impeachment de Dilma — com todo o direito que lhes facultam a Constituição e as Leis — vão às ruas em paz, em ordem, levando a Bandeira do Brasil.

Quem quer que destoe desse princípio é um agente infiltrado. Tem de ser contido, sem violência, e entregue à Polícia. Tratar-se-á de um terrorista a serviço do statu quo, de um terrorista a favor.

Por Reinaldo Azevedo

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