domingo, 20 de abril de 2014
Protagonista de uma história com roteiro cinematográfico, com direito a fuga e ameaças, o diplomata Eduardo Saboia vive em um limbo desde que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina. O ex-parlamentar de oposição era perseguido pelo governo do ditador indio cocaleiro Evo Morales e ficou asilado, com o aval do governo brasileiro, por 455 dias na Embaixada do Brasil, em La Paz. Funcionário de carreira, Sabéia é ministro-conselheiro do Ministério das Relações Exteriores. Após a epopéia com a fuga de Molina para o Brasil, ele se tornou alvo de processo disciplinar que se arrasta há oito meses na comissão de sindicância do Itamaraty, e não tem prazo para ser concluído. Na última quarta-feira, o colegiado voltou a empurrar a decisão se ele deve ou não ser punido pelo episódio: prorrogou os trabalhos por mais 30 dias, como vem ocorrendo sucessivamente desde outubro. Enquanto aguarda uma deliberação sobre o caso, Sabóia foi deixado na geladeira e lotado em uma função administrativa. Constrangido, ele pediu licença do cargo no dia 8. Ex-encarregado de Negócios na Embaixada brasileira, Sabóia tem 46 anos, metade deles vividos no Itamaraty. A atuação do diplomata era considerada impecável pelo Ministério das Relações Exteriores e lhe rendeu, inclusive, uma condecoração pelo ex-presidente Lula (o alcaguete que delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr.) com a medalha da Ordem do Rio Branco. No entanto, a carreira foi interrompida após, diante da inoperância do governo brasileiro, ao ajudar o senador a escapar das ameaças da tropa comandada pelo indio cocaleiro e ditador Evo Morales. Molina denunciou o envolvimento de autoridades bolivianas com o tráfico de drogas. Logo ao chegar ao Brasil, no final de agosto, Sabóia foi afastado de suas funções e tornou-se objeto de investigações de uma sindicância interna do órgão. Um relatório final, que deve ser elaborado por uma comissão, decidirá se o diplomata deve ou não ser punido. As medidas disciplinares aplicáveis vão desde uma advertência à demissão do cargo. Com o futuro incerto, o diplomata foi realocado no cargo secundário de assessor no departamento de Assuntos Financeiros e de Serviços do Itamaraty, uma função administrativa, sem status de chefia nem gratificações que tinha como ministro. “Isso é um assédio moral do ponto de vista de não conceder qualquer atividade na altura do que ele possa exercer. Hoje ele está sentado em uma cadeira sem fazer nada”, afirma a defesa de Sabóia, o advogado Ophir Cavalcante. Sabóia, por outro lado, evita tecer comentários sobre o posto. Mas reclama da demora em ter o caso solucionado: “Hoje eu faço o trabalho que me passam. Lá dentro eu virei aquele cara que tem uma sindicância e que, por isso, é constantemente julgado. Eu já estou sendo punido”, disse
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