quarta-feira, 5 de agosto de 2015

GRÉCIA GRANDE DO SUL – por Milton Pires, médico e articulista nas redes sociais


milton p
Divulgado, agora pela manhã, através da Rádio Gaúcha de Porto Alegre, o tema do sigiloso encontro de última hora marcado pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) – Ricardo Lewandowski – com o Governador do Rio Grande do Sul (RS) – José Ivo Sartori.
Não há, ao meu ver, motivos para se duvidar das informações da afiliada estadual da Rede Globo: a Rede Brasil Sul (RBS).
O governador esteve em Brasília em missão de sondagem e mendicância. Além de expor as contas do Rio Grande do Sul (como se elas já não fossem conhecidas) ele procurou atualizar-se a respeito das informações sobre uma eventual intervenção federal no estado a partir do julgamento (que prossegue) da decisão de parcelamento de salários.
Deus me livre de defender um STF composto por gente indicada pelo PT, mas desta vez a decisão deles não vai ser fácil: se aceitam o parcelamento, abrem um precedente …uma espécie de jurisprudência para que todos os outros governadores (e eu garanto a vocês que eles estão acompanhando a questão de perto) fazerem o mesmo. Se não não aceitam; vão se ver obrigados a autorizar a nomeação de um interventor federal num dos estados mais politizados do Brasil e tropas – provavelmente da Força Nacional de Segurança – precisarão entrar no RS.
Venho expondo em artigos e participações em web radio as causas e consequências do que está acontecendo aqui. Mais uma vez faço questão de dizer que utilizar termos como “crise estrutural” ou “crise histórica” das finanças do meu estado são maneiras de eximir da culpa os governos anteriores e, fundamentalmente, a vergonhosa, a criminosa administração de Tarso Genro. Hoje eu quero chamar a atenção para uma informação divulgada pela RBS: o fato do governador Sartori e sua equipe terem “sondado” a possibilidade de um “refinanciamento”, de uma espécie de “perdão” da dívida estadual com a União e sobre isso fiz um post em rede social.
Não preciso imaginar qual foi a resposta que o governador Sartori deve ter recebido quando apresenta, em Brasília, a ideia de “perdoar” ou “refinanciar” a dívida junto à União. Digo apenas o seguinte: em 2013, segundo matéria da BBC de Londres, o Governo Brasileiro “perdoou” a dívida de 12 países africanos ! Transcrevo abaixo o texto da matéria informando que essa nossa “caridade” chegou a um valor de 900 milhões de dólares !
– Entre os 12 países beneficiados estão o Congo-Brazzaville, que tem a maior dívida com o Brasil – cerca de US$ 350 milhões, Tanzânia (US$ 237 milhões) e Zâmbia (US$113 milhões).
As transações econômicas entre Brasil e África quintuplicaram na última década, chegando a mais de 26 bilhões no ano passado.
O anúncio foi feito durante a visita da presidente Dilma Rousseff à África – a terceira em três meses – para participar, na Etiópia, do encontro da União Africana para celebrar os 50 anos da instituição.
Além dos três países já citados, também serão beneficiados Senegal, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gabão, República da Guiné, Mauritânia, São Tomé e Príncipe, Sudão e Guiné Bissau.
“O sentido dessa negociação é o seguinte: se eu não conseguir estabelecer negociação, eu não consigo ter relações com eles, tanto do ponto de vista de investimento, de financiar empresas brasileiras nos países africanos e também relações comerciais que envolvam maior valor agregado”, disse Dilma. “Então o sentido é uma mão dupla: beneficia o país africano e beneficia o Brasil.”
Chamo a atenção para pérola do comentário final da “presidenta” dizendo que a negociação “beneficia o Brasil” e lembro ainda que em 2013 a situação financeira do Rio Grande do Sul já era, a muitíssimo tempo, um verdadeiro “filme de terror” (como gosta de dizer o Financial Times) mas que, naquele momento, era o próprio PT que governava o Estado saqueando o caixa único do tesouro com uma fúria sem precedentes e recorrendo, inclusive, aos depósitos judicias – sempre responsabilizando a dívida com a previdência e a folha de pagamento do funcionalismo como as “causas” da nossa situação.
Termino dizendo que “histórica” é a maneira de se fazer política no Brasil, que “histórico” é o desprezo da União pelo Rio Grande, mas que é muito…muito recente, aquilo que o PT (no poder federal e estadual) fez conosco para que nos transformássemos (todos nós) na “Grécia Grande do Sul”

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