domingo, 31 de agosto de 2014

O casamento com a Marina: Tô fora!

O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,mais-medicos-ainda-enfrenta-falta-de-estrutura-e-ate-violencia-apos-1-ano,1552261



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Em nome das liberdades individuais, plenamente asseguradas na Constituição que fundou os EUA em 1776, o juiz federal Clark Waddoups decidiu que o mórmon fundamentalista Kody Brown pode viver junto com suas quatro esposas e 16 filhos, no estado de Utah, onde 38 mil seguidores da mesma religião praticam a poligamia.

O eleitorado brasileiro é politicamente polígamo. Casa com todos e com qualquer um. De tempos em tempos, sente a necessidade da tal “mudança”. Este é o clima de agora. A maioria não aguenta mais o PT. Dilma será trocada por outra. A conjuntura ficou boa para Marina Silva – viúva política do Eduardo Campos, porém com um ponto forte a favor dela: não tem um Lula por trás para manipulá-la.

A candidatura de Marina tem apoio da Oligarquia Financeira Transnacional. Marina fechou acordos recentes com banqueiros, investidores internacionais e usineiros – segmentos descontentes com a gestão petralha. Um grupo de economistas ligados ao HSBC se colocou à disposição dela para fazer todo o projeto para uma profunda e urgente reforma tributária. Logicamente, o sistema financeiro, que tanto lucra no Brasil, já se blindou para o próximo governo... Marina até acena com a "independência" do Banco Central do Brasil - tão sonhada pela banca internacional...

Marina terá governabilidade, se for eleita? No começo, a tendência é que sim. A caneta do Diário Oficial tem mais poderes que a espada da She-Rá(a irmã do He-Man). Sem dúvida, Marina terá de compor com o PMDB (que abandonará o PTitanic pouco antes do afundamento). Também deve fechar uma aliança, no quase certo segundo turno eleitoral, com o PSDB (que vai se tornando especialista em perder eleições por falta de pegada). O resto vem na onda.

O PT tomará muito cuidado ao atacar a eternamente petista Marina, a partir de agora. Mais provável é que os petistas negociem uma trégua, na hora de aparentemente deixarem o poder com a perda do Palácio do Planalto. A “saída” petista será aparente, já que a máquina pública nunca antes na história foi tão aparelhada. O PT já sabotou Marina impedindo a criação do partido dela, a Rede. Agora, é o PT quem cai de otário na redinha da Marina.

Fajutagem


O chefão Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse em manter sua blindagem. Sabe que corre alto risco de ter seu nome envolvido nas futuras broncas judiciais das Operações Porto Seguro (por mais abafada que esta pareça estar) e Lava Jato (esta bastante fora de controle das influências petralhas). Por tal fragilidade, Lula deve falar bem fininho com a “velha amiga” Marina – que o abandonou ou foi por ele abandonada, dependendo do ponto de vista.

Enquanto o PTitanic afunda, o Brasil mergulha nas profundezas abissais de seu modelo Capimunista, com carestia, cartelização, cartorialismo e corrupção sistêmica. Tudo isto, junto com a incompetência na gestão da coisa pública, ajuda a compor o cada vez mais impagável “Custo Brasil”. O próximo governo, seja quem dirigi-lo, terá de resolver os eternos pepinos: impostos absurdos, juros elevadíssimos e falta de infraestrutura. Não será fácil romper com a governança do crime organizado.

A tendência da maioria do eleitorado, que raciocina com simplicidade e não tem fidelidade a nenhum político, é embarcar no “casamento” com a Marina – que é uma caixa-preta mais insondável que a do avião que matou o Eduardo Campos. Como será a “lua de mel” se ela vencer? Ou teremos uma “lua de fel” a partir de 2015? Eis a grande dúvida a ser respondida pelo tempo – profundo senhor das irracionalidades de Bruzundanga.

Marina é uma incógnita, no Brasil das incertezas e das poligamias políticas, com aquele jeitinho de incestuosa suruba. Já se especula que sua equipe do Ministério da Fazenda será comandada pelo Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander, da Federação dos Bancos e hoje presidente do Conselho do Grupo Abril. Por enquanto, tudo é especulação...

Alguns anônimos revoltados, aparentemente petistas que não saíram do armário por algum motivo, nos questionam: “Para você ninguém presta !?”. A questão não é de prestar ou não. A eleição no Brasil não é decidida pelos brasileiros. Sempre obedecemos aos “pacotes” fechados de fora para dentro. Os controladores globalitários comandam todos os cavalos do jogo. Nós, as bestas, apenas emprestamos nosso voto para elegê-los.

