Carla Kreefft (O Tempo)
A confusão é tanta que até as lideranças aliadas da presidente Dilma Rousseff confessam discretamente que já andam com medo que a petista volte a pedir apoio para mais alguma iniciativa. É que todas as últimas movimentações da presidente no sentido de reduzir os impactos dos protestos que ocuparam as ruas do país foram mal-sucedidas.
Em um primeiro momento, pode-se ter a impressão de que Dilma Rousseff esteja sendo mal-assessorada. É uma hipótese que não pode ser descartada. Mas, diante da rapidez com que algumas medidas estão sendo anunciadas e do perfil já conhecido da petista, também é possível entender que ela anda dispensando opiniões de seus auxiliares mais próximos para tomar decisões sozinhas.
Um fato chama a atenção nesse contexto. Nenhum integrante do governo caiu até o momento. Sinal evidente de que não existe um culpado, alguém que esteja fazendo o aconselhamento à presidente e assumindo a responsabilidade pelas decisões. Em outras palavras, Dilma não tem um bode expiatório, não tem ninguém para demitir além dela mesma. Assim, paga o ônus de quem decide definir políticas e estratégias de forma solitária.
Até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece ter ficado fora do circuito das decisões do governo federal sobre a crise. Mas, para além da postura centralizadora e autoritária de Dilma, mais alguns fatores podem ter influenciado a escolha de assumir para si toda a responsabilidade de gerir a solução para o impasse das ruas.
DILMA E O PT
Nos bastidores, a informação é que Dilma já estaria incomodada com algumas interferências do PT em assuntos internos do governo e, por isso, já teria decidido se afastar dessas influências. Ela também teria reclamado do fato de o seu partido, o PT, não ter percebido e a alertado para o que estava acontecendo nos movimentos sociais e na internet. Para lideranças petistas, ela teria dito que o partido estava muito mais longe das ruas e das lutas populares do que ela própria.
Em outras palavras, a lua de mel entre Dilma e o PT já estava praticamente terminada quando as manifestações chegaram às ruas. Entretanto, a dúvida que aparece diz respeito a Lula. Para muitos dos apoiadores do governo federal, não é possível imaginar que Dilma e Lula não tenham conversado muito sobre os protestos e os seus respectivos reflexos na aprovação do governo e da presidente.
Esses aliados afirmam que Dilma e Lula erraram muito nas avaliações que fizeram. Porém, para outro grupo de apoiadores, ex-presidente e presidente não chegaram a debater o assunto de forma ampla. Do que ninguém tem certeza é o motivo pelo qual o diálogo não teria acontecido. Pelo menos um deles não quis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário