sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Cartas de Seattle: Forasteiros trazem carro na bagagem


Melissa de Andrade
Eu já responsabilizei os talentos da informática por tornarem Seattle mais cara. Com os salários polpudos da indústria, e vindos de outras cidades com custo de vida mais elevado, esses profissionais – em sua maioria jovens e solteiros – acham um bom negócio pagar 2 mil dólares pelo aluguel de um apartamento pequeno de um quarto. Agora é hora de responsabilizar esses forasteiros por outro problema: o aumento no número de carros na cidade.
Em bairros centrais como First Hill, Capitol Hill e Denny Triangle, o número de carros vem crescendo mais que o número de moradores. A população adulta cresceu 7% de 2010 pra cá, e a quantidade de veículos aumentou em 12% no período.
E a explicação mais pertinente para isso é justamente que os recém-chegados trabalhadores das grandes empresas de tecnologia acham um bom negócio pagar até 250 dólares por mês por uma vaga de garagem, além do valor do aluguel do apartamento. Sim, é caro ter carro nas áreas centrais da cidade.
O alto índice de mobilidade nesses lugares fazia com que muitos moradores dispensassem o carro. A tendência vem mudando. O curioso é que isso se nota justamente nos bairros em que se pode caminhar para bancos, farmácias, supermercados, cinemas e parques, e em que o sistema de transporte público é mais bem servido.
Apesar do aumento significativo, o índice geral de automóveis nesses lugares ainda é baixo se comparado ao total de Seattle– 33 carros para cada 100 pessoas, enquanto Seattle tem 76 para cada 100. Mas a tendência de alta é preocupante. Será que Seattle está se tornando menos ecologicamente correta quando se trata de transporte

Northgate to Downtown Seattle 

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

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