FOLHA DE SP - 08/12
Evolução de alunos do Brasil em prova mundial é positiva, mas incapaz de transformar a realidade educacional do país no horizonte visível
O Brasil melhora, mas não dá saltos. A frase, válida para diversos aspectos do desenvolvimento nacional, aplica-se ao resultado do país no mais reputado exame internacional de estudantes.
A edição de 2012 do chamado Pisa confirmou a tendência evolutiva dos adolescentes brasileiros, em especial na matemática, seu flanco mais vulnerável.
A cada três anos, o exame patrocinado pela OCDE --grupo de 34 nações, em sua maior parte desenvolvidas-- testa a proficiência em matemática, leitura e ciências de alunos de 15 anos de idade. Também oferecida a países como o Brasil, que não integram a organização, a prova respeita padrões de comparabilidade e de amostragem estatística, de modo a representar a região onde é aplicada.
Ao longo dos quatro últimos exames, a partir de 2003, o Brasil foi o país que mais pontos ganhou em matemática. Sua nota média subiu de 356 para 391. No mesmo período, a Coreia do Sul, no topo do desempenho, ganhou dois pontos, chegando a 554.
Na escala do Pisa, cada 40 pontos representam o equivalente a um ano de conhecimento adquirido. Vê-se assim traduzido, mesmo após o avanço relativo de nossos adolescentes, o abismo que ainda separa brasileiros de coreanos, equivalente a quatro anos de atraso em desfavor dos primeiros.
Dos EUA --cujo desempenho em matemática ficou perto da média dos 19 países mais populosos que participaram do exame-- o Brasil dista 90 pontos, mais de dois anos atrás em nível de conhecimento das contas para a mesma faixa etária. Em relação à brilhante média da Polônia, fenômeno educacional a ser estudado, a nota dos brasileiros fica 117 pontos abaixo, quase três anos de defasagem.
Além da diferença para outros países, destacam-se as disparidades de desempenho entre as regiões brasileiras. Um aluno de São Paulo está um ano e meio à frente, no domínio da matemática, de um estudante de Alagoas. Nove Estados brasileiros (AL, MA, AM, AC, PA, AP, RR, PE e TO) obtiveram as piores médias em matemática, considerados mais de 180 países e regiões representados no Pisa.
Estudar numa escola particular no Brasil coincide com uma vantagem superior a dois anos de escolarização em matemática, na comparação com a rede pública. Ainda que essa distância tenha diminuído 27% em nove anos, prenúncio pior de resiliência da desigualdade social é difícil de encontrar.
O choque educacional de que o Brasil precisa para catalisar uma evolução quase inercialmente positiva ainda não foi desfechado. Ele tarda. A cada 12 anos, vai-se uma geração de estudantes.
Evolução de alunos do Brasil em prova mundial é positiva, mas incapaz de transformar a realidade educacional do país no horizonte visível
O Brasil melhora, mas não dá saltos. A frase, válida para diversos aspectos do desenvolvimento nacional, aplica-se ao resultado do país no mais reputado exame internacional de estudantes.
A edição de 2012 do chamado Pisa confirmou a tendência evolutiva dos adolescentes brasileiros, em especial na matemática, seu flanco mais vulnerável.
A cada três anos, o exame patrocinado pela OCDE --grupo de 34 nações, em sua maior parte desenvolvidas-- testa a proficiência em matemática, leitura e ciências de alunos de 15 anos de idade. Também oferecida a países como o Brasil, que não integram a organização, a prova respeita padrões de comparabilidade e de amostragem estatística, de modo a representar a região onde é aplicada.
Ao longo dos quatro últimos exames, a partir de 2003, o Brasil foi o país que mais pontos ganhou em matemática. Sua nota média subiu de 356 para 391. No mesmo período, a Coreia do Sul, no topo do desempenho, ganhou dois pontos, chegando a 554.
Na escala do Pisa, cada 40 pontos representam o equivalente a um ano de conhecimento adquirido. Vê-se assim traduzido, mesmo após o avanço relativo de nossos adolescentes, o abismo que ainda separa brasileiros de coreanos, equivalente a quatro anos de atraso em desfavor dos primeiros.
Dos EUA --cujo desempenho em matemática ficou perto da média dos 19 países mais populosos que participaram do exame-- o Brasil dista 90 pontos, mais de dois anos atrás em nível de conhecimento das contas para a mesma faixa etária. Em relação à brilhante média da Polônia, fenômeno educacional a ser estudado, a nota dos brasileiros fica 117 pontos abaixo, quase três anos de defasagem.
Além da diferença para outros países, destacam-se as disparidades de desempenho entre as regiões brasileiras. Um aluno de São Paulo está um ano e meio à frente, no domínio da matemática, de um estudante de Alagoas. Nove Estados brasileiros (AL, MA, AM, AC, PA, AP, RR, PE e TO) obtiveram as piores médias em matemática, considerados mais de 180 países e regiões representados no Pisa.
Estudar numa escola particular no Brasil coincide com uma vantagem superior a dois anos de escolarização em matemática, na comparação com a rede pública. Ainda que essa distância tenha diminuído 27% em nove anos, prenúncio pior de resiliência da desigualdade social é difícil de encontrar.
O choque educacional de que o Brasil precisa para catalisar uma evolução quase inercialmente positiva ainda não foi desfechado. Ele tarda. A cada 12 anos, vai-se uma geração de estudantes.
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