Mais do que nunca, os candidatos estão usando a Internet para fazer campanha. No entanto, uma olhada nas páginas no Facebook e no Twitter mostra que muitos não sabem (ou não querem) usar todo o potencial oferecido por essas redes sociais virtuais.
Por exemplo, mais da metade dos candidatos a deputado federal no Distrito Federal não tem conta no Twitter. No caso de outros colégios eleitorais, essa proporção é ainda maior.
O que mais surpreende, no entanto, é que muitos não têm página no Facebook, plataforma usada hoje por mais de 60 milhões de brasileiros.
E não é apenas o número de usuários que importa. Se lembrarmos da relevância do Facebook como espaço de mobilização durante as manifestações do ano passado, não estar presente é em si uma forte mensagem política.
E mais: entre os que se fazem presentes, vários não se deram ao trabalho de criar uma página pública, e mantêm apenas a página do seu perfil pessoal, que não permite uma interação fácil e rápida com os eleitores.
Para esses candidatos, ou a Internet não é uma arena importante, ou é simplesmente um espaço a mais de comunicação unilateral com os eleitores.
Ora, o que diferencia as redes sociais da Internet de outros canais de comunicação, como a televisão e o rádio, é justamente a possibilidade de interação entre candidato e eleitores.
Claro que não faz sentido esperar que os candidatos gastem todo o seu tempo respondendo e comentando as infinitas demandas dos internautas, mas há várias possibilidades, já testadas, para obter uma maior proximidade – ainda que virtual – entre uns e outros.
Nas últimas semanas, alguns (poucos) candidatos experimentaram, por exemplo, organizar uma sessão de perguntas e respostas no Facebook, o chamado “face to face”.
Também é possível escolher alguns comentários para responder ou dúvidas para elucidar, abrindo assim pelo menos a possibilidade do debate de ideias (sem esquecer de explicitar se quem está respondendo é o próprio candidato ou alguém da sua equipe).
Finalmente, não é difícil criar fóruns de debate nas páginas oficiais das campanhas.
Parte da explicação para o uso limitado ou mesmo distorcido das redes sociais virtuais é que os candidatos ainda têm a pretensão de controlar o que se diz na Internet.
E o “corpo-a-corpo virtual” com os eleitores, principalmente se feito ao vivo, é considerado fonte de incertezas e armadilhas.
Seja qual for a razão, estão perdendo oportunidades para conseguir mais votos e para fortalecer a democracia brasileira.
Marisa von Bülow é doutora em ciência política e professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. Estuda as relações entre Internet e ativismo político e movimentos sociais nas Américas. Escreve aqui sempre às quartas-feiras
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