Na verdade, tanto faz como tanto fez quem será o boneco ou a boneca que sentará no trono do Palácio do Planalto. Ele terá um script a obedecer. Se fugir das regras teatrais, combinadas com a Oligarquia Financeira Transnacional, é saído de cena, pelos mais variados golpes. Lembram-se do que aconteceu com o Collor – o ungido em 1989 para “modernizar” o Brasil? Os supostos “poderosos” de plantão são descartáveis...

Quem aposta no sucesso do casamento com a Marina? Muitos já apostam... Os mais espertos já tomam precauções para o divórcio programado. Se a Marina seguir o perfil da esposa radical, pode se dar mal. Agora, no noivado com o eleitorado, ela vai parecer uma gata da selva inteiramente domável. Depois, com a caneta do poder, pode acabar induzida pela vaidade a mostrar as garras...

Marina é o ouro dos tolos. O historiador Carlos Ilich Azambuja manda a seguinte mensagem-lembrete sobre um dos itens do Programa de Governo da candidata Marina Silva. Nada mais é do que um resumo colorido do Decreto 8243: “Movimentos sociais - "Possibilitar que movimentos populares e movimentos sociais ocupem espaços políticos. Manter diálogo permanente com eles, por meio de canais de comunicação mais ágeis e acessíveis. Definir prazos para responder às reivindicações e problemas. Implantar efetiva Política Nacional de Participação Social, pelo aumento da participação da sociedade civil nos conselhos e instâncias de controle social do Estado".

Falta pouco mais de um mês para o primeiro turno. A onça tem muita água para beber até a provável decisão do último domingo de outubro, no segundo turno eleitoral. Agora, a agonia é da Dilma. A decepção é do Aécio. O nirvana é da Marina. Até o momento fatal da dedada eletrônica, para coonestar o dogmático processamento dos votos sem direito a auditoria e recontagem, com altíssimo risco de fraude.

Resumindo a opereta: Marina, eterna petista, socialista de seita, demagógica ambientalista, com fachada de calvinista, sempre bem financiada pelas controladoras de ONGs transnacionais, é a versão sem graça do Tiririca.

Com Marina, pior que está não fica... Ou será que fica?

Na dúvida, fico solteiro. Não flerto e nem caso com a Marina. 

Pau neles...




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 31 de Agosto de 2014.

MEDIDA PROVISÓRIA QUE REAJUSTA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA NÃO É VOTADA PELO CONGRESSO E PERDE VALIDADE

sábado, 30 de agosto de 2014


O reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR), prometido pelo governo para o ano que vem, depende agora da edição de uma nova medida provisória (MP) ou do envio ao Congresso de um projeto de lei com pedido de urgência constitucional para ser apreciado pela Câmara e pelo Senado antes do final deste ano. Isso porque perdeu a validade na sexta-feira, sem ser votada pelo Congresso, a MP 644/14, que previa reajuste de 4,5% na tabela do IR a partir de janeiro de 2015. Outra alternativa para o reajuste da tabela do Imposto de Renda, de acordo com a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, é a apresentação de uma emenda por algum parlamentar reajustando a tabela do IR. A emenda só pode ser apresentada a uma medida provisória que tenha correlação com a questão de impostos. O reajuste da tabela do Imposto de Renda foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff por ocasião do Dia do Trabalhador e, posteriormente, foi encaminhado pelo governo ao Congresso a MP reajustando a tabela do IR. Pela MP, a faixa de isenção do IR passaria de R$ 1.787,77 para R$ 1.868,22. A alíquota de 7,5% seria paga por trabalhadores que ganham de R$ 1.868,23 a R$ 2.799,86; a de 15%, pelos que recebem entre  R$ 2.799,87 e R$ 3.733,19; a de 22% por trabalhadores que ganham de  R$ 3.733,19 a  4.664,68 e a alíquota de 27,5% seria paga pelos que ganham acima de R$ 4.664,68. A MP não chegou a ser apreciada e votada pela Câmara dos Deputados em função das convenções partidárias, dos jogos da Copa do Mundo, do recesso branco no Parlamento nos meses de agosto e setembro em função do período pré-eleitoral e também pela falta de entendimento para a apreciação da proposição.

