sexta-feira, 12 de julho de 2013

Será possível haver democracia em algum país árabe?


Soldado faz segurança durante manifestação em frente ao prédio da Guarda Republicana no Cairo Foto: LOUAFI LARBI / REUTERS
Carlos Newton
Esta é a pergunta do momento, em função do golpe de estado no Egito. Na verdade, em todos os países árabes há um inequívoco envolvimento entre política e religião, além de divergências peculiares em termos de etnias, variando de país para país.
Desde 1952, quando foi deposto o rei Farouk, o Egito vive sob uma ditadura militar moderada, se é que podemos dizer assim. Gama Nasser, Anwar Sadat e Hosni Mubarak se sucederam como líderes militares que não permitiam a existência de uma oposição que os ameaçasse. E o Egito foi crescendo e se desenvolvendo, graças ao turismo e à uma permanente ajuda financeira dos EUA.
Nasser morreu no poder em 1971, seu vice-presidente Sadat assumiu e dez anos depois foi assassinado num  atentado cometido pelo grupo Jihad Islâmica, que se opunha ao acordo de paz com Israel e à entrega da Faixa de Gaza para o Estado Judeu. Foi sucedido pelo seu vice-presidente Hosni Mubarak.
RETROCESSO
Depois da Primavera Árabe, que derrubou Mubarak há dois anos, o primeiro presidente eleito, Mohamed Morsi, não era um político propriamente dito, mas um líder religioso da Irmandade Muçulmana, facção islâmica majoritária no Egito. Sua eleição foi um retrocesso, porque o Egito era um dos países árabes mais ocidentalizados (o outro é o Líbano).
Se fizerem eleição, a Irmandade Muçulmana certamente ganhará de novo. Por isso, tudo indica que o país mergulhará em outra ditadura militar, só que não será moderada nem ocidentalizada. Para se garantir no poder, os militares terão de agir com rigor contra os líderes islâmicos. Já mandaram prender o líder da Irmandade Muçulmana, e a situação tende a se radicalizar ainda mais.
Não há a menor expectativa de paz, o turismo vai acabar e o país entrará numa decadência total. É isso que ocorrerá. Como já previmos aqui desde a Primavera Árabe, há dois anos, o Egito ainda vai sentir saudades de Mubarak.
Ainda não é possível haver democracia no mundo árabe, infelizmente. O Líbano está tentando, mas lá também existe um retrocesso. Mesmo assim, vamos torcer para dar certo.

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