sexta-feira, 12 de julho de 2013

A bola de cristal do marqueteiro João Santana e suas erradas


Acílio Lara Resende (O Tempo)
O governo Dilma, por meio da presidente e de seus 39 ministros, insiste em dar respostas erradas às manifestações de rua. E quem mais exerce influência sobre os erros da presidente é o marqueteiro João Santana, regiamente pago por nós. Agarrado à sua bola de cristal, o esperto baiano lhe garantiu (e ao co-presidente Lula) que, em breve, ela voltará a um “patamar de aprovação muito parecido com o de março”.
Não sei se é por isso, mas o clima que tomou conta do governo, em Brasília, é o de “barata voa”. Ninguém se entende com ninguém. Estão todos batendo de testa. Perdidinhos. A proposta de reforma política, por exemplo, por meio de plebiscito (de competência privativa do Congresso Nacional), para valer já nas eleições de 2014, na certeza de que, com essa iniciativa populista, estaria atendendo o pedido das ruas, teve destino idêntico ao da Constituinte exclusiva.
A presidente e seu partido não entenderam, ou fingem que não entenderam, até agora, o que de fato quer o povo brasileiro, que encheu o saco depois que se viu abusivamente desrespeitado.
Não entenderam que, espalhado no ar, há um clamor por transparência e participação. Não entenderam que o que ele deseja dizer aos políticos é que o governo não é deles, é do povo. Que os elegeu. Que os paga. Que, afinal, apenas defende mais democracia.
Cansado, nas ruas, reagiu ao paradeiro do mensalão; à reeleição de Renan Calheiros; à PEC 37; à “cura gay”; ao número absurdo de ministérios; ao grande número de cargos; à educação horrorosa; à péssima saúde; à ausência total de mobilidade urbana; à falta de transportes; aos custos das “arenas” de futebol que excluíram os pobres; à insegurança; à criminalidade; à corrupção atrevida e deslavada; à farra com o dinheiro público; ao custo altíssimo com os três Poderes; ao serviço da Justiça, que não anda; à inflação de volta; à cruel ideia desenvolvimentista fundada no consumismo; aos serviços públicos abaixo da crítica; à falta de habitação; aos impostos altos etc., e, por fim, aos jatinhos da FAB que levam políticos e família aos jogos da Copa das Confederações. Ou seja, atingiu, enfim, os seus limites!
E, agora, depois da constituinte exclusiva, do plebiscito e da proposta inócua e demagógica de transformar o crime de corrupção em crime hediondo (como se só isso condenasse o criminoso…), que poderá ser votada brevemente no Congresso, “o Brasil vai à ONU contra a espionagem dos EUA”, diz  O Globo. “A pátria está salva, vamos declarar guerra aos EUA”, entreouviu, em Brasília, o chargista Chico, no mesmo jornal, da boca, sobretudo, do senador Renan Calheiros, reeleito presidente do Senado contra mais de 1,5 milhão de brasileiros revoltados. “A posição do Brasil nessa questão é muito clara e firme”, disse a presidente (como se todos, de uma maneira ou de outra, não espionassem a todos…): “Não concordamos de maneira alguma com interferência dessa ordem, não só no Brasil como em qualquer outro país”, desabafou ela, realmente convicta e emocionada, após pedir ajuda à Polícia Federal.
Por fim, a discutível medida provisória editada pela presidente: a partir de 2015, os estudantes de medicina terão de atender durante dois anos pelo SUS para que possam concluir a sua formação. O modelo, copiado do britânico e do sueco, visa melhorar a formação do médico brasileiro, mas não esconde o ranço autoritário. Tudo bem. Mas, e as respostas às ruas, presidente?
Por falar em ruas, cadê o co-presidente Lula?

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