POEMA DA NOITE Fui criança..., por Fiama Hasse Pais Brandão


Fui criança, indo por um carreiro,
a caminho do mar, mão na outra mão,
entre árvores, pedras, insectos e aves.
moda a Natureza me coube nas pupilas,
mestra de sentimentos , e eu discípula.
E se fechava os olhos, ela punia-me
com o silêncio cruel das ondas, 
a mudez imerecida dos insectos,
e a distância das aves que doía.
Se os abria, tudo me rodeava,
apaziguado e meu,
mas a mão que me trazia a mão
puxava-me para a luz de cada dia.

Fiama Hasse Pais Brandão (Lisboa, Portugal, 15 de agosto de 1938 - Lisboa, 19 de janeiro de 2007) - Além de poeta, foi tradutora, dramaturga e ensaísta portuguesa. Recebeu o Prêmio Adolfo Casais Monteiro com seu primeiro livro Em Cada Pedra Um Vôo Imóvel (1957). Tornou-se conhecida através da revista/movimento Poesia 61. Traduziu obras de grandes autores de diversas línguas como Brecht, Artaud e Tchekov.

Marina, Renan & Cia, por Mary Zaidan


Em outubro do ano passado, quando o TSE impediu a criação da Rede de Sustentabilidade, partido que Marina Silva tentou criar e ainda quer fazer para si, o PT comemorou. Os petistas temiam. Era enorme o risco de ter a ambientalista acreana como adversária.
A negativa do registro parecia até ter as digitais petistas.
O PSDB chegou a cobrar do Tribunal, criticando-o por não agir com menor rigor, como fizera com o PSD, o PROS e o Solidariedade. Na época, os tucanos queriam Marina candidata para abater o favoritismo de Dilma Rousseff. Nem de longe a tinham como ameaça.
Hoje, além de tentar buscar formas para inverter os danos impostos pelo tsunami Marina na disputa presidencial, os dois partidos fazem as contas de outras perdas que as urnas podem provocar.
Ambos perdem, mas o PT perde mais. Muito mais.
Além da possibilidade real de ver a Presidência da República escapulir das mãos, o PT tem posições nada confortáveis nos estados.
Em 2010 elegeu cinco governadores, entre eles os de colégios eleitorais de peso, como Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Em nenhum deles os petistas deverão repetir o feito. No máximo, torcem para não passar vergonha.
Para outubro, o partido de Lula e Dilma tem 17 candidatos aos governos e só aparece com chances de vitória em três deles: Piauí, Acre e Minas Gerais, estado natal de Aécio Neves, portanto, a cereja do bolo. Sabe também que não conseguirá manter os 88 deputados que assentou na Câmara. Há quem aposte em uma bancada um terço menor. A conferir.
Ponto de honra é livrar o ex Lula do vexame que o seu pupilo da vez pode lhe impor. Farão de tudo para que o candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha, chegue pelo menos à marca de dois dígitos.
Fora Minas Gerais, os prejuízos no PSDB são menores. Os tucanos não estão no Planalto. Nada têm a perder no plano federal. Além de manter São Paulo, estado em que podem vencer no primeiro turno com a reeleição de Geraldo Alckmin, lideram as pesquisas em outros quatro: Paraná, Goiás, Paraíba e Rondônia. E empatam no Pará.
Têm chances ainda de ampliar a bancada no Senado - Minas deve eleger o ex-governador Anastasia e em São Paulo José Serra lidera a disputa contra o petista Eduardo Suplicy – e na Câmara, onde atualmente contam apenas com 44 parlamentares.
Como sempre, o PMDB, vice de Dilma, apostou suas fichas na política local. Tem sólidas chances de fazer nove governadores e se impor como maior bancada na Câmara dos Deputados. Se Marina vencer, estará pronto não só para defender, mas para atuar como protagonista da “nova política”. Com Renan & Cia.

