terça-feira, 19 de agosto de 2014

POEMA DA NOITE Na noite física, por Carlito Azevedo


A luz do quarto apagada, 
na escuridão se destaca 
a insônia que nos atraca, 
dois gêmeos na bolsa d’água. 
Ao despertar levo as marcas 
que de noite rabiscavas 
em minha pele com a sarna 
ávida de tua raiva? 
E em você a cega trama 
algum mal pôde? ou maltrata 
ainda, que penetrava 
concha, espádua, gargalhada? 
E, em nosso rosto essa raiva 
aberta? que estranha lava 
é essa que, rubra (baba 
de algum diabo), se espalha? 
A luz do quarto apagada, 
na escuridão se destaca 
a fúria que nos atraca, 
dois gêmeos na bolsa d’água.

Carlos Eduardo Barbosa de Azevedo, ou Carlito Azevedo (Rio de Janeiro, 4 de julho de 1961) - Além de poeta, é crítico literário e editor da revista de poesia Inimigo Rumor. Com seu livro de estreia, Collapsus linguae, ganhou o Prêmio Jabuti. Publicou também As banhistas, Sob a noite física e a antologia Sublunar, que recebeu o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional. Publicou recentemente Monodrama.

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