AS TORRES
Anhangüera
Quando foi que os arquitetos maluqueceram?
Engenheiro não faz projeto assim, engenheiro pensa no custo e nas pessoas que irão usufruir das coisas que ele projeta. Engenheiro é quadrado, evita parede curva ou inclinada, pensando que o usuário não irá conseguir se sentir bem no ambiente ou não conseguirá arrumação de móveis que o satisfaça.
Sou capaz de garantir: não será bom trabalhar nem habitar essas arquiteturices. Boa mesma era a Marilyn Monroe, que as teria inspirado. No pps à seguir, outras maluquices.
Você pode até se encantar com a beleza destas torres, mas… Está na hora de começarmos a ter juízo. A torre da foto, por exemplo, é linda, não? Então
mude o enfoque, olhe a paisagem no entorno. Veja se cada uma dessas torres enfeita ou piora a paisagem ou se enriquece a vida de quem está perto delas…
As cidades também: não poderão, no futuro, superar certos limites, ainda a serem definidos. Não mudei de assunto, é tudo o mesmo. As aglomerações humanas são boas até um certo TAMANHO. Moramos em prédios mas enquanto reclamamos do barulho do vizinho ou do alto valor da taxa de condomínio sonhamos com casas com jardim e quintal, habitamos cidades superpovoadas mas convivemos com a nostalgia das pequenas cidades ou da vida bucólica das vilas e povoados. Depois de um determinado tamanho, começam a aparecer nas cidades os problemas causados pela alta densidade populacional. O formigueiro humano gera neuroses e fobias, o excesso de carros em vias estreitas gera os engarrafamentos, até a alimentação saudável produz insuficiência no sistema de esgotos. Falta d’água, poluição.
O exemplo mais clássico e próximo é a cidade de São Paulo (Mas também se aplica a Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife ou Juiz de Fora…). Podem ser tomadas medidas paliativas para o caos urbano, para o sistema de drenagem ou para o excesso de produção de lixo, mas a fonte de todos os problemas é uma só: a cidade cresceu demais – e continua crescendo. Ultrapassou o breakin’ point, não tem volta, continuará crescendo e os problemas continuarão a crescer. Ao se resolver um problema, surgem e surgirão outros.
Só existem hoje – para o paulistano – soluções pontuais. Por exemplo, um paulistano (ou uma empresa) pode mudar-se para outro lugar. Resolve (pontualmente) o seu problema. Mas a natureza detesta o vácuo! Logo correrão dois outros a disputar a vaga que deixou e o problema da cidade não é minorado.
A cidade tornar-se-á ela mesma uma doença, um câncer que um terá de ser extirpado. Só vejo um caminho possível, mas não vejo as ferramentas para usá-lo – é preciso começar a incentivar um êxodo da cidade para o campo. Isso só seria possível levando o conforto e os recursos das cidades para regiões com menor densidade populacional. Como? Não sei. Pensem.
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