sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Manual de autoajuda para deputados


by Eberth Vêncio
Se conselho fosse deputado, o povo não dava, comprava.
De gente boa, o plenário e o inferno estão lotados.
O que outras pessoas pensam de ti — embora seja a mais pura verdade — não é da conta deles, mas sim, da polícia federal.
Não leves as escutas telefônicas tão a sério. Sem a devida autorização judicial, valem menos que discurso de vice-presidente num feriado da Independência.
Se não puderes destacar pelo talento, bajula os vaidosos, cria uma ONG de fachada ou arruma um cargo comissionado no governo.
Se alguém esbofetear a tua face esquerda, oferece a ele um cruzado de direita bem no queixo.
Sê frio e calculista: se deputados lessem poesia, não seriam deputados. Para parlamentares homofóbicos de verdade, a meiguice é pura viadagem.
A pressa é inimiga da votação secreta. O conchavo é um prato que se come frio.
Cavalo dado não se olha os dentes. Aceita o agradinho, que é de bom coração.
Põe tento. Contas secretas num paraíso fiscal engordam é com o olhar do dono.
Político velho não mete a mão em cumbuca.
Plenário cheio é oficina do diabo.
Sossega. A cassação não chega na véspera.
A mão que balança o berço é a mesma que recebe um terço em propina.
Atrás de um grande homem há sempre uma grande sombra.
A César o que é de César, e adeus a Deus.
Antes calar que mal delatar.
Em cada cabeça de juiz do supremo, uma sentença.
Nunca digas: nesta emenda eu não votarei.
Quem tem boca de urna vai eleito. Roma é só consequência.
Diga-me com quem faz alianças que eu direi o que tu és.
Eu não te disse? Nada como um mensalão após o outro.
Se um dia te sentires fraco, a vacilar, abra o cofre e sinta a gostosa fragrância de um maço de dólares novinhos.
Nunca arrependas dos conluios que fizeste, mas dos que deixaste de fazer.
Quem ama dinheiro cuida. Cuida do dinheiro, é claro.
Vão-se os dedos, ficam os anéis. Afinal, a mão não é tua mesmo.
Emenda parlamentar oportunista no projeto dos outros é refresco.
Pra político velho o remédio é partido novo.
Rir da cara do povo é o melhor remédio.

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