04/11/2013
Março de 2012: militares da reserva são hostilizados em frente ao Clube dos Oficiais no Rio de Janeiro
Sempre que o assunto descamba para os anos da ditadura e seus desdobramentos, me vem à lembrança um fato ainda recente ocorrido no primeiro trimestre de 2012, cuja temeridade não me permite deixar que caia na insaciável vala do esquecimento. Relembro as cenas da emboscada armada por um grupo muito bem treinado para hostilizar militares, e civis, na porta do Clube dos Oficiais no Rio de Janeiro no dia 29 de março daquele ano, episódio que serviu para escancarar a irresponsável radicalização ideológica patrocinada pelo governo federal que vê na malfadada Comissão da Verdade uma possível reconciliação com a história, mas não enxerga, ou não quer enxergar, a possibilidade bastante plausível de que tangida pelo viés ideológico a justiça almejada pode encurtar o caminho para a vingança consentida.
Recém saídos da puberdade, um punhado de jovens se perfilou para reproduzir palavras de ordem, entoar palavrões, disparar cusparadas e intimidar fisicamente quem se aventurasse deixar as dependências do clube, não poupando sequer anciãos já flagelados pela idade. Acobertado por uma verdade que está condenada ao descrédito por ser revelada pela metade, o grupelho encenou em terras cariocas o mesmo ritual de selvageria usado em São Paulo para intimidar Mário Covas. De diferente, apenas o sangue derramado do ex-governador dos paulistas. Retrato descolorido de um Brasil vilipendiado por autoridades promíscuas e corruptas, envergonhado pela miséria negociada na bolsa da servidão e alquebrado pela capitulação dos bons. Da maioria, pelo menos.
Debilita-se o otimismo com o amanhã quando uma parte de sua juventude alienada tateia sem rumo pelas trevas do analfabetismo, enquanto a outra, manipulada, serve de massa de manobra para atender os interesses de mercenários que fincaram os pés no que sobrou de pior do passado e ainda carregam nas almas atormentadas o sonho embalado na mocidade de transformar o Brasil em um país comunista.
Uns, herdeiros das frustrações de seus pais, outros, doutrinados nas universidades, são conduzidos por líderes que exalam o comunismo por todos os poros. Covardes, perseguem uma verdade canhestra dedicada apenas a condenar os crimes dos seus inimigos. Os seus, a consciência deformada já justificou e os inocentou. Matreiros, fogem do debate franco, cara a cara com a sociedade e negam-se, por exemplo, a quantificar as vítimas que produziram – há quem garanta que superou uma centena -, escorando no andor da hipocrisia o embuste justiceiro que serve de pano de fundo para a revanche inspirada no heroísmo assassino de carniceiros da linhagem de Stalin, de Pol Pot, de Mao Tse Tung.
Profissionais da militância, dramatizam de forma desavergonhada a comoção martirizando seus camaradas, mas, na contramão da sensibilidade, tipificam como mero efeito colateral os inocentes que sucumbiram à histórica sanha sanguinária que os precede e identifica. Insultam a inteligência quando declaram ódio eterno ao capitalismo que os enriquece. Como reagiriam esses valentes se, concentrados às suas portas, os familiares dos brasileiros assassinados pela guerrilha clamassem por justiça a seus mortos?
Encorajada por setores do governo, e da imprensa, a horda se assanha e pelas frestas do cinismo autoritário que a personifica grita por democracia e por liberdade. Qual democracia? A mesma que nas nações onde foi implantada à bala deixou um rastro de destruição consubstanciado no acúmulo de várias dezenas de milhões de cadáveres abandonados nas sarjetas do horror e valeu-se do mar de sangue que estabeleceu para regar o caminho de seus déspotas rumo ao poder, oferecendo como derradeira alternativa de sobrevivência ao cidadão a submissão inquestionável à vontade suprema do tirano da vez? Qual liberdade? A que motivou uma somatória de milhares de cubanos se lançar ao mar em embarcações precaríssimas preferindo virar comida de tubarão a viver na ilha encantada construída por Fidel Castro?
A história é pródiga em nos mostrar que o regime democrático defendido por essas lideranças só se sustenta sob a imposição da dor, no sequestro das liberdades e dos direitos individuais e na prática da barbárie, se necessária. E, ainda assim, não se mantém de pé por muito tempo. Resultado da violência do regime que os inspira não hesitarão em morrer pela causa, porém, jamais estarão dispostos a sacrificar-se pela pátria. Nacionalistas sem nação e mercenários da ideologia, não os reconheço como brasileiros. Da mesma forma, espero que me repudiem como kamarada. É uma troca justa, presumo. Tenho minhas dúvidas, mas há de ter exceção. Sempre tem, é a regra.
A manifestação da mais pura intolerância e o exercício da condenação sumária protagonizado pelos párias que tomaram a frente do Clube dos Oficiais no Rio de Janeiro, é só uma amostra do que poderá ser o desfecho dessa aventura insana disfarçada de Comissão da Verdade. Sob sua inspiração, já são visíveis as pegadas que evidenciam a índole predadora dos seus justicialistas juramentados. Maria do Rosário, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros, são personagens que poderão entrar para a história como os mentores e executores da discórdia cuja dimensão, impossível de prever, não descartaria a possibilidade de remeter a sociedade brasileira a uma de suas páginas mais nebulosas
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