Em relação à frota, os motoristas da capital gaúcha são mais visados por ladrões
José Luís Costa
A voracidade dos ladrões de carros é maior em Porto Alegre do que nas duas metrópoles mais populosas do país. Números oficiais do primeiro semestre apontam que os furtos e os roubos de veículos na capital do Rio Grande do Sul, proporcionalmente à frota, superam os casos entre paulistanos e cariocas.
Em Porto Alegre, são 6,75 carros levados a cada mil, enquanto em São Paulo são 6,43 veículos a cada mil. No Rio de Janeiro, 3,32 veículos, menos da metade da taxa registrada na capital gaúcha. O fenômeno causa ainda mais espanto porque Porto Alegre tem apenas 13,8% da frota do Estado e concentra 35% dos furtos e roubos. A capital paulista tem 29,9% da frota e a fluminense, 45,3%.
Os dados revelam que, sob o aspecto da criminalidade, é mais perigoso dirigir em Porto Alegre do que nas outras duas cidades. E o temor é perder a vida. Desde 2007, os roubos superam os furtos — muito influenciado pelos sistemas de seguranças dos carros, como alarmes e corta-correntes, obrigando o ladrão a necessitar da chave para ligar o automóvel.
Isto significa que, em Porto Alegre, o risco de um motorista ter o carro roubado, atacado por um bandido de arma em punho, podendo ser ferido ou morto, é duas vezes maior do que ocorrer um furto (quando o ladrão leva o veículo sem o dono estar presente). Nem em São Paulo nem no Rio este risco é tão elevado assim.
Entre as três capitais, a Cidade Maravilhosa já esteve na ponta desse ranking de 2004 e 2006, mas agora ocupa o terceiro posto. Especialistas justificam a queda nos índices do Rio de Janeiro como fruto de investimentos em segurança pública e na melhorias dos organismos de trânsito e na fiscalização em desmanches clandestinos.
Já São Paulo, que apresentava os melhores índices entre as três cidades e hoje quase empata com Porto Alegre, enfrenta uma onda de violência desde 2012, após experimentar quedas nos índices de criminalidade durante os 11 anos anteriores.
Conforme o analista criminal paulista Guaracy Mingardi, um dos problemas em São Paulo é a baixa produtividade das polícias na retirada das quadrilhas das ruas.
— Investigação e fiscalização é que levam a baixar os índices — afirma Mingardi.
Mas por que Porto Alegre é líder? Um das explicações seria a proliferação cada vez maior de quadrilhas oriundas de cidades vizinhas, especializadas neste tipo de crime. Outro motivo pode ser as deficiências de prevenção.
Este ano, em relação a 2011, a Brigada Militar reduziu em dois terços o número de inspeções em desmanches no Estado, e em 20% o número de veículos fiscalizados. E a Polícia Civil conta com apenas duas delegacias especializadas em reprimir furtos e roubos de veículos na Região Metropolitana (uma em Porto Alegre e outra em Canoas, inaugurada em janeiro).
A Lei dos Desmanches, que visa a sufocar a compra e venda de autopeças furtadas e roubadas, recém começou a entrar em prática, após seis anos de vigência, em dois (em São Leopoldo e Sapucaia do Sul) dos 120 estabelecimentos credenciados pelo Detran. E o "cercamento" da Capital com câmeras de vigilância adaptadas a sensores que identificam carros em situação irregular segue no papel há mais de um ano.
CONTRAPONTOS
O que diz o delegado Arthur Teixeira Raldi, da Delegacia de Repressão a Roubo de Veículos (DRV) do Departamento Estadual de Investigações Criminais
Não tive acesso aos números de Rio e São Paulo para comentar sobre eles. Em Porto Alegre e cidades vizinhas, a maior dificuldade é manter as quadrilhas presas. A legislação penal é branda, e os criminosos ficam pouco tempo atrás das grades. E, quando voltam para as ruas, montam os seus próprios bandos, arregimentando outros criminosos. Em 2012, só a DRV prendeu cerca de 120 pessoas. Em oito meses deste ano, já foram capturados 110 criminosos. Isso mostra o crescimento das quadrilhas. A Chefia de Polícia Civil tem projeto para aumentar o número de delegacias para combater os furtos e os roubos de veículos.
O que diz o delegado Arthur Teixeira Raldi, da Delegacia de Repressão a Roubo de Veículos (DRV) do Departamento Estadual de Investigações Criminais
Não tive acesso aos números de Rio e São Paulo para comentar sobre eles. Em Porto Alegre e cidades vizinhas, a maior dificuldade é manter as quadrilhas presas. A legislação penal é branda, e os criminosos ficam pouco tempo atrás das grades. E, quando voltam para as ruas, montam os seus próprios bandos, arregimentando outros criminosos. Em 2012, só a DRV prendeu cerca de 120 pessoas. Em oito meses deste ano, já foram capturados 110 criminosos. Isso mostra o crescimento das quadrilhas. A Chefia de Polícia Civil tem projeto para aumentar o número de delegacias para combater os furtos e os roubos de veículos.
Confira as dicas de segurança do delegado:
O que diz o coronel da Brigada Militar João Godoi, chefe do Comando de Policiamento da Capital
Estamos com toda nossa estrutura disponível nas ruas para combater os ladrões de carros, especialmente na área do 11º Batalhão de Polícia Militar _ responsável pelo patrulhamento em parte da zona norte e bairros mais afetados_ em uma luta incessante contra este tipo de crime. O 11º BPM tem feito ações e obtidos bons resultados com a prisão de quadrilhas. A Polícia Civil também também tem feito a sua parte. Este ano é atípico, com manifestações quase que diárias, e mobilizamos recursos desde a madrugada. Por vezes, não conseguimos executar todas as operações planejadas.
Estamos com toda nossa estrutura disponível nas ruas para combater os ladrões de carros, especialmente na área do 11º Batalhão de Polícia Militar _ responsável pelo patrulhamento em parte da zona norte e bairros mais afetados_ em uma luta incessante contra este tipo de crime. O 11º BPM tem feito ações e obtidos bons resultados com a prisão de quadrilhas. A Polícia Civil também também tem feito a sua parte. Este ano é atípico, com manifestações quase que diárias, e mobilizamos recursos desde a madrugada. Por vezes, não conseguimos executar todas as operações planejadas.
ZERO HOR
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