 

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília, e na Agência Estado (SP). Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas. Escreve aqui aos domingos. Twitter: @maryzaidan, e-mail: maryzaidan@me.com

sábado, 30 de agosto de 2014

Cartas de Buenos Aires: Argentina: “o Haiti é aqui”, diz estudo

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2014/08/30/cartas-de-buenos-aires-argentina-haiti-aqui-diz-estudo-547567.asp

Gabriela Antunes
Está cada vez mais down no high society”, é como se traduz o estudo do Institute for Economics & Peace que, nesta sexta-feira, em seu Global Peace Index Rankings, colocou a Argentina em terceiro lugar na escala mundial de países possíveis de entrar em conflito, perdendo apenas para Zâmbia e Haiti.
“Os dez países mais prováveis de ter deterioração de suas condições de paz são Zâmbia, Haiti, Argentina, Chade, Bósnia e Herzegovina, Nepal, Burundi, Geórgia, Libéria e Qatar. Países que vão de baixa a altas rendas e um leque de todas as formas de Governo que excluem uma democracia completa”, afirma o documento.
Esses países podem se tornar palco de conflitos entre 2014 e 2016.
Ainda de acordo com o levantamento, essas nações têm um elemento em comum: nenhuma tem uma democracia forte e plena.
O ranking foi divulgado um dia após a greve geral que atingiu a Argentina nesta quinta-feira, paralisando os serviços aéreos, portuários, de trens, lixeiros, bancos, hospitais, alguns colégios e outros serviços. Os vôos do Brasil para Buenos Aires chegaram a ser cancelados.
O Governo minimizou o impacto da greve convocada por centrais sindicais opositoras a Cristina Kirchner afirmando que 75% dos trabalhadores não aderiram à paralisação. Do outro lado, as centrais sindicais divulgaram que a adesão foi de 80%. Impossível medir de forma independente quem foi o ganhador e perdedor nessa queda de braço.
No entanto, a greve parece corroborar com o estudo, ao expressar que a Argentina padece do aumento da violência, decadência social, econômica e, principalmente, democrática.
“Essa lista mostra que regimes híbridos são mais suscetíveis à deterioração da paz. A presença do Qatar e Argentina na lista indica que renda alta ou uma melhor governança não eliminam completamente o risco do país”, diz o estudo.
O estudo também apontou o aumento da violência como um dos fatores de deterioração.
“O Haiti é aqui”.
A Argentina é único país latino americano na lista dos países mais prováveis de entrar em conflito, junto com países historicamente marcados por guerras ou paupérrimos. É uma previsão aterradora que, apesar das dificuldades por aqui, ninguém vislumbra. Exagero?
O “Good Morning, Vietnam” do Global Índex seria muito questionado pelo Governo de Cristina Kirchner, que nega estar o país em crise, menos ainda no aspecto democrático. Cristina foi eleita, afinal de contas, com 54% dos votos.
Há anos os argentinos vivem sob ameaça de um Armagedom financeiro. Porém, até então, o país não havia sido mapeado como uma “zona de conflito”.

“Manifestação”, quadro do pintor argentino Antonio Berni 

Gabriela G. Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín.Escreve aqui todos os sábados.

Taxas de condomínio subiram acima da inflação nos últimos dois anos e meio. Entenda seus direitos como inadimplente ou em caso de altos reajustes



 : Condomínio: sufoco para pagar
Área comum de condomínio: aumento de custos com folha de pagamento e reforma para valorização dos imóveis são argumentos para a alta das taxas – Divulgação/Governo Federal
condomínio deixou de ser uma conta paralela. Com aumentos significativos, a taxa condominial tem ganhado cada vez mais destaquenos orçamentos pessoais.
Nos últimos dois anos e meio, os gastos com condomínio no Brasil subiram, em média, 23,27%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta é superior à variação da inflação medida pelo IPCA no período, de 15,51%.
E se na média a alta fica na casa dos 20%, algumas regiões do país veem um aumento ainda mais acentuado.
Uma aposentada de 86 anos, que preferiu não dizer seu nome, conta que em menos de um ano passou a pagar um valor 30% maior na taxa de condomínio do seu apartamento, localizado em Perdizes, bairro nobre de São Paulo. “O valor sempre aumenta e raramente diminui”, reclama.
O valor pago passou de 665 reais a 870 reais por mês entre outubro de 2012 e setembro de 2013, uma alta de 30,82%. Hoje, a taxa cobrada já chega aos 851 reais. “É o preço de um aluguel, não?”, questiona.
O prédio de 52 apartamentos tem sete funcionários e portaria 24 horas, mas não tem área de lazer.
Entre os argumentos para os reajustes, estão as indenizações pagas a funcionários e algumas reformas imprevistas, além de aumento de custos corriqueiros.
Hoje, o condomínio corresponde a mais de 40% da renda mensal da aposentada, de 2 mil reais. Além de receber a aposentadoria, ela trabalha com a venda de cosméticos e panos de prato.

