domingo, 29 de março de 2015

Tapetes como obras de arte - CASA VOGUE


Acessório se torna instrumento de artistas

29/08/2014 | POR BETA GERMANO; FOTOS DIVULGAÇÃO

Tapetes de arte (Foto: seleção)
Ícones da cultura oriental, os tapetes tradicionais têm apelo visual como nenhuma outra peça de décor, e carregam, ainda, fortes significados. Não à toa, são protagonistas nas obras de artistas como Faig Ahmed, Antonio Satin e Babak Kazemi.
Herança Dilacerada
O azerbaijano Faig Ahmed, vencedor do último Jameel Prize (premiação do Victoria & Albert Museum, de Londres, voltada à arte inspirada na cultura islâmica), já é famoso por desmontar a estrutura convencional dos tapetes típicos de seu país e reorganizar os fragmentos resultantes em formas contemporâneas. Por meio de obras como Flood of Yellow Weigh e Carpet Equalizer (acima), ele desafia os limites visuais deste objeto de décor e, consequentemente, quebra seus significados etéreos. “A tradição é o principal fator de criação da sociedade como um sistema autorregulado. O tapete é um símbolo forte da tradição do Oriente, é a encarnação de um ícone indestrutível. Uma pessoa comum só quer o conforto da tradição, mas eu busco, enquanto artista, uma reação e a quebra de estereótipos”, conceitua Ahmed.
Tapetes de arte (Foto: seleção)
Sedução e perigo
Conhecido por retratar cenas misteriosas de forma realista, Antonio Santin vem se interessando, desde 2011, por tapetes orientais de luxo que, em suas pinturas, são jogados graciosamente sobre vítimas assassinadas. A ideia é tanto atrair, pelas texturas e desenhos que encantam qualquer espectador, quanto perturbar – afinal, peças como San Martín eClaire cobrem os segredos mais obscuros e nossos mais profundos pesares. Note: como bom espanhol, Santin cria ilusão de volumes tridimensionais trabalhando com sombras – inspirado pelo chiaroscuro dos grandes mestres da pintura espanhola na Idade de Ouro (séc. 16).

Boas lembranças
O fato de ter nascido em um país como o Irã marcou de forma intensa o trabalho de Babak Kazemi: suas fotografias estão sempre pontuadas por tragédias e um eterno desejo de fuga. Protestos e mortes políticas locais são uma pauta recorrente e, na série Alice in Land of Iran, por exemplo, o artista aponta as memórias que as mulheres carregam quando escapam do Irã, deixando seus amores para trás. A fama internacional do país também o intriga: enquanto muitas de suas criações exibem a cor do petróleo coma intenção de falar sobre óleo e guerra, Kazemi ressalta os tapetes como um dos poucos símbolos nacionais que, exportados, inspiram beleza e felicidade. “Nós nascemos, brincamos, estudamos, casamos e festejamos nos tapetes – eles são testemunhas de toda nossa vida”, explica o artista, que, na série Exit of Shirin and Farhad, enrola as iranianas em tapetes para protegê-las de todo o mal do mundo.

* Matéria publicada em Casa Vogue #349 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)
Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Tapetes de arte (Foto: seleção)

Nenhum comentário:

Postar um comentário