Para não ficar no prejuízo, administradoras fazem acordos com condôminos

Para contornar a inadimplência gerada pelo aumento das taxas condominiais, administradoras de imóveis têm realizado acordos com os moradores, facilitando o pagamento da mensalidade ao oferecer a opção de parcelamento da dívida por um período determinado.
Segundo Omar Anauate, diretor de condomínios da Associação Brasileira de Administradoras de Bens Imóveis de São Paulo (Aabic), esses acordos têm ajudado a controlar os atrasos nos pagamentos dos condomínios.
Do volume total de taxas condominiais pagas em junho na cidade de São Paulo, os atrasos de até 30 dias corresponderam a 5,81%, segundo a Aabic. E os atrasos de 30 a 90 dias, que configuram inadimplência, representaram 3,41% do total em abril.
O maior controle sobre a inadimplência ocorreu depois que a taxa de atrasos no pagamento chegou a atingir o pico de 7% em setembro de 2013 e alertou as administradoras.
Ainda que os níveis de atraso, no geral, não sejam alarmantes, em alguns condomínios os atrasos chegam representar 30% do total de mensalidades, segundo Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário.

As consequências da falta de pagamento

Conforme explica Omar Anauate, ao deixar de pagar o condomínio, o morador pode ficar com o nome sujo, se estiver no Estado de São Paulo.
“A maioria das assembleias já aprovaram o protesto na região. Mas ele deve ser aplicado de forma igual a todos os moradores, e como último recurso”, diz o diretor da Aabic.
O protesto é uma medida usada em casos extremos porque algumas decisões judiciais já determinaram que o nome sujo não seria válido no caso das taxas de condomínios, já que não se trata da compra de um bem.
“O ideal é optar por uma cobrança extrajudicial sem expor o morador a situações constrangedoras e, posteriormente, enviar uma carta de cobrança judicial para o inadimplente”, diz Marcelo Tapai.
Mas o processo de cobrança na esfera judicial pode levar de dois a seis anos. Ao final deste prazo, o inadimplente pode ter seu apartamento leiloado.
Nesses casos, todos os condôminos são onerados pela perda do valor mensal enquanto a administradora não receber os pagamentos atrasados ou vencer a ação na Justiça.
Ao receber o valor da indenização, uma assembleia de moradores pode decidir usar os recursos extras para abater parcelas das mensalidades ou destiná-los a uma reserva de emergência do condomínio.
Para que a inadimplência seja controlada, é necessária uma política de cobrança efetiva por parte do síndico, uma vez que as multas pelo atraso podem ser baixas e não inibir a inadimplência. “A multa é mais barata do que os juros cobrados no cartão de crédito. A pessoa pode acabar pagando quando quiser”, diz Tapai.

Reajustes mais altos

Todos os gastos que têm impacto na mensalidade do condomínio devem ser aprovados em assembleia, mas para reprovar alguma decisão os condôminos precisam participar das reuniões.
Isso porque, enquanto a primeira chamada pode exigir a presença de 50% dos moradores, a segunda pode pedir apenas que a maioria dos moradores presentes esteja de acordo. “Se três participarem, bastam dois para aprovarem medidas”, diz Tapai.
Para evitar surpresas, como aumento de custos, os conselheiros do condomínio – moradores eleitos em assembleia que têm função de monitorar a atuação do síndico – devem acompanhar as contas da unidade.
Caso percebam que o síndico é omisso em relação à situação financeira do condomínio, é possível exigir que ele cumpra a sua obrigação.
“Isso deve ser feito por meio de uma carta de notificação formal, que deve pedir para que ele apresente um plano de cobrança em prazo determinado”, diz Tapai.
O síndico pode então responder pelos prejuízos e até ser destituído da função por meio de uma assembleia extraordinária.
Anauate explica que também é possível acompanhar contratos com fornecedores e verificar se é possível renegociar valores ou até implantar novos sistemas que economizem recursos.
É necessário também avaliar a proximidade entre o síndico e a administradora do imóvel. “A administradora é apenas uma auxiliar do síndico. Ela não pode influenciar na gestão do condomínio”, diz Tapai.
No caso de conflitos com o representante, contratar um síndico profissional, que não tenha relação com a administradora do imóvel, é uma opção.
A recomendação de fornecedores pela administradora do imóvel também deve ser investigada para evitar eventuais abusos nos valores dos contratos.
Fonte: Exame – Marília Almeida